Nome: LUIZ RENÉ SILVEIRA E SILVA
Pai: René de Oliveira Silva
Mãe: Lulita Silveira e Silva
Idade quando desaparecido: 23 anos
Estudante carioca, cursou o primário e o secundário no Instituto Lafayette. Em 1970, ingressou na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, abandonando o curso no ano seguinte. Tinha apenas 19 anos quando tomou a decisão de ir para o Araguaia, já militante do PCdoB, ficando conhecido na região como Duda. Com seu jeito calado, estava sempre atento aos relatos dos companheiros mais experientes. Apesar de ter cursado apenas o 1° ano, dedicava-se à medicina, além de estudar política e economia. Em 1980, sua mãe, Lulita Silveira e Silva, foi à Escola de Medicina e Cirurgia à procura de uma fotografia de Luiz René e encontrou sua ficha escolar com a foto arrancada. Informaram que havia sido retirada por agentes dos órgãos de segurança.
Como em muitos outros casos de mortes ou desaparecimentos durante a guerrilha do Araguaia, existem distintas versões e datas a respeito de Luiz René. Na apresentação do caso anterior, já se informou que os procuradores do Ministério Público Federal colheram depoimentos de moradores do Araguaia indicando que Luiz René e Hélio foram presos juntos, estando apenas Hélio ferido. Já as informações colhidas por Cirene Barroso, mãe de Jana Moroni Barroso, também junto aos moradores do Araguaia, apontam que Luiz teria sido preso em uma casa de camponeses, com a perna quebrada por um tiro e levado para a base militar de Bacaba (PA), no início de 1974.
Segundo o Relatório Arroyo, “No dia 19/01/74, Ângelo e Zezinho se separaram de Luiz Renê Silveira e Hélio. Hélio e Luiz Renê nunca mais foram vistos”. No site www.desaparecidospoliticos.org.br/araguaia estão arquivados vários outros depoimentos. Conforme já visto na apre-sentação do caso Maria Célia Corrêa, a Rosinha, o ex-guia Vanu teria presenciado a execução de Luiz René: ”um helicóptero aterrisou trazen-do três prisioneiros: Antônio de Pádua, o Piauí, Luís René da Silva, o Duda, e Maria Célia Corrêa, a Rosinha. Um oficial ordenou que os presos, todos com os olhos vendados, saíssem do avião e andassem cinco passos em direção ao rio, com as mãos na cabeça. Em seguida, centenas de tiros foram disparados contra eles. Foi horroroso: as cabeças dos guerrilheiros ficaram totalmente destruídas, cheias de miolos e sangue exposto – lembrou Vanu, ressaltando que desta vez os próprios soldados enterraram os corpos em valas próximas à cabeceira do rio, onde hoje fica o lote de Antônio Branco”.
Outros depoimentos indicam que Duda teria sido morto em bombardeio no castanhal Brasil-Espanha, onde seus restos mortais estariam enterrados, versão corroborada por Pedro Moraes da Silva, que informou ter conhecido Duda: “cujo corpo foi jogado em castanhal na Região Gameleira, que hoje é a Fazenda Brasil-Espanha, que viu Duda, quando passou em frente da casa do Vanu no tempo em que o declarante lá morava, amarrado e seguido por mais ou menos 20 soldados do Exército, fardados; que os pulsos de Duda já estavam sem pele em razão das cordas que o amarravam; que reconheceu a ossada de Duda, em virtude da camisa esticada em cima de uma árvore e pelos ossos da perna que eram compridos por ser Duda muito alto; que o declarante pegou no crânio e viu um buraco de bala no meio da testa”.
Outro depoimento registra que Luiz René teria sido preso na casa de um camponês em São Geraldo. Agenor Moraes da Silva, também ex-guia do Exército, testemunha que “Duda foi pego na região do Chega com Jeito; (...) viu o Duda preso, algemado, dentro de uma sala; que o Duda foi levado para a mata, porque descobriram que ele teria um encontro com a Cristina (...) que o declarante ficou sabendo que a Cristina foi morta naquele dia; que viu Duda sentado no Bacaba, que estava numa sala, com as mãos algemadas para trás; que um empregado do restaurante do Bacaba disse que iriam levar o Duda ao encontro de Cristina e outros guerrilheiros, já que os guerrilheiros tinham encontro marcado entre eles de 15 em 15 dias, para planejar novas ações. Manoel Leal de Lima, o Vanu, também declara que chegou a ver presos o Piauí, o Duda e o Pedro Carretel; que esses três foram transformados em guia; que esses três foram mortos no final da guerra no Bacaba; que o depoente acompanhou a equipe mas se separou antes deles serem mortos, só ouviuos tiros e uns quinze dias depois viu os corpos numa toca”.
O Relatório do Ministério da Marinha, apresentado em 1993 ao ministro da Justiça Maurício Corrêa, registra que Luiz René foi morto em combate, em Xambioá, em março de 19741.
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Biografia
1 BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p 242-3.
Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais
Processo: 00005.201754/2016-19
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.
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