Nome: Uirassu de Assis Batista
Pai: Francisco de Assis Batista
Mãe: Aidinalva Dantas Batista
Idade quando desaparecido: 22 anos
Nascido exatamente no mesmo dia, mês e ano que Custódio Saraiva Neto, divide com ele a condição de mais jovem entre todos os militan-tes do PCdoB deslocados para a região do Araguaia. Quarto filho em uma família de sete irmãos, Uirassu passou a infância e adolescência no interior da Bahia. Iniciou os seus estudos em Itapicuru, fez o curso primário em Rio Real e o ginasial em Alagoinhas. Em 1968, cursando o primeiro ano científico nessa cidade, iniciou a sua militância política no Movimento Estudantil e no PCdoB. Transferido em 1969 para o Colégio Central, em Salvador, teve uma participação ativa e decisiva no movimento secundarista. Fez parte da diretoria da ABES - Associa-ção Baiana dos Estudantes Secundaristas. No terceiro ano científico, sua participação foi tão intensa que passou a freqüentar muito pouco as aulas Mesmo assim, foi aprovado no vestibular na Universidade Federal da Bahia para a área de saúde. Em fevereiro de 1971, procurado pela Polícia Federal, optou pela militância clandestina.
Foi residir na localidade de Metade, no Araguaia. Pertencia ao destacamento A das Forças Guerrilheiras e usava o nome Valdir. Apesar de muito jovem, demonstrou grande capacidade de adaptar-se às novas condições.
O relatório do Ministério da Marinha, de 1993, registra que Valdir “foi morto em janeiro/74”, contrariando os muitos depoimentos já colhi-dos e transcritos nos dois casos anteriores. Em matéria publicada no jornal O Globo, em 29/04/96 consta que, “nas 54 fichas individuais, nas quais os arapongas do Exército concentravam os dados sobre cada suspeito de integrar a guerrilha, a informação de que Uirassu Assis Batista havia sido morto em 11 de janeiro – ‘em Brejo grande, próximo à Transamazônica’- pela equipe A1 foi riscada a caneta”.
As condições de sua prisão, portando feridas de leishmaniose foram também registradas por Taís Morais e Eumano Silva em Operação Araguaia: “Muito alegre e cheio de vida, gostava de freqüentar festas e conquistou a amizade dos companheiros e moradores da região. O camponês Antônio Felix da Silva viu Valdir, Antônio e Beto presos pelo Exército antes de serem executados, no dia 21 de abril de 1964. Valdir seguiu para o helicóptero pulando por causa das feridas de leishmaniose que lhe cobriam a batata da perna, e cantarolando. Os documentos da Marinha registram sua morte em abril de 1974”.
No site www.desaparecidospoliticos.org.br/araguaia estão arquivados vários depoimentos de moradores do Araguaia. Adalgisa Morais da Silva declarou em julho de 1996: “Eu vi o Valdir e o Beto, presos no helicóptero. Eles fingiam que não conheciam a gente e baixavam os olhos”. O depoimento de Antônio Félix da Silva, conhecido na região como Tota, já transcrito num caso anterior, acrescenta, especificamente a respeito de Uirassu: “por volta das 7 horas da manhã, do dia 21.04.1974, o declarante viu Antônio, Valdir e Beto sentados em um banco na sala da casa, com os pulsos amarrados para trás com uma corda fina, parecendo ser de nylon; que o declarante viu um militar se comunicando pelo rádio; que, por volta das 9 horas da manhã, chegou o helicóptero que levou os militares e os três prisioneiros; que o declarante apenas percebeu que Valdir estava ferido, parecendo ser um lecho (leishmaniose) na batata de sua perna, que atingia metade da mesma, tendo difi-culdade para andar até o helicóptero;(...)”1.
Teve destacada atuação no movimento estudantil secundarista na Bahia. Perseguido, foi residir na localidade denominada Metade. Apesar de muito jovem, demonstrou grande capacidade de adaptar-se às novas condições. Com seu gênio alegre, cativou facilmente a amizade dos companheiros e moradores da região. Freqüentava todas as festas da vizinhança, onde gostava de dançar e participar das brincadeiras, como pau de sebo, corrida de saco e outras.Pertencia ao Destacamento A da Guerrilha.
Biografia
1 BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p.
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