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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: Osvaldo Orlando da Costa
 
Osvaldo Orlando da Costa

Nome: Osvaldo Orlando da Costa

Pai: José Orlando da Costa

Mãe: Rita Orlando dos Santos

Idade quando desaparecido: 36 anos

Dôssie
113/96
Procedimento administrativo CEMDP
00005.201622/2016-89
Nome
Osvaldo Orlando da Costa
Data de Nascimento
27/04/1938
Municipio de Nascimento
Passa Quatro (MG)
Codinome(s)
Osvaldão, Mineiro, Zé Mineiro
Status
Desaparecido
Biografia

 

Mineiro de Passa Quatro, Osvaldão, como era conhecido, foi o primeiro quadro do PCdoB a chegar ao Araguaia, entre 1966 e 1967. Negro, 1,98m de altura, forte, era tido como generoso e corajoso, sendo muito respeitado pelos moradores e por seus companheiros. Carismático e temido pelos militares, foi um grande mito da guerrilha entre a população da região, ao lado de Dina.

Entre 1952 e 1954 morou na cidade de São Paulo, onde fez o curso Industrial Básico de Cerâmica na Escola Técnica. Mudou-se para o Rio de Janeiro e se formou na Escola Técnica Federal, como Técnico de Construção de Máquinas e Motores, em 1958. Como atleta, vinculou-se ao Botafogo Futebol e Regatas, onde foi campeão carioca de boxe. Tornou-se oficial da reserva do Exército, após servir no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva - CPOR do Rio de Janeiro.

Viajou para a antiga Tchecoslováquia (atual República Tcheca), onde cursou até o 3º ano de Engenharia de Minas, em Praga. Em sua home-nagem, o escritor tcheco Cytrian Ekwensi escreveu, em 1962, o livro O homem que parou a cidade (“Lidé z mesta”). O guerrilheiro só contou esse segredo, em 1963, à sua irmã Irene Orlando, que recebeu, com uma dedicatória, um exemplar do livro. Por sua militância política, foi obrigado a viver na clandestinidade logo depois de abril de 1964, quando já militava no PCdoB.

Quando chegou ao Araguaia entrou na mata como garimpeiro e mariscador, tornando-se o maior conhecedor da área entre os militantes do PCdoB ali instalados. No ano de 1969, fixou residência numa posse que adquiriu às margens do Rio Gameleira. Sobre Osvaldão surgiram inúmeras lendas. Sobre sua bondade, sua força, sua coragem e também sobre sua pontaria. Foi comandante do Destacamento B, onde par-ticipou com êxito de vários combates. Foi, ao lado de Dina, o mais conhecido dos militantes do PCdoB entre a população do Araguaia.

Estava no acampamento da Comissão Militar quando ocorreu o ataque das Forças Armadas no dia de Natal de 1973, conseguindo escapar. Segundo depoimentos de moradores da região, foi morto em abril de 1974, próximo à Semana Santa, perto de São Domingos. Seu corpo foi dependurado por cordas em um helicóptero que o levou de Saranzal, local onde foi morto, até o acampamento militar de Bacaba e de lá para Xambioá. Na primeira vez em que o cadáver foi içado pelo helicóptero, caiu e fraturou ossos da perna. Posteriormente, sua cabeça foi decepada e exposta em público. Na base militar de Xambioá, seu cadáver foi violado por chutes, pedradas e pauladas dadas pelos mili-tares, sendo finalmente queimado e jogado no buraco conhecido como “Vietnã” (vala situada ao final da pista de pouso da Base Militar de Xambioá), onde eram lançados os mortos e moribundos. Com o término das operações militares, foi feita uma grande terraplanagem para descaracterizar o local.

José Rufino Pinheiro, que durante 6 meses e 16 dias ajudou o Exército na mata, entre 1973 e 1974, afirma ter presenciado a morte de Os-valdão, quando guiava um batalhão com 32 soldados. Segundo declaração prestada por ele, em 05/07/2001, ao Ministério Público Federal em São Domingos do Araguaia, Osvaldão foi morto na capoeira do Pedro Loca, junto da Palestina, por volta de 4 horas da tarde, por Arlindo Piauí, que era guia formado (homem de confiança do Exército). José Rufino conta que Osvaldão, muito magro e com fome, estava de costas, comendo macaxeira sentado num tronco caído, quando foi alvejado. Segundo o guia, ele foi atingido com um tiro só, de uma cartucheira 12, e o corpo foi levado pelo Exército para Xambioá, sendo um dos últimos guerrilheiros a ser morto.

Os relatórios militares trazem datas diferentes das relatadas pelos moradores da região, unânimes na afirmação de que Osvaldão foi morto em abril de 1974. O Relatório do Ministério do Exército, de 1993, aponta como data da morte 07/02/1974, informando ainda que Osvaldão teria realizado curso de guerrilha na Escola Militar de Pequim e que seria responsável pela execução de Pedro Ferreira da Silva, apontado como guerrilheiro, mas na verdade um grileiro de terras e informante das forças de repressão. O Relatório da Marinha, também de 1993, indica 02/01/1974 como data de sua morte.

O livro de Taís Morais e Eumano Silva, “Operação Araguaia”, discorre sobre suas atividades e sua morte: “Dava especial atenção ao trei-namento militar e mostrava-se crítico com o despreparo dos companheiros. Matou um militar em encontro casual na mata e participou da execução de um morador. Tornou-se lenda na área da guerrilha. No imaginário da população, Osvaldão adquiriu fama de imortal. Os solda-dos inexperientes tremiam de pavor quando ouviam histórias sobre o gigante invencível. Os agentes secretos caçavam o comandante negro e ofereciam recompensa para quem informasse seu paradeiro. O mateiro Arlindo Piauí viu Osvaldão sentado na mata e, antes de qualquer reação do guerrilheiro, atirou e matou o mais famoso dos comunistas do Araguaia. A Marinha registra a morte em 7/2/74. O corpo foi içado pelo helicóptero e mostrado em toda a região antes de ser levado para a Base de Xambioá”1.

 

Negro, forte, com quase dois metros de altura, meigo e afetuoso, era uma figura inconfundível. Membro do Partido Comunista, foi obrigado a viver na clandestinidade desde o golpe de 1964. Antes porém, fora estudante da Escola Técnica Nacional do Rio de Janeiro campeão carioca de boxe pelo Botafogo, oficial da reserva do CPOR e cursou até o 3º ano de Engenharia de Minas, em Praga, na Checoslováquia, onde viveu alguns anos.Foi dos primeiros a chegar à região do Araguaia, por volta de 1966. Entrou na mata como garimpeiro e mariscador. Era o maior conhecedor de toda a área, tanto da Guerrilha como das áreas circunvizinhas. No ano de 1969, fixou sua residência às margens do rio Gameleira, onde mais tarde se juntaram outros companheiros. Era muito querido e respeitado pela população.Conta-se a seu respeito inúmeras histórias sobre sua bondade, sua força, sua coragem e também sobre sua pontaria. Dizia-se na região que jamais seria morto pelo Exército, o que realmente ocorreu. Osvaldão foi traído por um camponês, Arlindo Piauí, que chamando pelo nome o feriu com um tiro na barriga, só depois os agentes da repressão entraram na mata e acabaram de matá-lo, fuzilando-o. Seu corpo foi exibido em diversas localidades como troféu dos militares. Era o Comandante do Destacamento B. Foi, ao lado de Dina, o mais conhecido combatente guerrilheiro entre a população do Araguaia1.

 

Local de morte/desaparecimento

 

Organização política ou atividade
Partido Comunista do Brasil
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
ACE 4465/83
Referências

 

Biografia
1 BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p 249-50.

Descrição (resumo do procedimento administrativo)

Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais

Processo: 00005.201622/2016-89
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do email desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.


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