Nome: LÍBERO GIANCARLO CASTIGLIA
Pai: Luigi Castiglia
Mãe: Elena Gibertini
Idade quando desaparecido: 29 anos
Italiano da cidade de San Lucido, na Calábria, Libero veio para o Brasil com a mãe, Elena Castiglia, e os três irmãos, em 1955. Tinha 11 anos de idade. O pai, o pedreiro Luigi Castiglia, já havia desembarcado no Rio de Janeiro em 1949. Elena era filiada ao Partido Comunista Italiano e Luigi ao Partido Socialista. No Rio, moraram em Bonsucesso e em Ramos. Libero fez um curso de torneiro mecânico no Senai e começou a trabalhar como operário metalúrgico.
Tornou-se amigo, desde a adolescência, de André Grabois, também desaparecido no Araguaia. Em 1963, ajudou a pichar o morro do Pão de Açúcar com a palavra “Fidel”, em homenagem ao líder da revolução cubana. Após abril de 1964, devido a perseguições políticas, passou a militar clandes-tinamente e residiu em Rondonópolis, onde teve uma oficina com Daniel Calado. Em 1967, sua mãe ficou sabendo que Giancarlo tinha ido para a China, enviado pelo PCdoB. No Natal de 1967, chegou ao Araguaia, junto com Maurício Grabois e Elza Monnerat, estabelecendo residência na área da Faveira, onde abriu um pequeno comércio. Também trabalhava na roça e como piloto de um pequeno barco a motor.
No Araguaia, Libero adotou o codinome João Bispo Ferreira da Silva. Era conhecido na região por Joca. Era tão popular que virou padrinho de várias crianças. Na guerrilha, tornou-se companheiro de Lúcia Maria de Souza, a Sônia, estudante de medicina, negra, nascida em São Gonçalo, no Rio. Segundo relatos de seus companheiros, era solidário, estava sempre disposto a ajudar e a cumprir as tarefas mais difíceis. Foi comandante do Destacamento A. Mais tarde, passou a fazer parte da Comissão Militar, sendo substituído por André Grabois no comando daquele destacamento. Está desaparecido desde o ataque às Forças Guerrilheiras no dia 25/12/1973.
Em 1970, a mãe Elena adoeceu e, por recomendação médica, voltou para San Lucido. Hoje, aos 90 anos, ainda guarda a esperança de saber o que aconteceu com seu filho.
O governo da Itália já gestionou formalmente junto ao governo brasileiro, manifestando interesse na localização dos restos mortais de Castiglia, para possível traslado e funeral na Itália. Em 07/02/2007, matéria do jornalista Hugo Marques, na revista IstoÉ, trouxe declarações IstoÉ, trouxe declarações da mãe de Libero: “Nossa família está pedindo ao governo da Itália que peça ao governo brasileiro notícias sobre este cidadão italiano.(...) O meu filho é uma pessoa que só queria um Brasil melhor, liberdade e igualdade”. Em seguida, a senhora nonagenária faz um apelo direto ao presidente brasileiro: “Lula foi um companheiro que sofreu muito também (...) Ele só tem que lembrar da sua história passada”. Prossegue o texto do jornalista: “O caso Castiglia tem potencial para trazer muitos problemas ao Exército. O corpo de Libero Giancarlo é a prova material necessária que pode levar os italianos a exigir o julgamento na Corte Internacional de Justiça, em Haia, dos militares brasileiros responsáveis por sua morte. A mãe Elena acaba de escrever para o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, exigindo que pressione o governo brasileiro pelos restos do filho. Só os militares sabem onde ele está”.
Em março de 2007, Dona Elena foi visitada em sua residência, na Itália, por um representante da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, que colheu dela algumas gotas de sangue e pequenas amostras de unhas para o acervo do Banco de DNA dos familiares de mortos e desaparecidos políticos, que vem sendo montado desde setembro de 2006.
Operário, de origem italiana, muito jovem ainda, ingressou no Partido Comunista. Devido a perseguições políticas, com o golpe militar de 1964, passou a viver na clandestinidade. Esteve na China, onde fez cursos e, em 1967 mudou-se para a região do Araguaia.Era muito estimado pelos companheiros e pelos moradores da região, sendo, por isto mesmo, escolhido como padrinho de várias crianças. Era sempre o primeiro a se levantar e o último a se deitar. Muito solidário, estava sempre disposto a ajudar os companheiros e os moradores. Gostava de ouvir música clássica e noticiários, ficando, até altas horas da noite ouvindo rádio.Pertenceu ao Destacamento A e posteriormente à Comissão Militar1.
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Biografia
1 BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p.
Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais
Processo: 00005.201756/2016-08
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.
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