Nome: NELSON LIMA PIAUHY DOURADO
Pai: Pedro Piauhy Dourado
Mãe: Anita Lima Piauhy Dourado
Idade quando desaparecido: 33 anos
Baiano de Jacobina, fez o curso primário e o ginasial em Barreiras, na Escola de Dona Jovinha e no Colégio Padre Vieira, respectivamente. Mudou-se então para Salvador, onde fez o curso científico nos colégios Bahia e Ipiranga. Funcionário da Petrobras, trabalhou na Refinaria Landulfo Alves, em Mataripe (BA). Filiou-se ao sindicato da categoria, onde desenvolveu intensa atividade. Em abril de 1964, foi preso e demitido do emprego. Por algum tempo, trabalhou como motorista de táxi, passando a atuar no eixo entre Rio e São Paulo. Nessa época, costumava visitar seus pais em Barreiras, na Bahia. A partir de 1967, passou a atuar na clandestinidade, já como militante do PCdoB. O Relatório do Ministério do Exército, apresentado em 1993 ao ministro da Justiça Maurício Corrêa, informa que Nelson viajou para a China em 13/09/1968, “onde realizou curso de guerrilha na Escola Militar de Pequim”. Em contradição com esse registro, um documento do SNI informa que a viagem à China ocorreu em 26/01/1967.
Sabe-se que, antes de residir na localidade de Metade, no Araguaia, morou também no extremo norte de Goiás, tendo estabelecido uma farmácia em Augustinópolis, hoje estado de Tocantins, margem direita do Araguaia, bem perto da área da guerrilha. Integrante do Desta-camento A, ficou conhecido na região pelo apelido Nelito. Conheceu Jana Moroni Barroso, a Cristina, com quem se casou em 1971. Nelson Lima Piauhy Dourado comandou um dos cinco grupos de cinco guerrilheiros que, após o ataque de Natal à Comissão Militar da guerrilha, combinaram seguir para rumos diferentes, conforme registrado no Relatório Arroyo.
Moradora da região, Adalgisa Moraes da Silva registrou em depoimento uma passagem sobre as atividades de Nelson (Nelito) na guerrilha:
“(...) que os guerrilheiros haviam colocado fogo em uma ponte na Transamazônica, no Município de São Domingos; que a Rosinha, a Sônia, o Nelito , o João Araguaia, o Nunes, o Orlandinho, o Beto, o Alfredo, o Zé Carlos, o Edinho e Valdir e o Zebão colocaram fogo na ponte para impe-dir que os carros passassem; que eles atacaram um posto da polícia militar e colocaram um soldado para ir à pé até Marabá, vestindo apenas uma cueca, pegaram as armas, as facas, o Alfredo vestiu a roupa do sargento, e passaram logo após na casa da declarante, vestindo roupa da Polícia Militar; que eles passaram na casa da declarante um dia após os fatos; que eles queimaram a ponte numa sexta-feira, atacaram o posto da Polícia Militar no Domingo e estiveram na casa da declarante na segunda-feira seguinte”.
Quanto às condições concretas da morte ou desaparecimento de Nelson, reunindo informações contraditórias fornecidas por moradores da região, tem-se que José da Luz Filho, lavrador cujo pai permaneceu detido durante sete meses em Marabá, testemunha que Nelito e Cristina foram presos e levados para Bacaba. Zé da Onça afirma conhecer uma senhora, cujo nome não revelou, que saberia dizer onde estão as ossadas de Nelson Piauhy Dourado (Nelito), de Luiz Renê Silveira e Silva (Duda) e do camponês Pedro Carretel, todos mortos no mesmo dia segundo seu testemunho. Outro depoimento indica como possível local de sepultura de Nelson o castanhal Brasil-Espanha.
Raimundo Nonato dos Santos, conhecido como Peixinho, informa que Pedro Carretel foi preso por uma equipe de militares guiada por Zé Catingueiro, sendo ferido por um tiro do próprio Zé Catingueiro e que na mesma ocasião Nelito foi morto. Conta também que a operação onde morreu Nelito e foi capturado Carretel era comandada pelo capitão Rodrigues.
Pedro Matos do Nascimento, conhecido por Pedro Mariveti, relata que, preso na Bacaba, conversou com Babão, um guia do Exército, que contou terem matado e decapitado o Ari, conforme já descrito. Além disso, Babão disse que na cabeceira da pista de pouso na Bacaba foram sepultados vários corpos. Ele se recorda de Babão ter dito que Nelito e uma Japonezinha estariam enterrados lá.
Em 1974, agentes do DOPS de Salvador invadiram a casa dos irmãos de Nelson, apoderando-se de uma carta onde os seus companheiros de guerrilha informavam de sua morte. A polícia política do Regime Militar tentava não deixar qualquer prova da existência de combates na região do Araguaia. Seu irmão, José Lima Piauhy Dourado também desapareceu no Araguaia, na mesma época. Sua mãe faleceu nesse mesmo ano, ao saber da morte dos filhos. O Relatório do Ministério da Marinha, apresentado em 1993 ao ministro da Justiça, apenas ofi-cializou a informação de que Nelson foi “morto em 02/01/1974”1.
Foi funcionário da Petrobrás até ser obrigado a abandonar o emprego por perseguições políticas. Esteve na China onde fez alguns cursos. Retornando ao país residiu inicialmente no norte de Goiás e, mais tarde, na localidade denominada Metade. Aí conheceu Jana Moroni com quem se casou. Pertencia ao Destacamento A da guerrilha2.
São Domingos do Araguaia (PA)
Biografia
1 BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p 236-7.
Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais
Processo: 00005.201745/2016-10
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.
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