Nome: ABELARDO RAUSCH DE ALCÂNTARA
Pai: Nabor Rausch de Alcântara
Mãe: Carmen Oliveira de Alcântara
Idade quando desaparecido:
Mineiro de Teófilo Otoni (MG), funcionário da Caixa Econômica Federal no Distrito Federal, Abelardo morreu em circunstâncias bastante misteriosas após ser preso em 13 de fevereiro 1970 e transferido ao PIC - Pelotão de Investigações Criminais, do Exército, unidade que funcionou como principal centro de torturas em Brasília, durante o regime militar.
Antes de trabalhar na Caixa, Abelardo esteve empregado na Sociedade de Abastecimento de Brasília, onde atuou como militante da Associação de Funcionários e foi advertido de que o SNI estava acompanhando suas atividades. O nome do ex-bancário consta do Dossiê dos Mortos e Desaparecidos, a partir de denúncia divulgada pela Anistia Internacional, que por sua vez se baseou em uma publicação de orientação trotskista, em francês. Ele saiu de manhã para trabalhar e, à noite, voltou com agentes da polícia, que o levaram novamente para prestar declarações no 3º D.P., de onde foi enviado ao PIC. No dia seguinte, a esposa Elza soube que Abelardo estava morto. Desconfiada, durante o velório, abriu o terno do marido e percebeu hematomas, marcas de queimaduras com cigarro, unhas roxas e o braço esquerdo quebrado.
Conforme versão oficial, Abelardo foi levado para prestar esclarecimentos sobre um roubo ocorrido na agência da Caixa Econômica Federal de Taguatinga, onde trabalhava. Durante o interrogatório, teria se apossado de um copo de vidro e cortado os pulsos com os cacos, sendo imediatamente socorrido pelo serviço médico do Batalhão de Polícia do Exército, e transportado em ambulância. Ainda segundo a versão, a ambulância chocou-se violentamente com uma Kombi da Secretaria de Governo do DF, resultando ferimentos graves em um sargento e em Abelardo, que não resistiu e faleceu.
No primeiro relatório apresentado na CEMDP, o voto do relator foi pelo indeferimento, por não haver comprovação do envolvimento político de Abelardo, tendo havido pedido de vistas ao processo. A CEMDP localizou, então, o motorista da Kombi envolvido no acidente, Jatir Rodrigues Souza. Ele afirmou que a Kombi foi abalroada por trás pela ambulância Rural-Willis do Exército; que a ambulância só amassou na frente; que não tinha dúvidas de que Abelardo já estava morto quando o acidente ocorreu e que o acidente fora intencional, provocado; que foi absolvido da acusação de crime culposo e que, na sentença do juiz, declarou-se que o réu fora acusado pela morte de um defunto.
O requerimento foi, então, aprovado por unanimidade (seis votos) numa reunião da CEMDP em que estava ausente o relator, proponente do indeferimento1.
Brasília, Distrito Federal.
1 Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos. 1ª Edição. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p. 115.
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