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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: ANTÔNIO ARAUJO VELOSO
 
ANTÔNIO ARAUJO VELOSO

Nome: ANTÔNIO ARAUJO VELOSO

Pai: José Veloso

Mãe: Andrelina Araújo da Conceição

Idade quando desaparecido: 42 anos

Dôssie
341/96 e 123/04
Procedimento administrativo CEMDP
00005.201786/2016-14
Nome
ANTÔNIO ARAUJO VELOSO
Data de Nascimento
04/12/1934
Municipio de Nascimento
Bertulina (PI)
Codinome(s)
Sitônio
Status
Morto
Biografia

 

Antônio Araújo Veloso, camponês piauiense radicado na região do Araguaia, conhecido como Sitônio, foi preso em abril de 1972, durante a primeira campanha militar de repressão à guerrilha. Por sua convivência e amizade com os guerrilheiros, foi submetido a brutais torturas, que resultaram em seqüelas permanentes, resultando em sua morte em 31/08/1976, aos 41 anos. Seu nome nunca constou do Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos.

Sua viúva, Maria Raimunda da Rocha Veloso, conhecida como Maria da Metade, líder da organização das trabalhadoras rurais do Araguaia a partir da redemocratização, tornou-se um símbolo da luta dos familiares de mortos e desaparecidos, em especial pela dedicação no resgate da história dos guerrilheiros e na busca das sepulturas clandestinas.

O primeiro requerimento apresentado à CEMDP foi instruído com declarações de moradores de São Domingos do Araguaia (PA), informando que a morte ocorreu quatro anos após a prisão e decorreu dos maus tratos recebidos. O atestado de óbito indicava “morte natural, sem assistência médica”. Posteriormente, foi anexada ao processo uma declaração de Danilo Carneiro, um dos poucos militantes do PCdoB a ser preso no Araguaia e sobreviver. Em seu depoimento, conta que morava na casa de Antônio Araújo Veloso e que, depois de preso por integrantes do Exército, viu o amigo Sitônio também preso, “barbaramente ferido na cabeça, ouvidos e boca, por onde sangrava abundantemente”, aparentando estar com fraturas no corpo.

O relator do primeiro processo na CEMDP entendeu que o caso não preenchia os requisitos legais para reconhecimento da responsabilidade do Estado pela morte. Em sua avaliação, os documentos anexados não eram suficientes para a comprovação do “nexo de causalidade entre maus tratos sofridos durante a prisão, e a morte, ocorrida quatro anos depois”. Concluiu afirmando que a tortura sempre deixa seqüelas, ainda que de natureza psicológica, mas seria necessária “uma prova segura e técnica” de relação causa e efeito entre os maus tratos e o evento da morte. Votou pelo indeferimento do pedido.

A relatora do segundo processo apresentado esteve no Araguaia em 1996, em nome da CEMDP. Lá conheceu Maria da Metade, que relatou a prisão do marido pelo Exército em 1972, tão logo teve início a repressão aos guerrilheiros. Segundo ela, Antônio foi espancado desde o momento em que foi preso, levado para Marabá e mantido sob torturas por tempo indeterminado. Ficou dias sem água, sem comida, e foi obrigado a manter os pés sobre latas abertas de forma a transformar as bordas em lâminas cortantes. Maria da Metade testemunhou que os pés de Antônio não lhe obedeciam, seus rins não funcionavam, tornou-se inválido para o trabalho e o sustento da família.

Ao processo iniciado em 1996, foram anexadas declarações de José da Luz, lavrador que atestou ter presenciado a prisão e ajudado o casal a tirá-lo do cárcere. A testemunha afirmou, ainda, que depois de solto Antônio não teve mais saúde. O farmacêutico Abdias Soares da Silva, não só presenciou a prisão, como esteve encarcerado com Sitônio. Medicava Antônio com os recursos que tinha, mas não conseguiu livrálo das dores violentas que sentia nos rins, nos pés e “na própria alma”, conforme dizia. O agricultor José de Araújo Mota conduziu Sitônio até sua casa ao sair da prisão.

A relatora votou pela aprovação do requerimento, por entender que “esta é uma reparação moral indispensável para resgatar tanto a sua memória quanto a dignidade nacional”. O processo foi, então, aprovado por unanimidade1.

 

Local de morte/desaparecimento

 

São Domingos do Araguaia, PA. 

Circustância de morte/desaparecimento

 

Organização política ou atividade

 

Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
CD-009
Referências

 

Biografia

1 Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos - Brasília : Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p. 218-9;

 

Descrição (resumo do procedimento administrativo)
 

Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais


Processo: 00005.201786/2016-14
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.


Data do julgamento
02/08/2005
Resultado do julgamento
Deferido
Data da publicação no DOU
22/08/2005
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