Nome: DÊNIS CASEMIRO
Pai: Antônio Casemiro Sobrinho
Mãe: Maria dos Anjos Casemiro
Idade quando desaparecido:
Militante da VPR, com passagem anterior pela Ala Vermelha, seu nome também integra a lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95. Paulista de Votuporanga, irmão de Dimas Casemiro, do MRT, morto em São Paulo na mesma época, era trabalhador rural e desenvolvia trabalho político clandestino no sul do Pará, onde cuidava de um sítio próximo a Imperatriz (MA). Provavelmente foi localizado naquela região e preso pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, em fins de abril de 1971, sendo levado para o DOPS/SP, onde permaneceu por quase um mês. Durante esse período, era sempre transportado pelos corredores com um capuz cobrindo o rosto, para impossibilitar sua identificação pelos demais presos. Um desses presos era Waldemar Andreu, conterrâneo de Dênis, que chegou a conversar com ele por alguns minutos. Dênis estava confiante de que a retirada do capuz era sinal de que o perigo de morrer havia passado – mas foi morto em 18 de maio de 1971.
Em relatório encontrado nos arquivos do DOPS/SP, o delegado Sérgio Paranhos Fleury não esconde o sinismo ao narrar o episódio da morte de Denis. Fleury reporta que voltava do Rio de Janeiro, transportando o preso, quando, ao se aproximarem de Taubaté (SP), Denis declarou que, em Ubatuba (SP), havia um campo de treinamento da VPR. O delegado resolveu, então, seguir até lá para que fosse indicado exatamente o local da área de treinamento.
Ao iniciarem a descida da serra, Denis teria dito que necessitava fazer necessidades fisiológicas. Apesar da neblina e da garoa que caía, Fleury autorizou que a viatura parasse, atendendo à insistência do preso. Inesperadamente, quando baixava as calças, segundo o relato sarcástico, Denis apoderou-se da arma de um policial, tendo outro imediatamente alvejado Denis, que, mesmo ferido, conseguiu fugir. Fleury seguiu para Ubatuba, onde deixou de sobreaviso o delegado de polícia na cidade. Na manhã seguinte, Fleury teria sido informado pelo delegado que Denis estava na Santa Casa local, onde assumira a própria identidade e dissera que fora baleado pelos policiais que o transportavam, contando, segundo Fleury, uma história diferente do que ocorrera. O delegado de Ubatuba manteve o preso incomunicável. Fleury mandou que seus agentes o buscassem. Na estrada, encontraram-se casualmente com a viatura que transportava Denis para atendimento médico na capital. Os agentes de Fleury, sempre conforme a ficção mordaz do relatório, receberam o preso e rumavam com toda pressa para a capital, a fim de que pudesse ser medicado, mas o preso não resistiu, e morreu, sendo encaminhado ao necrotério do Instituto de Polícia Técnica.
Esse relatório registra que Denis teria chorado e implorado pela própria vida e foi mostrado pelos policiais a alguns presos, posteriormente, como ameaça de que algo igual poderia acontecer com aqueles que não colaborassem.
Na requisição de exame ao IML, assinada pelo delegado do DOPS Alcides Cintra Bueno Filho, não consta o local onde teria sido encontrado o cadáver, e é datada de 19/05, mas informa que o corpo teria entrado no IML no dia anterior. No laudo necroscópico, realizado pelos legistas Renato Cappelano e Paulo Augusto de Queiroz Rocha, está descrita a trajetória dos tiros que teriam matado Denis Casemiro, ocultando-se qualquer referência a marcas de torturas.
Dênis foi enterrado como indigente no Cemitério Dom Bosco, em Perus, capital paulista, com os dados pessoais alterados. No livro de registro de sepultamentos, ele teria 40 anos e os demais dados de identificação ignorados. Na realidade, tinha 28 anos e todos os seus dados constavam do atestado de óbito. Nenhuma comunicação oficial da morte foi feita pelas autoridades. Sua ossada foi localizada a partir das investigações sobre a Vala de Perus.
No dia 13 de agosto de 1991, os restos mortais de Denis Casemiro, Antonio Carlos Bicalho Lana e Sonia Maria de Moraes Angel Jones, exumados do mesmo cemitério, foram trasladados. Houve ato na Catedral da Sé, em São Paulo e depois Denis foi velado na Câmara Municipal de Votuporanga, com missa de corpo presente na igreja matriz.
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