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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: MARIA LÚCIA PETIT DA SILVA
 
MARIA LÚCIA  PETIT DA SILVA

Nome: MARIA LÚCIA PETIT DA SILVA

Pai: José Bernardino da Silva Junior

Mãe: Julieta Petit da Silva

Idade quando desaparecido:

Dôssie
033/96
Procedimento administrativo CEMDP
00005.201805/2016-02
Nome
MARIA LÚCIA PETIT DA SILVA
Data de Nascimento
20/03/1950
Municipio de Nascimento
Agudos (SP)
Codinome(s)
Maria, Maria Lee Petit, Lúcia
Status
Desaparecido
Biografia

 

Maria Lúcia Petit foi morta aos 22 anos de idade, foi sepultada pela família em Bauru (SP) no dia 16/06/1996. Estava desaparecida desde 1972.

 

Cursou o primário, o ginasial e os dois primeiros anos do Curso Normal em Duartina, vindo a concluí-lo em São Paulo, no Instituto de Educação Fernão Dias, em 1968, quando participou do Movimento Estudantil secundarista. Em 1969, prestou concurso para o Magistério. Foi professora primária em Vila Nova Cachoeirinha, na capital paulista.

 

No início de 1970 tomou a decisão de desenvolver sua atividade política no interior do Brasil. Militante do PCdoB, foi para Goiás e, em seguida, para o Sul do Pará, fixando-se na área de Caianos. Trabalhou na região ensinando as crianças, a quem dedicava muito carinho, e também em atividades de plantio, conquistando grande simpatia entre os moradores das redondezas.

 

Conforme depoimento de Regilena Carvalho Leão de Aquino, uma das poucas sobreviventes da guerrilha e companheira de Jaime Petit, irmão de Maria Lúcia, “as primeiras horas do dia 16 de junho de 1972, a menos de 2 km da casa do ‘João Coioió’, Jaime (Jaime Petit da Silva), Daniel (Daniel Ribeiro Callado) e eu, fomos acordados com o disparo de um tiro ao longe e um outro tiro em seguida. Da mesma direção dos sons dos disparos, metralhadoras foram acionadas, quando o ruído distante de um helicóptero em movimento tornava-se próximo das imediações. Estávamos acampados na retaguarda para aguardar Maria (Maria Lúcia Petit da Silva), Cazuza (Miguel Pereira dos Santos) e Mundico (Rosalindo de Souza) para ajudá-los no transporte dos mantimentos encomendados ao ‘João Coioió’. Retiramo-nos imediatamente e, ao final da tarde, acampamos nas cabeceiras da chamada Grota da Cigana. Momentos mais tarde, enquanto preparávamos o jantar, milho maduro em água de sal, cozido em fogo brando, para esperar os três companheiros ausentes, surgiram Cazuza e Mundico, ensopados de suor e aflição. Perguntei pela Maria e a resposta do Cazuza foi direta e crua: ‘a reação a matou’”.

 

Regilena conta também que quando esteve presa na base militar de Xambioá, alguns oficiais mostraram-lhe objetos de uso pessoal de Maria Lúcia, “um par de chinelos de sola de pneu com alças retorcidas de nylon azul claro, e uma escova de dentes de cor amarela e com o cabo quebrado”. Ela reconheceu os objetos como pertencentes a Maria, que os guardava em um bornal de lona verde, permanentemente usado a tiracolo. Segundo Regilena, os militares afirmaram que Maria Lúcia fora enterrada em São Geraldo (PA), cidade em frente a Xambioá, na outra margem do Araguaia.

 

No Relatório Arroyo consta que, “em meados de junho, três companheiros dirigidos por Mundico (Rosalindo Souza) procuraram um elemento de massa, João Coioió, para pedir-lhe que fizesse uma pequena compra em São Geraldo. Coioió já tinha ajudado várias vezes os guerrilheiros com comida e informação. Ficou acertado o dia em que ele voltaria de São Geraldo para entregar as encomendas. À noitinha desse dia aproximaram- se da casa Mundico, Cazuza (Miguel Pereira dos Santos) e Maria (Maria Lúcia Petit) mas perceberam que não havia ninguém. Cazuza afirmou que ouvira alguém dizendo baixinho: ‘pega, pega’. Mas os outros dois nada tinham ouvido. Acamparam a uns 200 metros. Durante a noite ouviram barulho que parecia de tropa de burro chegando na casa. De manhã cedo, ouviram barulho de pilão batendo. Aproximaram-se com cautela, protegendo-se nas árvores. Maria ia na frente. A uns 50 metros da casa, recebeu um tiro e caiu morta. Os outros dois retiraramse rapidamente. Dez minutos depois, os helicópteros metralhavam as áreas próximas da casa. Alguns elementos de massa disseram, mais tarde, que Maria fora morta com um tiro de espingarda desfechado por Coioió. Este logo depois desapareceu com toda a família”.

 

No relatório apresentado pela Marinha ao ministro da Justiça Maurício Correa, em 1993, consta sobre Maria Lúcia: ”Junho-72 Morta durante enfrentamento na tarde do dia 16/06 próximo a Pau Preto”. Seus irmãos Jaime e Lúcio Petit também desapareceram na região da guerrilha. Em 1991, familiares de mortos e desaparecidos do Araguaia, juntamente com membros da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e uma equipe de legistas da Unicamp estiveram em um cemitério da cidade de Xambioá, onde exumaram duas ossadas. Uma delas era de uma mulher jovem, enrolada num pedaço de pára-quedas. A ossada foi identificada em 14/05/1996 como sendo de Maria Lúcia, pelo Departamento de Medicina Legal da Unicamp, depois que o jornal O Globo apresentou fotos onde o seu corpo aparecia envolto em um pára-quedas igual ao que foi encontrado junto à ossada em Xambioá.

 

Sobre Maria Lúcia Petit o “livro secreto” do Exército, recentemente divulgado pelo jornalista Lucas Figueiredo, registra: “No dia 16 (de junho de 1972) esse destacamento (dos guerrilheiros) sofreria outra baixa com a morte de Maria Lúcia Petit da Silva (Maria) em choque com as forças legais”.

 

Merece registro a análise feita por Elio Gaspari no livro citado: “Os militares enterraram Maria num cemitério de Xambioá, com o corpo embrulhado num pedaço de pára-quedas e a cabeça envolta em plástico. A ditadura fixara um padrão de conduta. Fazia prisioneiros, mas não entregava cadáveres. Jamais reconheceria que existissem. Quem morria, sumia. Esse comportamento não pode ser atribuído às dificuldades logísticas da região, pois a tropa operava de acordo com uma instrução escrita: ‘Os PG (prisioneiros de guerra) falecidos deverão ser sepultados em cemitério escolhido e comunicado. Deverão ser tomados os elementos de identificação (impressões digitais e fotografias)"1

 

Iniciou seus estudos em Duartina/SP, concluindo o curso normal em 1968, no Instituto de Educação Fernão Dias, na capital. Participava ativamente do movimento secundarista. Em 1970, com apenas 20 anos, mudou-se para a região de Caianos, no Araguaia. Além do trabalho na roça, dedicou-se ao magistério, conquistando grande simpatia dos moradores da redondeza. Foi morta durante a 1ª Campanha das forças governamentais, no dia 16/06/72 e enterrada no cemitério de Xambioá. Exumada em 29/04/91, seus restos mortais foram identificados em 14/05/96, pelo Departamento de Medicina Legal da UNICAMP. Seus restos mortais foram trasladados finalmente para o jazigo da família em Baurú, em 16/06/96, 24 anos após a sua morte2.

 

Local de morte/desaparecimento
Região de Pau Preto (PA)
Circustância de morte/desaparecimento

 

Organização política ou atividade
PCdoB
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
ACE 51015/72
Referências
Biografia
1 BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p 247.
Descrição (resumo do procedimento administrativo)
 

Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais


Processo: 00005.201805/2016-02
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.


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