Biografia
O camponês e líder sindical rural José Inocêncio Barreto era casado com Noemia Maria Barreto e tinha três filhos. Foi morto a tiros por agentes do DOPS/PE, em 05/10/1972 no Engenho Matapiruna, na cidade de Escada (PE). Seu nome constava no Dossiê dos Mortos e Desaparecidos como José Inocêncio Pereira, a partir de denúncia apresentada pela CNBB, divulgada em nota oficial emitida pela Arquidiocese de Olinda e Recife.
Relatório do DOPS/PE informa que forças de segurança foram ao município de Escada para efetuar a prisão de Luiz Inocêncio Barreto, conhecido na região por ‘Luiz Carneiro’, irmão de José Inocêncio, e de outro trabalhador citado apenas como Anselmo. Anselmo foi detido e os oficiais foram em busca de Luiz Inocêncio no Engenho Matapiruna de Baixo. Na versão oficial constante do inquérito, os policiais do DOPS afirmam que os irmãos Barreto teriam reagido com golpes de foice à prisão.
O ofício assinado pelo delegado Bartolomeu Ferreira de Melo e encaminhado ao DOPS na mesma data da morte do amponês fala de atos subversivos praticados por Luiz Inocêncio Barreto e seus adeptos. O documento diz, ainda, que foram apresentados os cadáveres de Severino Fernando da Silva e José Inocêncio Barreto ao IML. Os legistas José Marcos Ionas Pereira Barbosa e Lúcio José Rodrigues apontaram como causa mortis “hemorragia interna e externa, decorrente de ferimentos transfixantes da cabeça, tronco e membros causados por projéteis de arma de fogo”.
Na CEMDP o requerimento foi deferido por unanimidade em julgamento realizado em 1º/12/2004. Os familiares de Severino não apresentaram requerimento à CEMDP. Estranhamente os nomes de Severino Fernandes da Silva e José Inocêncio Barreto constam dos livros de Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI-CODI/SP, como tendo sido mortos, em 6/10/72, por “terroristas durante agitação no meio rural”.