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19/09/2014 

Arqueólogos examinam objetos encontrados na base de Xambioá

Desde segunda-feira (15/09), uma equipe formada por 7 arqueólogos está realizando escavações na área que abrigou a base militar de Xambioá durante a repressão à Guerrilha do Araguaia (TO). Essa é uma das pesquisas realizadas pelo Grupo de Trabalho Araguaia que, desde o dia 11 de setembro, está na região para investigar os lugares onde possivelmente foram inumados corpos dos 62 militantes desaparecidos da Guerrilha do Araguaia que ainda não foram encontrados.

 
Escavações têm sido feitas na área desde 2009. Apenas a partir de 2012, através da metodologia de malha sistemática geométrica, uma técnica utilizada pelos arqueólogos para entender a dispersão de materiais no terreno e entender a circulação no ambiente, foi possível encontrar cerca de 20 concavidades no terreno, ocupadas por lixos descartados da época, como restos de camas de campanha, botas, material médico-hospitalar, cartuchos de bala, entre outros. 
 
“O nosso objetivo inicial é construir a planta do local, para entender como o espaço estava organizado e assim fazermos a busca pelos restos mortais de maneira mais precisa”, explica o arqueólogo Rafael Souza, responsável pelo trabalho de prospecção arqueológica da expedição.  
 
Na opinião de Souza, as concavidades encontradas já são um forte indício de que certamente corpos foram enterrados no terreno da base. “Acreditamos que, no mínimo, quatro pessoas podem ter sido enterradas por aqui”, analisa. Há pouca certeza, no entanto, de que os restos mortais ainda possam estar no local.
 
Arqueólogos examinam base de Xambioá
Além da base de Xambioá, a base do morro do Urutu, localizado na Serra das Andorinhas, será explorada também pelos arqueólogos, que iniciaram ontem (18/09) as escavações no local. Essa será a primeira vez que essa área será explorada. Há relatos de que corpos de pessoas teriam sido jogados no precipício. “A dificuldade de exploração desse local é que se trata de um desfiladeiro, numa área íngreme e extensa. É como procurar uma agulha no palheiro”, explica Souza. 
 
Finalizados os trabalhos de escavações, no dia 24 de setembro, os arqueólogos definirão um planejamento para a continuidade dos trabalhos em 2015. 
 
Sobre a Base de Xambioá
A base de Xambioá foi montada de maneira provisória no começo da década de 70, na zona rural do município. Na época, tropas do exército se instalaram em barracas de campanha no terreno e utilizaram a base como local para praticar atos extremamente violentos contra vários camponeses e militantes políticos.
 
Conhecida como um dos mais cruéis locais de tortura da região,  há relatos de que vários camponeses e militantes da Guerrilha do Araguaia tenham passado pela base, que alguns dos habitantes locais denominaram de “casa da judiaria”. 
 
Grupo de Trabalho Araguaia
Funcionando desde 2011, o Grupo de Trabalho Araguaia (GTA) surge em substituição ao Grupo de Trabalho Tocantins, que vigorou de 2009 a 2010. O GTA, cuja missão é buscar os restos mortais dos 62 desaparecidos da Guerrilha do Araguaia ainda não identificados teve, a princípio, a coordenação dividida entre o Ministério da Defesa, o Ministério da Justiça e a Secretaria de Direitos Humanos (SDH). Recentemente, atendendo a uma reivindicação antiga dos familiares dos mortos e desaparecidos políticos e a uma determinação judicial, foi publicada uma nova portaria que coloca o GTA sob a coordenação exclusiva da SDH. Os apoios logístico e técnico ficam a cargo do Ministério da Defesa e do Ministério da Justiça. A expedição de 2014 é a primeira expedição que acontece com essas novas características. No total, 27 restos mortais já foram exumados pelo GTT e pelo GTA e aguardam exame de DNA para serem identificados.

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