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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: LÚCIA MARIA DE SOUZA
 
LÚCIA MARIA DE SOUZA

Nome: LÚCIA MARIA DE SOUZA

Pai: José Augusto de Souza

Mãe: Jovina Ferreira

Idade quando desaparecido: 29 anos

Dôssie
184/96
Procedimento administrativo CEMDP
00005.201803/2016-13
Nome
LÚCIA MARIA DE SOUZA
Data de Nascimento
22/06/1944
Municipio de Nascimento
São Gonçalo (RJ)
Codinome(s)
Sônia, Marisa, Marize
Status
Desaparecido
Biografia
 

Estudante da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro participava do Movimento Estudantil como  integrante do PCdoB. Era respon-sável pela impressão e distribuição do jornal A Classe Operária, no Rio de Janeiro, nos anos de 1969 e 1970, atividade que realizava junto com Jana Moroni, também desaparecida no Araguaia. Afrodescendete, cursava o 4º ano da faculdade e era estagiária do Hospital Pedro Ernesto, quando entrou para a clandestinidade, indo viver na Região do Araguaia, próximo de Brejo Grande. Vivia com Libero Giancarlo Castiglia, também desaparecido. Destacou-se como parteira e no trabalho pesado de derrubada da mata. Era membro do Destacamento A, utilizando o nome Sônia. Em combate, foi ferida e morreu em 24/10/1973, próximo da grota Água Fria, onde seu corpo teria sido abando-nado, conforme depoimento de Agenor Morais da Silva.

 

Conforme o Relatório Arroyo: “no dia 23, pela manhã, dois outros companheiros foram levar, até a estrada que vai para São Domingos, um rapazinho que, por acaso, se encontrava com os nossos. Nesse mesmo dia, os demais, em número de 11, deslocaram-se para a margem es-querda do Fortaleza. Dois helicópteros e um avião começavam a sobrevoar a área. No dia 24, Sônia (Lúcia Maria de Souza) e Manuel (Rodolfo de Carvalho Troiano) foram ao encontro dos dois que haviam levado o rapazinho. Não encontraram. À tarde, novamente Sônia e Wilson (elemento de massa) voltaram ao local de encontro. Recomendou-se que não fossem por um pizeiro antigo, pois ali poderia haver soldados emboscados. Acontece que Sônia acabou indo pelo pizeiro e, como decidisse caminhar descalça, deixou a botina no caminho. Quando voltou não encontrou a botina. Pensou que fosse brincadeira de gente de massa. Chamou por um nome conhecido. Apareceu uma patrulha do Exér-cito que atirou nela, deixando-a ferida. Os soldados – segundo relatou gente de massa – perguntaram-lhe o nome. E ela respondeu que era uma guerrilheira que lutava por liberdade. Então o que comandava a patrulha, respondeu: ‘Tu queres liberdade. Então toma...’ - desfechou vários tiros e matou-a. Wilson conseguiu escapar”. vários tiros e matou-a. Wilson conseguiu escapar”. vários tiros e matou-a. Wilson conseguiu escapar.

 

O “livro negro do terrorismo”, elaborado pelo CIE por determinação do ministro Leônidas Pires Gonçalves, registra: “Ainda no mês de ou-tubro, nessa mesma região, helicópteros assinalaram um grupo de terroristas deslocando-se pela estrada que demanda a São Domingos. Orientada uma patrulha para a área, houve o encontro do qual resultou um terrorista morto e possivelmente pelo menos um ferido. O morto seria identificado como Lúcia Maria de Souza (Sônia) seria identificado como Lúcia Maria de Souza (Sônia) seria identificado como Lúcia Maria de Souza (Sônia).

O relatório do Ministério do Exército afirma que “foi morta no dia 24/10/1973, em confronto com as forças de segurança ocorrido entre Xambioá (GO) e Marabá (PA)”. Em entrevista à revista IstoÉ(04/09/1985), o então major Sebastião Rodrigues de Moura, o Curió, - atual- IstoÉ (04/09/1985), o então major Sebastião Rodrigues de Moura, o Curió, - atual- IstoÉ mente coronel da reserva e um dos primeiros oficiais do CIE enviado para o Araguaia - revelou que Lúcia foi ferida, caiu e sacou um revólver escondido na bota, ferindo-o no braço e a um capitão do CIE, Lício Augusto Ribeiro Maciel no rosto.

 

Elio Gaspari, em A Ditadura Escancarada, descreve com detalhes a morte de Lúcia Maria, a Sônia, e desfaz fantasias de algumas importantes fontes militares sobre o episódio. No que tange ao general Hugo Abreu, o jornalista relata: “Anos depois, o general Hugo Abreu, que coman-dava a tropa pára-quedista, contou a seguinte história: ‘Lembro-me de um casal que matamos – eles mataram um major e eu tive de mandar matá-los. A moça deveria ter uns vinte anos e era belíssima, o rapaz, uns 25 anos. Digo a vocês que não sentia ódio dos guerrilheiros. No caso desse casal, o que senti foi pena’. Hugo Abreu revelava o seu  mundo de fantasias. Não morreu major no Araguaia. A guerrilheira não foi morta por ordem de ninguém, mas na cena do combate em que feriu os dois oficiais. O acompanhante de Sônia não tinha 25 anos, nem morreu. Era um adolescente e fugiu. Foi achado dias depois e sobreviveu à guerrilha. Três moradores da região asseguram que o corpo de Sônia ficou na lama da Borracheira. Tornou-se repasto de animais”.

 

Jovem de origem pobre, com grandes dificuldades financeiras conseguiu ingressar na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, onde cursou até o 5º ano. Participava ativamente do movimento estudantil e era responsável, junto com Jana Moroni, pela impressão e distribuição do jornal clandestino A Classe Operária, no Rio de Janeiro nos anos de 1969 e 70. Em 1970 mudou-se para a região do Araguaia, indo viver no sítio Chega com Jeito, próximo a Brejo Grande. Pessoa muito carinhosa, rapidamente conquistou a amizade dos companheiros e moradores da região. Destacou-se como parteira, sendo por isto muito estimada. Esforçava-se bastante para se adaptar às novas condições, chegando a superar muitos companheiros homens no trabalho físico de derrubada de mata, no uso do facão, na capacidade de transportar grandes pesos. Sua vontade de aprender sempre mais, levava-a a estudar até tarde da noite, sob a luz do lampião, tanto os compêndios de medicina, como os clássicos marxistas. Era grande admiradora de música clássica. Era membro do Destacamento A - Helenira Resende. Ferida em combate, ao ser presa e interrogada sobre qual era o seu nome respondeu: “Sou uma guerrilheira que combate pela liberdade. Guerrilheiro não tem nome!” Irritados, seus algozes assassinaram-na no próprio local, em 24/10/73, próximo da grota Água Fria, onde seu corpo teria sido abandonado. Vivia com Libero Giancarlo Castiglia1.

 

Local de morte/desaparecimento

 

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Circustância de morte/desaparecimento

 

Organização política ou atividade
PCdoB
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
ACE 54730/86
Referências

 

Biografia
1 BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p 247.

Descrição (resumo do procedimento administrativo)
 

Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais


Processo: 00005.201803/2016-13
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.


Data da publicação no DOU
04/12/1995
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