Nome: ANTÔNIO BENETAZZO
Pai: Pietro Benetazzo
Mãe: Giulietta Sguazzardo Benetazzo
Idade quando desaparecido:
Natural de Verona, na Itália, foi educado por seus pais no espírito de oposição ao nazismo e ao fascismo que dominavam a Europa quando de seu nascimento, em 1941. A família migrou para o Brasil em 1950, quando Benetazzo tinha nove anos. Passou o resto da infância entre as cidades de Caraguatatuba e São Sebastião, no litoral paulista, e cursou o Colegial em Mogi das Cruzes, onde atuou no grêmio de representação estudantil. Ingressou no PCB em 1962 e participou ativamente do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Considerado muito inteligente por todos os seus colegas, cursou simultaneamente Filosofia e Arquitetura, ambos na USP, sendo mais conhecido como “Benê”. Foi presidente do Centro Acadêmico do Curso de Filosofia, sendo também professor tanto na disciplina História quanto em Educação Artística. Ensinando em diferentes cursos de preparação para vestibulares universitários, especialmente no Cursinho Universitário, Benetazzo procurava transmitir a seus alunos uma visão crítica da História e da realidade.
Foi um dos idealizadores de um dos primeiros jornais alternativos do período da ditadura militar – O Amanhã, precursor da chamada imprensa nanica. Mantinha diversificada atividade cultural, tendo participado como ator do filme Menina Moça, de Francisco Ramalho Jr., gravado em super 8. Foi cenógrafo de Anuska, Manequim e Mulher, do mesmo diretor, tendo no elenco Francisco Cuoco, Jairo Arco e Flexa, Ruthinéa de Moraes e Marília Branco. Benetazzo também se dedicava à pintura e à fotografia. É dele a capa do primeiro livro do escritor Mário Prata - O morto que morreu de rir, publicado em 1969. A revista oficial de debate e cultura do PT, Teoria e Debate, também trouxe em uma de suas capas uma pintura desse militante e artista. Em 1967, Benetazzo desligou-se do PCB, passando a integrar a DISP – Dissidência Estudantil de São Paulo, vinculando-se em 1969 à ALN. Participou do 30° Congresso da UNE, em Ibiúna, em 1968. Em julho de 1969, deixou a universidade e as escolas em que lecionava, passando a atuar na clandestinidade. Viajou para Cuba, recebeu treinamento militar e retornou ao Brasil em 1971, integrado ao MOLIPO, sendo o redator do jornal Imprensa Popular, órgão oficial da organização, e membro de sua direção.
Antônio Benetazzo foi preso em 28/10/1972, ao entrar na casa do torneiro mecânico, também militante político, Rubens Carlos Costa, na Vila Carrão, em São Paulo, que seria uma espécie de armeiro do Molipo, segundo informações dos órgãos de segurança. Foi levado ao DOI-CODI/SP, onde permaneceu até ser morto. A versão oficial, divulgada no dia 2 de novembro, foi a de que teria indicado aos agentes um encontro com companheiros na rua João Boemer, no Brás, em São Paulo e que, chegando ao local, teria se jogado sob as rodas de um caminhão. Foi enterrado como indigente, no Cemitério de Perus, no dia 31, dois dias antes da divulgação da sua morte.
O laudo de necropsia, assinado, por Isaac Abramovitc e Orlando J. B. Brandão, concluiu que o examinado faleceu em virtude de choque trau- mático por politraumatismo. Estranhamente, na foto de seu corpo não aparecem deformações na fisionomia que necessariamente seriam provocadas pelas fraturas descritas no crânio. Não há escoriações. Tampouco o laudo descreve qualquer marca de borracha dos pneus ou sujeira nas vestes, assim como não menciona um grande hematoma na pálpebra, perfeitamente visível na única foto do cadáver localizada nos arquivos secretos do DOPS/SP.
O relator do processo na CEMDP apresentou voto favorável ao deferimento do caso, considerando a prisão e o suposto suicídio condições perfei- tamente enquadradas nos dispositivos para inclusão nos benefícios da Lei no 9.140/95. Nilmário Miranda e Suzana Lisbôa fizeram constar em ata a certeza de que Antônio Benetazzo fora preso e morto sob torturas, sendo falsa a versão oficial de suicídio. Uma pequena praça localizada atrás do MASP – Museu de Arte de São Paulo, nas imediações da avenida Paulista, em São Paulo, foi batizada com o seu nome.
Atualize o Flash Player