Nome: SUELY YOMIKO KANAYAMA
Pai: Yutaka Kanayama
Mãe: Emi Kanayama
Idade quando desaparecido: 25 anos
Primeira filha de um casal de imigrantes japoneses, nasceu em Coronel Macedo, no interior paulista. Aos quatro anos de idade, Suely mudou-se com sua família para Avaré. Em 1965, mudou-se novamente para a capital paulista, residindo em Santo Amaro e concluindo o curso colegial em 1967 na escola Albert Levy. Ingressou em seguida na USP, onde foi aprovada para Licenciatura em Línguas Portuguesa e Germânica. Em 1968 e 1969, além do currículo regular, cursou Japonês como matéria opcional. Foi liderança estudantil naquela faculdade. Matriculou-se pela última vez na USP em 1970 e chegou à região do Araguaia em fins de 1971, já militante do PCdoB, ficando conhecida como Chica. No início, preocupou seus companheiros porque, apesar de segura de suas convicções políticas, era “muito baixinha e magrinha”. Mas, aprendeu rapidamente a trabalhar como lavradora, a andar na mata com sua mochila de 20 quilos às costas, a caçar e enfrentar todos os obstáculos.
O relatório do Ministério do Exército, de 1993, registra que “Em 1974, cercada pelas forças de segurança, foi morta ao recusar sua rendição”. O relatório do Ministério da Marinha, do mesmo ano, afirma que foi morta em setembro de 1974, acrescentando: “pertencia ao grupo Gameleira/Dest. B. Era auxiliar do setor de saúde e tinha como chefe João Carlos Haas Sobrinho (Juca). Fez parte do grupo de observação, no treinamento de emboscadas. Fez treinamento de tiro, deslocamentos através do campo e sobrevivência. Era péssima nos deslocamentos, onde perdia noção de orientação.”
Elio Gaspari menciona, em A Ditadura Escancarada, o depoimento de José Veloso de Andrade, da lanchonete da Bacaba, informando que viu Suely entre os sete presos que encontrou, vivos, naquele acampamento militar.
Segundo a reportagem Yumiko a nissei guerrilheira, publicada no Diário Nippak, de São Paulo, em 28/07/79, “S Diário Nippak, de São Paulo, em 28/07/79, “S Diário Nippak uely foi morta com rajadas de metralhadoras disparadas por diversos militares, que deixaram seu corpo irreconhecível. Foi enterrada em Xambioá e seus restos mortais foram posteriormente exumados por pessoas que não foram identificadas. Morreu aos 25 anos, dos quais 3 dedicados à guerrilha, em defesa da causa que acreditava justa – a liberdade”. A matéria informa também que, “além desses dados, pouco mais se sabe de sua vida. (...) Tudo o que se referia a Suely Yumiko parece ter sido apagado, nem mesmo seus documentos na faculdade se pode encontrar, além dos pedidos de matrículas e que era portadora de identidade RG - 4.134.859, mas o espaço para a fotografia está em branco”.
Sobre a ocultação do cadáver de Suely, o coronel da Aeronáutica Pedro Cabral afirmou em entrevista à revista Veja, em outubro de 1993: “Suely havia sido morta no final de 1974. Seu corpo estava enterrado num local chamado Bacaba, onde, sob a coordenação do Centro de Informações do Exército, foram construídas celas e se interrogavam os prisioneiros. Durante a operação limpeza, sua cova foi aberta e o corpo de Suely desenterrado. Intacto, sem roupa, a pele muito branca não apresentava nenhum sinal de decomposição, apenas marcas de bala. Desenterrado, o corpo de Suely foi colocado num saco plástico e levado até meu helicóptero que o transportou para um ponto ao sul da Serra das Andorinhas, a 100 km de distância. Ali fizeram uma pilha de cadáveres também desenterrados de suas covas originais. Cobertos com pneus velhos e gasolina, foram incendiados”.
No site www.desaparecidospoliticos.org.br são apresentados inúmeros outros depoimentos sobre a vida e morte de Sueli. Napoleão Sabino de Oliveira, ex-mecânico de vôo do Douglas prefixo 2502 da FAB, avião de passageiros modificado para facilitar o transporte de tropas, re-lata que ouviu muitas histórias sobre mortes, relatadas por companheiros de farda. “Falavam até em assassinatos de camponeses”, assegura, e cremação do corpo de uma mulher, participante da guerrilha do Araguaia. “Era uma enfermeira japonesa, observa”1.
Concluiu o curso colegial no Colégio Albert Levy, ingressando em seguida na USP, onde fora aprovada em 17º lugar no vestibular para Licenciatura em Língua Portuguesa e Germânica. Engajada no movimento estudantil desde essa época. Em 1968 e 69, além do currículo normal, cursou, como cadeira opcional, Língua Japonesa. Matriculou-se pela última vez na USP, em 1970.Chegou à região do Araguaia em fins de 1971. Seus companheiros muito se preocuparam com sua adaptação, pois apesar de segura de suas convicções políticas, era ‘muito magrinha e baixinha’. Pertencia ao Destacamento B da guerrilha. Em 1974, cercada por uma tropa do Exército, recusou-se à rendição, sendo metralhada. Seu corpo foi perfurado por mais de 100 balas de grosso calibre, segundo os militares1.
Biografia
1 BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p.
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