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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: HELENIRA RESENDE DE SOUZA NAZARETH
 
HELENIRA RESENDE DE SOUZA NAZARETH

Nome: HELENIRA RESENDE DE SOUZA NAZARETH

Pai: Adalberto de Assis Nazareth

Mãe: Euthália Resende de Souza Nazareth

Idade quando desaparecido:

Dôssie
148/96
Procedimento administrativo CEMDP
00005.201478/2016-81
Nome
HELENIRA RESENDE DE SOUZA NAZARETH
Data de Nascimento
11/01/1944
Municipio de Nascimento
Cerqueira César (SP)
Status
Desaparecido
Biografia

 

Nascida na pequena cidade de Cerqueira César, no interior paulista, próximo a Avaré, mudou-se para Assis aos quatro anos, onde cresceu. Concluiu ali o curso Clássico no Instituto de Educação Prof. Clibas Pinto Ferraz, onde foi uma das fundadoras do grêmio de representação dos alunos. Mudou-se então para São Paulo e cursou Letras na Faculdade de Filosofia da USP, localizada então na rua Maria Antônia, sendo eleita presidente do Centro Acadêmico. Tornou-se importante liderança no Movimento Estudantil, sendo conhecida também pelo apelido “Preta”. A primeira prisão de Helenira aconteceu em junho de 1967, quando escrevia nos muros da Universidade Mackenzie, na própria rua Maria Antônia, a frase: “Abaixo as leis da ditadura”. Voltou a ser presa em maio de 1968, quando convocava colegas a participarem de uma passeata na capital paulista.

Naquele mesmo ano de fortes mobilizações estudantis, foi presa pela terceira vez em Ibiúna (SP), agora como delegada no 30º Congresso da UNE, entidade da qual era vice-presidente. Na ocasião, quando o ônibus que transportava estudantes presos passou pela avenida Tiradentes, Helenira conseguiu entregar a um transeunte bilhete para ser levado à sua residência, no Cambuci, avisando a família sobre a prisão. Apontada como liderança no Movimento Estudantil, foi transferida do Presídio Tiradentes para o DOPS. Depois, a estudante seria transferida para o Presídio de Mulheres do Carandiru, onde ficou detida por dois meses. A família conseguiu libertá-la mediante habeas-corpus na véspera  da edição do AI-5. A partir de então, Helenira, que já era militante do PCdoB, passou a viver e atuar na clandestinidade, morando em vários pontos da cidade e do país antes de mudar-se para o Araguaia.

Conhecida como Fátima naquela região, integrou o Destacamento A da guerrilha, unidade que passou a ter seu nome após sua morte, em 28 ou 29/09/1972. Teria matado um militar e ferido outro, antes de ser ferida e morta. Metralhada nas pernas e torturada até a morte, segundo depoimento da ex-presa política Elza de Lima Monnerat na Justiça Militar, foi enterrada na localidade de Oito Barracas.

O jornal A Voz da Terra, de Assis, publicou na edição de 08/02/1979 extensa reportagem sob o título A Comovente História de Helenira. A matéria descreve sua juventude na cidade, filha de um médico negro, conhecido e respeitado por suas tendências humanistas. Informa também que a jovem se destacou como atleta, com desempenho especial na equipe de basquete da cidade, uma das melhores na região sorocabana. De acordo com esse jornal, o lugar onde Helenira tombou ferida se tornou uma poça de sangue, segundo soldados do Pelotão de Investigações Criminais, confirmando que a coragem da moça irritou a tropa.

Além da descrição de sua morte feita por Ângelo Arroyo, já registrada anteriormente, sabe-se que o Relatório da Aeronáutica, de 1993, afirma que Helenira era militante do PCdoB e guerrilheira no Araguaia. No arquivo do DOPS/PR, sua ficha foi encontrada na gaveta com a identificação “falecidos”. No “livro secreto” do Exército, divulgado pela imprensa em abril de 2007, consta a respeito dela na página 724: “No dia 28(de setembro de 1972), um grupo que realizava um patrulhamento quase caiu numa emboscada fatal. No entanto, falhou a arma ou fraquejou um dos terroristas e o grupo foi alertado. Como se tratasse de uma passagem perigosa, o grupo tinha exploradores evoluindo pela mata, os quais reagiram a tempo. O terrorista cuja arma falhara logrou fugir. O outro, que abriu fogo com uma espingarda calibre 16, caiu morto no tiroteio que se seguiu. Trata-se de Helenira Resende de Souza Nazareth (Fátima), do destacamento A”. 

O relatório do Ministério Público Federal de São Paulo, assinado pelos procuradores Marlon Alberto Weichert, Guilherme Schelb, Ubiratan Cazetta e Felício Pontes Jr, de 28/01/2002, também registra a partir de depoimentos tomados de moradores da área, quase 30 anos depois: “Fátima: HELENIRA REZENDE, foi vista por um depoente, baleada na coxa e na perna, sendo carregada em cima de um burro de um morador da região, próximo à localidade de Bom Jesus. Outro depoente ouviu referências de que Fátima foi vista na base de Oito Barracas. E um terceiro conta que ‘ouviu falar’ ter Fátima chegado já morta em Oito Barracas, em função de ferimentos”. Os procuradores também registram como  conta que ‘ouviu falar’ ter Fátima chegado já morta em Oito Barracas, em função de ferimentos”. Os procuradores também registram como  conta que ‘ouviu falar’ ter Fátima chegado já morta em Oito Barracas, em função de ferimentos” possível local de sepultamento as proximidades do igarapé Tauarizinho, na base de Oito Barracas1.

Entre 1969 e 1972, a família de Helenira foi chamada sistematicamente a prestar declarações ao DOPS/SP e ao II Exército1.
 

 

Local de morte/desaparecimento

 .

Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
NC
Referências

 

Biografia
1 BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p.

Descrição (resumo do procedimento administrativo)
 

Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais


Processo: 00005.201478/2016-81
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.


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