Nome: TELMA REGINA CORDEIRO CORREA
Pai: Luiz Durval Cordeiro
Mãe: Celeste de Almeida Cordeiro
Idade quando desaparecido:
Nascida no Rio de Janeiro, Telma era casada com Elmo Corrêa e cunhada de Maria Célia Corrêa, igualmente desaparecidos no Araguaia. Foi estudante de Geografia em Niterói, na Universidade Federal Fluminense, de onde foi expulsa em 1968 pelo Decreto-Lei 477, devido a sua militância nas atividades do Movimento Estudantil. Militante do PCdoB, foi deslocada para a região do Araguaia em 1971, junto com o marido, indo morar nas margens do rio Gameleira. Ali, era conhecida como Lia e seu marido como Lourival. Integraram o Destacamento B das Forças Guerrilheiras do Araguaia. Segundo depoimentos colhidos junto à caravana de familiares na região, em 1981, pelo advogado paraense e representante da OAB, Paulo Fontelles (também ex-preso político, dirigente estadual do PCdoB e assassinado em 1987 por sua militância na denúncia dos crimes prati-cados por latifundiários no sul do Pará), Telma teria sido presa em São Geraldo do Araguaia (PA) e entregue a José Olímpio, engenheiro do DNER que trabalhava para o Exército. Passou a noite amarrada no barco desse funcionário, que a entregou aos militares em Xambioá.
José Ferreira Sobrinho, o Zé Veinho, lavrador de idade avançada declarou aos familiares: “Só vi presa a Lia (Telma Regina Corrêa), que se en-tregou lá no Macário e foi presa. Aí o Macário mandou chamar o Zé Olímpio. Ela dormiu no barraco do Zé Olímpio, que era uma pessoa deles, do Exército. Ela tava sozinha. Disse que tava com um revólver 38 e um facão. Parece que o marido dela era chamado Lourival, esse dizem que tinham matado ele lá no Carrapicho. Isso foi no final. Ela falou que tavam as duas. A Valquíria mais ela. Depois a Polícia foi para ela achar a outra. Ela não achou. Depois eu soube que pegaram essa outra... O Amadeu, um negro, morador, ajudou-as. Foi preso e muito espancado. (...) A Lia não sabia que tinham matado o marido dela. Quando ela foi presa, o Zé Olímpio trouxe ela para a base de Xambioá”.
Em 26/03/2007, o jornalista Leonel Rocha publicou no Correio Braziliense uma versão Raimundo Antônio Pereira de Melo, formado em 1974 no 52º Batalhão de Infantaria de Selva, hoje com 53 anos, conta uma história com-pletamente diferente para o desaparecimento de Telma, responsabilizando exatamente o capitão Pedro Correia Cabral, da Aeronáutica. Esse oficial já escreveu um livro sobre o Araguaia, foi capa da revista Vejae prestou contundente depoimento à Comissão de Direitos Humanos Veja e prestou contundente depoimento à Comissão de Direitos Humanos Vejada Câmara dos Deputados, com chocantes revelações sobre a “Operação Limpeza”, determinada pelos altos poderes da República, em Brasília. Cabral sustenta que participou pessoalmente, como piloto de helicóptero, de uma missão hedionda de transporte de cadáveres de guerrilheiros, exumados após muitos meses e, portanto, já em adiantado estado de decomposição, para incineração no topo da Serra das Andorinhas numa fogueira onde se entremeavam restos mortais de combatentes e pneus.
Nessa matéria, Leonel Rocha apresenta como data do desaparecimento 7 de setembro: “Melo recorda-se da tarde do 7 de setembro de 1974. Ele estava de guarda junto com dois colegas xarás, Raimundo Lopes de Souza e Raimundo Almeida dos Santos, quando chegou à base do Exército, em Xambioá, a guerrilheira Lia. Era o codinome de Telma Regina Cordeiro Corrêa. Eles vigiaram a militante do PCdoB durante toda a noite. Melo relembra que ela só bebeu água antes de dormir. No dia seguinte pela manhã e armados com fuzil FAL, Melo e os colegas levaram Lia algemada e encapuzada para embarcar em um helicóptero. A prisioneira foi entregue viva ao então capitão Cabral.
O antigo soldado anotou a numeração do fuzil que usava no dia (106361) e a identificação do helicóptero (VH 1H) que transportou a guerri-lheira. Ele temia que um dia pudesse ser acusado de alguma irregularidade por ter sido o carcereiro de Lia. O ex-recruta conta que o capitão Cabral recebeu Lia presa, levantou vôo e retornou com o helicóptero vazio à base de Xambioá apenas 20 minutos depois. Segundo Melo, o oficial disse, na ocasião, que tinha levado a mulher para Brasília, a cerca de mil quilômetros de distância. ‘Entregamos a presa viva ao oficial. Ele é quem tem de dar conta do corpo até hoje desaparecido’, diz Melo. Segundo informações das Forças Armadas, Lia teria sido morta em combate em janeiro de 1974, oito meses antes de Melo tê-la vigiado e entregue ao oficial Cabral. ‘Estamos dispostos a testemunhar que entregamos a guerrilheira viva ao capitão’, promete Melo”.
Anteriormente, em 1974, a revista IstoÉjá tinha publicado matéria de Leandro Loyola que aponta a data de setembro para o desapareci- IstoÉ já tinha publicado matéria de Leandro Loyola que aponta a data de setembro para o desapareci- IstoÉ mento, a partir da mesma fonte: “Quatro meses depois, no final da tarde de 7 de setembro, chegou Lia. Estudante de Geografia, ela estava na luta havia três anos com o marido, Elmo Corrêa, estudante de Medicina. Já viúva, Lia foi presa junto com a guerrilheira Dinalva Oliveira Teixeira, a Dina, em São Geraldo, às margens do Rio Araguaia.
Lia desceu do helicóptero encapuzada. Foi amarrada em um pau atrás da casa de comando da base. À meia-noite, depois do interrogatório dos oficiais, o soldado Raimundo Pereira foi chamado para montar guarda. ‘Ela chorava muito’, conta ele. Até as 4 horas da manhã, Lia só conseguiu cochilar um pouco. Pediu água, contou que era estudante e disse ser solteira. Depois suplicou para Raimundo amarrá-la sentada. Dormiu com a cabeça para trás. Na manhã do dia 8 foi encapuzada de novo e escoltada por dois soldados até a pista de pouso, onde entrou em um helicóptero. Meia hora depois o helicóptero voltou. Sem ela”. em um helicóptero. Meia hora depois o helicóptero voltou. Sem ela”. em um helicóptero. Meia hora depois o helicóptero voltou. Sem ela.”
No relatório apresentado pelo Ministério da Marinha, em 1993, ao ministro da Justiça Maurício Corrêa, a data registrada para a morte de Telma, no entanto, é janeiro de 19741.
Estudante de Geografia da Universidade Federal Fluminense. Participou do movimento estudantil. Morou no Araguaia na região do Gameleira e pertencia, juntamente com seu marido Elmo, ao Destacamento C da guerrilha.
Biografia
1 BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p.
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