Nome: ARILDO AIRTON VALADÃO
Pai: Altivo Valadão
Mãe: Helena Almokdice
Idade quando desaparecido: 25 anos
Arildo estudou em Cachoeiro do Itapemirim (ES) até a conclusão do colegial. Seguiu então para o Rio de Janeiro, em 1968, para estudar Físi-ca na Universidade Federal do Rio de Janeiro, tornando-se presidente do Diretório Acadêmico do Instituto de Física. Na faculdade conheceu Áurea Elisa Pereira, também desaparecida no Araguaia, com quem se casou em fevereiro de 1970. Moravam num pequeno apartamento no Catete e se mantinham com uma bolsa de estudos do CNPq e com o que ganhava como monitor de classe.
Além de participarem das atividades do Movimento Estudantil, incorporaram-se ao PCdoB, sempre em companhia de um terceiro desapa-recido do Araguaia, colega na mesma faculdade: Antônio de Pádua Costa, o Piauí. Para o casal, a vida na clandestinidade começou após a invasão de seu apartamento pelos órgãos de segurança. Arildo e Áurea foram viver no Araguaia no segundo semestre de 1970, estabelecen-do-se na região de Caianos e integrando-se ao Destacamento C da Guerrilha. Embora não tivesse formação em Odontologia, Arildo extraía dentes e fazia pequenos atendimentos.
Segundo o relatório Arroyo, “no dia 24, quando voltavam de um contato com a massa, os companheiros Ari (Arildo), Raul e Jonas pararam próximo de uma grota. Ari e Raul se aproximaram da grota para melhor se orientarem. Jonas ficou de guarda, perto das mochilas. Ouviu-se um tiro e Ari caiu. Em seguida ouviram-se mais dois tiros. Raul correu. O comando do Destacamento BC, que também ouvira os tiros, enviou quatro companheiros para pesquisar o que teria havido. Logo adiante, esses companheiros encontraram o corpo de Ari sem a cabeça. Sua arma, rifle 44, seu bornal e sua bússola tinham sido levados. As mochilas de Ari, Jonas e Raul estavam lá. Raul voltou pela manhã ao acampa-mento e Jonas desapareceu”. Sua morte também é citada no comunicado nº 8 das Forças Guerrilheiras do Araguaia, com o nome de Ari.
O ex-colaborador do Exército, Sinésio Martins Ribeiro lembrou, em depoimento prestado em São Geraldo do Araguaia, em 19/07/01, que os guias usavam armas apreendidas pelos militares e descreveu as cenas em que as cabeças de três guerrilheiros foram cortadas: “(...) que o primeiro tiroteio do Exército foi no Pau Preto onde foi morto o Ari; que o depoente estava presente; que Ari não atirou; que Ari teve sua cabeça cortada e levada para a base do Exército em Xambioá; que nesse dia só havia uma equipe de cinco soldados, o comandante era o Piau e os guias eram Iomar Galego, Raimundo Baixinho e o depoente; que a grota do Pau Preto fica dentro do castanhal do Almir Moraes; que isto se deu num encontro casual, que não viram piseiro nem tiveram informações; que após a retirada da cabeça a colocaram num saco plástico e voltaram a pé, até a base do Paulista, na beira do Xambioazinho, junto a OP-2; que a cabeça foi entregue ao Dr. César, do Exército; (...)”.
O Relatório da Marinha, de 1993, estabelece como data da morte 24/11/74, provavelmente por equívoco a respeito do ano. O codinome Ari aparece também na relação de mortos do Relatório do Exército, igualmente apresentado ao ministro da Justiça naquele ano.
Elio Gaspari também descreve a decapitação de Arildo, em A Ditadura Escancarada, desenvolvendo os seguintes comentários: “A palavra maldita de Canudos e do Contestado chegara ao Araguaia. Poucas semanas depois da morte de Sônia, dois guerrilheiros acercaram-se de uma grota. Um era Ari (Arivaldo Valadão), veterano de três choques com as tropas. O outro, Jonas, um camponês de nome Abel, recrutado na região. Fora preso no final de 1972 e tinha o pai na cadeia. Outros combatentes que estavam nas vizinhanças ouviram três tiros. Apro-ximaram-se da grota e encontraram o corpo de Ari, sem a cabeça. A degola de Canudos, do Contestado e das volantes do cangaço também chegara ao Araguaia”1.
Participou do movimento estudantil durante os anos de 1967/70. Foi presidente do D.A. do Instituto de Física da UFRJ, juntamente com Áurea Elisa Pereira, sua esposa e Antônio de Pádua Costa. Com Áurea, foi viver na região de Caianos e pertencia ao destacamento C da Guerrilha2.
Biografia
1 BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p.
Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais
Processo: 00005.201777/2016-15
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.
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