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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: DIVINO FERREIRA DE SOUZA
 
DIVINO FERREIRA DE SOUZA

Nome: DIVINO FERREIRA DE SOUZA

Pai: José Ferreira de Souza

Mãe: Maria Gomes dos Santos

Idade quando desaparecido: 31 anos

Dôssie
030/96
Procedimento administrativo CEMDP
00005.201768/2016-24
Nome
DIVINO FERREIRA DE SOUZA
Data de Nascimento
12/09/1942
Municipio de Nascimento
Caldas Novas (GO)
Status
Desaparecido
Biografia

 

Filho de uma família pequena, tinha apenas uma irmã, Terezinha. A família mudou-se de Caldas Novas para Goiânia em 1947. Já aos 8 anos de idade, passou a trabalhar vendendo jornais. Ainda estudante do Colégio Comércio de Campinas, participou de várias greves. Em 1961 tornou-se membro da União Goiana dos Estudantes Secundaristas. O relatório do Ministério do Exército, de 1993, atribui a ele a participação em um assalto ao Tiro de Guerra de Anápolis (GO), em 1965, de onde foram roubadas armas e munições.

Em 1966, Divino viajou para a China junto com Michéas Gomes de Almeida, o Zezinho do Araguaia, que retirou da área Ângelo Arroyo no início de 1974. Numa escala no aeroporto de Karachi, no Paquistão, a CIA teria retido por duas horas o avião querendo prender Divino. A solidariedade dos demais passageiros teria inviabilizado a tentativa da agência norte-americana de inteligência e o grupo conseguiu chegar a Pequim, onde recebeu capacitação política e militar.

Depois da China, Divino regressou clandestinamente ao Brasil, indo viver no interior de Goiás e depois no Araguaia, na região de Brejo Grande, onde trabalhava como comerciante e agricultor. Lá passou a integrar o destacamento A da Guerrilha, sendo conhecido por Nunes.

As condições em que foi morto já foram detalhadas na descrição das mortes anteriores. O Relatório do Ministério da Marinha o relaciona entre os que estiveram ligados à tentativa de implantação de guerrilha rural pelo Comitê Central do PCdoB, em Xambioá, e traz como data da morte 14/12/1973, aparentemente por equívoco em relação ao mês.

Há convergentes informações no sentido de que Divino foi preso vivo. O jornalista Elio Gaspari registrou em A Ditadura Escancarada: “Um dos mortos era Zé Carlos, filho de Grabois. O oficial que comandava a tropa mandou que o mateiro Vanu os enterrasse na direção do rio. Um dos feridos era Nunes, um veterano do curso na China, que vivera como comerciante na região. Enquanto foi interrogado na mata, ameaçou os militares com a possibilidade da chegada da imprensa e da televisão àquele pedaço de selva, para que registrassem o que lá acontecia. O outro era Antonio Alfredo Campos, um lavrador analfabeto. Foram levados de helicóptero para a Casa Azul e assassinados”.

Ainda mais contundente é o depoimento prestado pelo guia Manoel Leal Lima, o Vanu, em 28/01/2001, aos procuradores da República Marlon Weichert, Guilherme Schelb, Ubiratan Cazetta e Felício Pontes Junior: “Que na primeira vez que foi usado como guia foi para a localidade chamada Caçador, acompanhando o Major Adurbo e o Sargento Silva, um Cabo e cinco soldados; Que dormiram na mata e no outro dia, por volta de três a quatro horas da tarde ouviram tiros, foram em direção ao local e o depoente identificou um grupo de cinco guerrilheiros que portava fardamento e arma da PM, que haviam roubado do Posto do Entroncamento; Que este grupo estava matando três porcos, na casa do velho Geraldo; Que o depoente disse para os militares que eram os guerrilheiros Zé Carlos, Nunes, Alfredo, João Araguaia e Zé Bom; Que a tropa do Exército abriu fogo contra os guerrilheiros; Que foram pegos de surpresa no momento em que se preparavam para carregar os porcos, os guerrilheiros estavam conversando e as coisas sendo preparadas para levantar acampamento; Que morreram no local Zé Carlos, Alfredo e Zé Bom; Que João Araguaia conseguiu fugir e que NUNES foi baleado, vindo a morrer em Marabá no dia seguinte; Que depois do tiroteio o Sargento CID passou a noite toda aplicando anestesia no guerrilheiro para que ele agüentasse a investigação; Que o preso, baleado, foi interrogado a noite toda sobre os locais por onde tinha passado, onde havia lutado, quantas pessoas havia matado e outras investigações sobre a guerrilha; Que durante o interrogatório o preso pedia que o seu interrogatório fosse divulgado na televisão;...Que os corpos dos mortos foram fotografados no heliponto; Que depois de fotografados foi feito (sic) uma vala rasa onde coubesse os três corpos que foram cobertos com terra e pau..”1.

 

Local de morte/desaparecimento

 

...

Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
NC
Referências

 

Biografia

1 Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p. 220-1.

Descrição (resumo do procedimento administrativo)
 

Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais


Processo: 00005.201768/2016-24
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.


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