Nome: MARIA CELIA CORREA
Pai: Edgar Corrêa
Mãe: Irene Creder Corrêa
Idade quando desaparecido: 29 anos
Nascida no Rio de Janeiro, Maria Célia era bancária e estudante de Ciências Sociais na Faculdade Nacional de Filosofia. Em 1971, como militante do PCdoB, foi viver na região do Araguaia, onde já se encontrava seu irmão, Elmo Corrêa, e sua cunhada Telma Regina Cordeiro Corrêa, ambos também desaparecidos naquela guerrilha. Pertenceu ao Destacamento A, sendo conhecida como Rosa. Era casada com João Carlos Campos Wisnesky, ex-estudante de Medicina na UFRJ, conhecido como Paulo Paquetá, que desertou da guerrilha. Mais tarde, Telma (Lia) manteve relacionamento com Divino Ferreira de Souza, que morreu em outubro de 1973.
Há discrepâncias entre as possíveis datas de sua morte ou desaparecimento, variando entre janeiro e meados de 1974. No texto de Taís Morais e Eumano Silva, de Operação Araguaia, a prisão é assim narrada: “Rosa, ou Rosinha, como a chamavam os camponeses, perdeu-se dos companheiros. Chega à casa de Manoelzinho das Duas – o sujeito vive com duas mulheres na mesma casa. Manoel tenta convencer a guerrilheira a se render. Muita gente está sofrendo por causa do conflito, argumenta o caboclo.
‘Prefiro morrer do que me entregar’, reage Rosinha. Diante da negativa, Manoelzinho agarra a militante, domina-a e entrega ao delegado de São Domingos, Geraldo da Coló. Muitos moradores do vilarejo viram Rosinha viva, muito magra e suja, dentro de um carro parado na frente da cadeia. Os militares levaram a guerrilheira para Bacaba”.
O relatório assinado, em 2002, por quatro procuradores do Ministério Público Federal, Marlon Weichert, Guilherme Schelb, Ubiratan Cazetta e Felício Pontes Jr. registra que Maria Célia foi vista presa: “Rosinha: Maria Célia Corrêa, em São Domingos do Araguaia, amarrada e, depois, dentro de um carro preto. Também foi vista na base militar da Bacaba, em janeiro de 1974. Teria sido presa pela equipe guiada por Manoel Leal Lima (Vanu)”.
Consta no processo junto à CEMDP documento elaborado por Aldo Creder Corrêa, irmão de Maria Célia, informando que, após longos anos de pesquisa, seu pai, Edgar Corrêa, chegou à conclusão de que “todos os indícios apontam na direção de que Maria Célia foi presa viva”. Baseando-se nessa conclusão, foi impetrado habeas-corpus junto ao Tribunal Federal de Recursos, em 28 de maio de 1981, que foi negado a partir das informações prestadas pelo chefe de gabinete do Ministério do Exército. Escreveu esse oficial do Exército, coronel Oswaldo Pereira Gomes, mais tarde general e representante das Forças Armadas na Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos: “...declaro que, compulsando os arquivos da Assessoria no Judiciário do Ministro do Exército, não encontrei registro algum, nos processos relativos à Lei de Segurança Nacional, sobre custódia ou qualquer outro tipo de cerceamento de liberdade exercido sobre a referida pessoa. Brasília, DF, 21 de maio de 1981”.
O processo traz ainda um recorte do jornal O Globo, do dia 02/05/1996, onde Manuel Leal Lima declara que “um helicóptero aterrissou trazendo três prisioneiros – Antônio de Pádua, o Piauí, Luís René da Silva, o Duda e Maria Célia Corrêa, a Rosinha. Um oficial ordenou que os presos, todos com os olhos vendados, saíssem do avião e andassem cinco passos em direção ao rio, com as mãos na cabeça. Em seguida, centenas de tiros foram disparados contra eles”. Em função desse depoimento os familiares pediram a interdição do local descrito por Manuel Leal Lima, para em seguida promover a busca dos restos mortais de Maria Célia1.
Era bancária e residia no Rio de Janeiro. Em fins de 1971, foi residir na região do Araguaia, onde já estavam seu irmão Elmo e sua cunhada Telma Regina. Pertencia ao Destacamento A - Helenira Resende. Segundo testemunho ocular de inúmeros moradores da região, foi presa viva e sem ferimentos, em meados do ano de 1974, estando desde então desaparecida. Foi dos últimas a serem presos. Vivia com Divino Ferreira de Sousa1.
Biografia
1 BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p 247.
Atualize o Flash Player