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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: MAURÍCIO GRABOIS
 
MAURÍCIO GRABOIS

Nome: MAURÍCIO GRABOIS

Pai: Agostin Grabois

Mãe: Dora Grabois

Idade quando desaparecido: 61 anos

Dôssie
154/96
Procedimento administrativo CEMDP
00005.201748/2016-35
Nome
MAURÍCIO GRABOIS
Data de Nascimento
02/10/1912
Municipio de Nascimento
Salvador (BA)
Codinome(s)
Mário, Velho, Chico, Mário Peritas
Status
Desaparecido
Biografia

 

Baiano de Salvador, filho de uma família humilde de judeus russos, desapareceu aos 61 anos no Araguaia. Maurício fez o curso primário em vários colégios devido às inúmeras viagens e mudanças de sua família. Em 1925, ingressou no Ginásio da Bahia e se formou em 1929, sendo colega de Carlos Marighella. No início do ano seguinte foi para o Rio de Janeiro, então capital da República, onde passou a freqüentar o cur-so preparatório para a Escola Militar do Realengo, nela ingressando em 1931. Não concluiu o curso, por ter sido expulso em 1933. Foi então para a Escola de Agronomia, onde cursou até o 2° ano, abandonando definitivamente os estudos para dedicar-se à militância política.

No início da década de 30, Grabois foi um dos primeiros organizadores do Partido Comunista nas Forças Armadas, quando aluno da Escola Militar. Logo após sua entrada no partido, em 1932, atuou na Juventude Comunista e, em 1934, foi encarregado do setor nacional de agitação e propa-ganda da Federação da Juventude Comunista do Brasil. Em 1935, Maurício Grabois engajou-se nas ações desenvolvidas pela Aliança Nacional Libertadora (ANL). Durante o período do Estado Novo (1937-1945), foi condenado à revelia, em 1940, num processo em Minas Gerais. No início de
1941, foi preso no Rio de Janeiro. Libertado nos primeiros meses de 1942, quando Prestes, Marighella e outros dirigentes do partido permaneceram detidos, teve papel destacado, ao lado de Amarílio Vasconcelos, na Comissão Nacional de Organização Provisória (CNOP) que preparou a Confe-rência da Mantiqueira, de 1943, onde o Partido foi reorganizado e Grabois foi eleito para seu Comitê Central.

Trabalhou na empresa de aviação Panair do Brasil e participou da fundação e da direção da Editora Horizonte, do Partido Comunista, com sede no Rio de Janeiro. Em maio de 1945, dirigiu o jornal A Classe Operária, função que manteria até 1949, quando a publicação foi fechada. Nas eleições de 02/12/1945 para a Assembléia Nacional Constituinte, o partido elegeu um senador e 14 deputados, entre os quais Grabois, pelo antigo Distrito Federal. Assumindo seu mandato em fevereiro de 1946, foi designado líder da bancada comunista. O período da legali-dade do partido chegou ao fim em 07/05/1947, quando o TSE cancelou o seu registro e Grabois teve o mandato cassado.

Devido à repressão policial aos comunistas a partir de 1948, Grabois passou a atuar na clandestinidade. Em agosto de 1957, alinhou-se com a ala de dirigentes comunistas que rejeitou a política soviética de coexistência pacífica, divergindo da orientação majoritária no partido, que nesse período tinha trocado a antiga denominação Partido Comunista do Brasil por Partido Comunista Brasileiro. Em fevereiro de 1962, ao lado de João Amazonas, Pedro Pomar, Carlos Danielli e outros, participou da fundação do PCdoB, retomando a denominação anterior e considerando esse ato como sendo uma reorganização do partido fundado em 1922. Em março de 1962, o PCdoB relançou A Classe Operá-ria, órgão central do partido, dirigido por Grabois e Pedro Pomar.

Após abril de 1964, voltou a viver na clandestinidade. Por força do AI-2 (27/10/1965), teve seus direitos políticos cassados. Foi condenado, em vários processos na Justiça Militar, nas Auditorias do Rio de Janeiro, a penas que ultrapassavam 14 anos na soma. Em meados da década de 60, quando o PCdoB recebia forte influência do pensamento maoísta, Grabois foi destacado para dedicar-se ao estabelecimento de uma área de pre-paração da guerra popular prolongada, na região do Araguaia, onde passou a viver, estabelecendo-se na localidade de Faveira e sendo conhecido
como Mário. Há registros de que chegou à região exatamente no dia de Natal de 1967, sendo morto também no Natal de 1973.

O último contato com sua mulher, Alzira da Costa Reys, foi em janeiro de 1972. Maurício teve um casal de filhos: André Grabois, também militante do PCdoB e morto no Araguaia, em outubro de 1973, e Vitória Lavínia Grabois Olímpio, que tinha sido casada com outro desaparecido do Araguaia, Gilberto Olímpio Maria. Em 10/10/1982, o jornal O Estado de São Paulopublicou que Maurício morreu com um tiro de FAL na cabeça, que arrancou-lhe o cérebro, e outro na perna, que provocou fratura exposta. Em 17/10/1982, o colunista Carlos Castello Branco escreveu no Jornal do Brasilque ouviu do general Hugo Abreu a informação de que Maurício  Jornal do Brasil que ouviu do general Hugo Abreu a informação de que Maurício  Jornal do BrasilGrabois estava enterrado na Serra das Andorinhas. O Relatório do Ministério da Marinha, de 1993, confirma que Maurício foi morto em 25/12/1973, em Xambioá.

O jornalista Elio Gaspari escreveu:

“A guerrilha do Araguaia começou a acabar na segunda semana de dezembro. Os quadros do PCdoB no Araguaia eram 44. Camponeses, só dois. A maior parte dos combatentes juntou-se numa só coluna de 23 pessoas. Outros 15 guerrilheiros convergiram para um morrote na re-gião de Palestina, perto da Transamazônica. Lá acampou a comissão militar. Havia mais seis cumprindo tarefas em outros lugares. A manobra concentraria toda a força guerrilheira numa área de, no máximo, 50 quilômetros quadrados. Só a certeza de que o Exército não tinha tropa poderia justificar essa decisão. (...)

Entre os dias 20 e 21 de dezembro uma patrulha militar achara um forte rastro de uma coluna guerrilheira e seguiu-a à distância. Dois dias depois, outras duas patrulhas entraram na mata com o objetivo de cortar o caminho de sua vanguarda. (...) Na manhã do Natal de 1973 uma das patrulhas estava na região de Palestina. O acaso fez com que uma tropa que pretendia interceptar a marcha de uma coluna de guerrilhei-ros acabasse passando por seu ponto de destino, o morro onde estava a comissão militar.

Maurício Grabois, o Mário, pode ter sido o primeiro guerrilheiro a morrer. A narrativa de um oficial que se encontrava na região mas não pre-senciou o choque informa que ele estava sentado numa trilha quando, para surpresa mútua, um tenente viu-o à sua frente. Grabois tinha um revólver 38 e o oficial, uma submetralhadora. As duas armas travaram, mas o tenente teve a segunda chance. Há ainda duas outras versões. Numa, ele foi surpreendido enquanto comia. Na outra, foi morto em combate. Nesse choque morreram mais quatro guerrilheiros, entre eles seu genro Pedro. Grabois guardava consigo o arquivo da guerra. Desde o seu diário de campanha, até a coleção de panfletos, hinos e poemas de combatentes. Ao tiroteio seguiu-se uma revoada de aviões e helicópteros que por todo o dia desembarcaram tropas e levaram para Marabá o que acharam. Tanto cadáveres como mochilas e objetos pessoais”.

O centro oficial de estudos, pesquisas, debates, publicações e formação política do PCdoB recebeu o nome Instituto Maurício Grabois1.

 

Estudou no Ginásio Estadual de Salvador e depois ingressou na Escola de Guerra do Realengo/RJ. Em 1932, ingressou no Partido Comunista. Neste mesmo ano houve um incidente na Escola Militar e vários alunos foram desligados. O comandante propôs retirar a ordem de afastamento para aqueles que se retratassem. Maurício se recusou. A seguir, ingressou na Escola de Agronomia, cursando até o 2º ano. Participou da Aliança Nacional Libertadora (1935). Deputado Constituinte, em 1946, dirigente comunista, era o líder de seu partido no Congresso e membro da Comissão de Relações Exteriores. Cassado em 1948, passando a viver na clandestinidade. Era o editor do jornal A Classe Operária e responsável pela Editora Vitória.No Araguaia, foi dirigente das força guerrilheiras e morava na região desde 1967. Morto próximo a Fazenda Consolação, em 25/12/73.Em seu poder foi apreendido pela repressão um diário, no qual ironiza a atuação do Exército durante a 1ª Campanha e lamenta a morte do filho André, em 14/10/732.

 

Local de morte/desaparecimento

 .

Organização política ou atividade
PCdoB
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
ACE 47371/72
Referências

 

Biografia

1 BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p 247.

Descrição (resumo do procedimento administrativo)
 

Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais


Processo: 00005.201748/2016-35
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.


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