Biografia
O estudante e bancário Roberto Macarini, de 19 anos, foi preso em São Paulo no dia 27/04/1970 e levado à sede da OBAN, onde foi submetido a violentas torturas. Militante da VPR, teria sido levado pelos agentes policiais, conforme a versão oficial, a um suposto encontro com companheiros da organização clandestina no Viaduto do Chá, onde atirou-se sobre o Vale do Anhangabaú, tendo morte instantânea.
Foi sepultado por seus familiares no cemitério da Vila Formosa.
De acordo com denúncia apresentada por presos políticos, de fevereiro de 1973, reproduzida no Dossiê dos Mortos e Desaparecidos, Macarini foi preso pelo DOI-CODI/SP e torturado pela equipe C, dirigida pelo capitão do exército Homero Machado e pelos seguintes policiais: escrivão de policia Gaeta; funcionário da Polícia Federal de alcunha “Alemão”, tenente da Aeronáutica que participou do IPM da Frente Unida dos Estudantes do Calabouço, de nome Alberto; o carcereiro de alcunha “Lungaretti”.
No dia 28/4/1970, Macarini foi retirado do DOI-CODI pela equipe do capitão PM Coutinho, capitão do Exército Benoni de Arruda Albernaz; capitão PM Tomas; investigador do DEIC Paulo Rosa; tenente do Cenimar de alcunha “Marinheiro”, cabo PM de alcunha “DKW”; um delegado de polícia que anteriormente havia servido em São Carlos (SP), de alcunha “Dr. Raul”, e outros.
Fichas sobre Roberto Macarini foram encontradas nos arquivos do DOPS de São Paulo e se referem ao suicídio, ao material de imprensa contendo a denúncia da morte sob tortura e, em uma delas, consta textualmente: torturado p/ equipe C do Exército.
O já mencionado relatório da Marinha, de 1993, confirma a versão oficial, agregando que o fato não fora noticiado para não prejudicar as operações em curso de desmantelamento da VPR. A requisição do laudo de necropsia foi feita pelo delegado Michel Miguel, está assinalada com um “T”, e é assinada pelos médicos legistas Samuel Haberkorn e Paulo Augusto Queiroz Rocha, que atestaram a causa mortis como “choque traumático, lesões traumáticas crânio encefálicas”.
A relatora pediu a aprovação alegando que fora confirmada a prisão e, conforme a própria ficha do DOPS, a tortura. Foi acompanhada em seu voto por todos os integrantes da CEMDP.