Nome: RODOLFO DE CARVALHO TROIANO
Pai: Rodolfo Troiano
Mãe: Geny de Carvalho Troiano
Idade quando desaparecido: 25 anos
Mineiro de Juiz de Fora, Troiano participou ativamente do Movimento Estudantil secundarista. Foi preso por ter pichado o Morro do Cristo, naquela cidade, com frases em defesa do socialismo. Cumpriu pena de seis meses no presídio de Linhares (Juiz de Fora). Existe também a informação de que foi preso na cidade de Rubim, região do Jequitinhonha, no norte de Minas. Ao ser posto em liberdade, no final de 1970, em razão da perseguição que lhe moviam os órgãos de repressão, já militando no PCdoB, optou por viver no interior do Pará, na posse de Chega Com Jeito, próximo ao Brejo Grande, no Araguaia. Destacou-se como combatente do Destacamento A, onde usava o nome Manoel ou Mané.
No Relatório Arroyo, consta que, “em 25/12/73 estava sendo aguardado no acampamento que sofreu o tiroteio neste mesmo dia por volta de 12:00 hs, deveria chegar à tarde, por isto talvez ainda estivesse vivo”. Segundo o Relatório do Ministério da Marinha, apresentado em 1993 ao ministro da Justiça Maurício Corrêa, foi morto em 12/01/1974.
O site www.desaparecidospoliticos.org.br traz uma longa declaração prestada ao Ministério Público Federal, em 06/07/2001, em São Do-mingos do Araguaia, pelo casal de camponeses Luiz Martins dos Santos e Zulmira Pereira Neres.
Reportam aqueles moradores do Araguaia: “cerca de 10 dias após a soltura do declarante, este foi com sua esposa para sua antiga residên-cia no Tabocão; (...) que, pouco tempo depois, viu a chegada, na sua casa, de João Araguaia (Demerval da Silva Pereira), Manoel (Rodolfo de Carvalho Troiano) e Sebastião, adolescente, sobrinho dos declarantes e filho do Zé dos Santos; que João Araguaia e Manoel lhe disseram que tinham vindo entregar o Sebastião para a família; que Sebastião voltou à mata para buscar os seus pertences, enquanto que a declarante foi chamar seu marido e Zé dos Santos; (...) que Manoel tinha aparência amarela, magro e dentuço; que João Araguaia tinha a mesma aparência de antes: forte, trajando bermuda jeans, sem camisa, portando metralhadora e um revólver 38 na cintura; que o declarante ouviu de João Araguaia que este tinha responsabilidade para com o menino Sebastião e por isso estava voltando para entregá-lo à sua família; que Zé dos Santos nem esperou Sebastião, disse que iria ao Brejo Grande pegar um carro para ir (...) avisar aos militares que seu filho havia voltado, já que sabia que este seria preso caso não informasse;(...)
Zé dos Santos contou a história e voltou logo com 2 equipes de 12 soldados até a casa dos declarantes no Tabocão; que os militares interrogaram Sebastião e, no dia seguinte, às 4 horas da manhã, com lanternas acesas foram para a mata, levando Sebastião; que, por volta das 6 ou 7 horas da manhã, os declarantes ouviram rajadas de tiros e, logo em seguida, 2 tiros separados; que, em seguida, chegou um soldado de volta da mata, pedindo uma rede; que os declarantes deram-lhe a rede; que, em seguida, os militares e Sebastião vol-taram da mata, carregando a rede com um corpo envolto em um saco plástico azul; que os militares jogaram a rede na frente da casa dos declarantes, como se joga um porco, e chamaram Zé dos Santos para cavar a sepultura; que Zé dos Santos cavou a sepultura a 5 metros da frente da casa de seu cunhado, próximo a um tronco grosso caído; que os militares e Sebastião falaram aos declarantes que foi Manoel quem foi morto; (...) que os militares e Sebastião contaram aos declarantes que, após a rajada de tiros, esperaram a fumaça de pólvora subir um pouco e foram fazer a busca; que eles encontraram sangue no chão e foram seguindo o seu rastro; que ao chegarem em um pau atravessado na mata, constataram que Manoel estava deitado em baixo do pau com um tiro nas costas, à altura da cintura, mas ainda vivo; que um dos militares pegou sua FAL, apontou para a cabeça de Manoel, e deu dois tiros. (...). Quase ao mesmo tempo da chegada do corpo, chegou também um helicóptero. Os militares roçaram um mamonal para o helicóptero poder aterrissar entre a casa da mãe da declarante e do seu irmão e levaram no helicóptero os pertences dos guerrilheiros”1.
Mineiro do interior, estudante secundarista, sendo preso na cidade de Rubim por suas atividades políticas e, mais tarde, transferido para o Presídio de Linhares.
Biografia
1 BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p.
Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais
Processo:00005.201476/2016-91
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.
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