Nome: LOURIVAL MOURA PAULINO
Pai: Joaquim Moura Paulino
Mãe: Jardilina Santos Moura
Idade quando desaparecido: 55 anos
A primeira morte de um prisioneiro no Araguaia foi a do barqueiro Lourival, morador da região, de aproximadamente 55 anos, que também mantinha atividade como lavrador. Preso em 18 de maio de 1972 pelo Exército, sob a suspeita de colaborar com a guerrilha, uma vez que era visto como muito amigo de Osvaldão, foi encontrado morto na delegacia de polícia de Xambioá, como se tivesse se enforcado.
No processo policial arquivado naquela cidade – nº 105/90 de 17/09/1990 -, encontrado pela comissão de familiares, representantes de entidades de Direitos Humanos e parlamentares que visitou a região em abril de 1991, consta que Lourival deu entrada na Delegacia de Xambioá no dia 18/05/1972, aproximadamente às 15h30min, após ser detido pelo Exército, a fim de ser interrogado por suspeita de sub-versão. Três dias depois, teria se suicidado com a corda da rede de dormir que o filho lhe trouxera. O delegado de Xambioá, à época, era Carlos Teixeira Marra e o carcereiro era o 2° sargento da Polícia Militar Salomão Pereira de Souza.
O filho do barqueiro, Ruiderval Miranda Moura, que tirou a corda do pescoço do cadáver, afirma que a corda usada não era a que ele levou e, sim, uma diferente, mais fina e lisa. O delegado assinou, o dia 22/05, uma autorização de remoção do corpo para Marabá, a fim de ser entregue à família para sepultura. No depoimento do ex-preso político José Genoíno Neto, em Auditoria Militar, à época, ele afirmou que “quando estava na cadeia de Xambioá, na cela ao lado foi enforcado um lavrador que se chamava Lourival Paulino’’.
No livro O Nome da Morte, do jornalista Klester Cavalcanti, onde é contada a história do matador de aluguel Júlio Santana, aparecem novas informações sobre a morte de Lourival. Segundo depoimento de Júlio, que na época, aos 17 anos, foi contratado como mateiro pelo Exército, Lourival foi torturado por duas noites seguidas pelo delegado Carlos Marra e por soldados do Exército. Júlio conta que, ao chegar à delegacia, no dia 21/05 pela manhã, “(...) A imagem era assustadora. O corpo de Lourival estava suspenso, a meio metro do chão, amarrado pelo pescoço a uma viga de madeira do teto e vestido apenas com a cueca. Os olhos esbugalhados, pareciam pintados de vermelho. Do lado esquerdo do rosto, o barqueiro tinha um inchaço roxo, do tamanho de uma laranja. A barriga apresentava marcas avermelhadas e longas, que Júlio adivinhou ter sido feitas por pauladas com o cabo de vassoura que viu jogado no canto da cela. (...) As mãos do morto estavam amarradas para trás.(...)” (páginas 124 e 125).1
Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais
Processo: 00005.201802/2016-61
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.
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