Nome: ORNALINO CÂNDIDO DA SILVA
Pai: Sebastião Cândido da Silva
Mãe: Dorcília Cândida da Silva
Idade quando desaparecido:
Ornalino Cândido da Silva foi morto aos 19 anos, numa outra manifestação estudantil em protesto contra o assassinato de Edson Luiz Lima Souto, no quarto aniversário do regime ditatorial, desta vez em Goiânia (GO), dia 01/04/1968, com um tiro na cabeça disparado por policiais que o confundiram com outro estudante. Filho de família pobre, começou a trabalhar desde cedo como lavador de carros. Era casado com Maria Divina da Silva Silvestre, com quem teve um filho.
Na noite anterior à passeata, Ornalino havia ajudado a confeccionar os cartazes de protesto no Diretório Central dos Estudantes, e convocou seus amigos para a manifestação. No dia seguinte à sua morte, o jornal O Social informou: “Traindo a palavra empenhada ao arcebispo metropolitano e ao bispo auxiliar de Goiânia, o coronel Pitanga, secretário de Segurança Pública de Goiás e comandante da Polícia Militar, determinou que seus comandados armassem criminosa cilada contra os estudantes, que após o comício retiravam-se pacificamente, rumo à Faculdade de Direito.(...) Armados com fuzis, metralhadoras, bombas, cassetetes e revólveres, os militares cometeram toda sorte de violências, culminando com o fuzilamento de um transeunte, que, alheio ao Movimento Estudantil, postava-se nas imediações do Mercado Central, quando foi mortalmente atingido por um sargento da Polícia Militar, que, deliberadamente, sacou seu revólver, apontou para o jovem desconhecido e acionou o gatilho, julgando, talvez, tratar-se do líder estudantil Euler Vieira, dada a semelhança física entre o desconhecido e o estudante”.
Com efeito, depoimentos incorporados ao processo na CEMDP confirmam a grande semelhança física entre Ornalino e Euler Ivo Vieira, destacada liderança estudantil de Goiás naquela época, bem como registram ameaças explícitas que foram dirigidas a Euler nas vésperas, que chegou a receber pedidos para não participar da mobilização porque seria morto pelos policiais.
Autoridades do Estado sustentaram que houve tiroteio. Mas o tiro foi certeiro, na região temporal esquerda da cabeça, o que seria difícil se Ornalino estivesse correndo. O presidente do Grêmio Literário Felix de Bulhões, do Colégio Estadual de Goiânia, Allan Kardek Pimentel, disse que o estudante, mesmo precisando trabalhar para se sustentar, não deixava de participar das mobilizações, e tinha consciência do momento político. “Ele tinha uma profunda percepção do papel da juventude naquele ano difícil. Ele era o mascote do grupo”, contou Allan. Seu enterro teve a participação de muitos estudantes.
Documentos particulares do morto não foram juntados, sob a alegação de terem desaparecido. Buscas empreendidas pela família em cartórios e na Secretaria de Segurança Pública, com o intuito de obter 2ª via, resultaram infrutíferas. O único documento anexado foi o atestado de óbito.
O relator do processo na CEMDP votou pelo indeferimento, por considerar que o caso não se enquadrava na Lei nº 9.140/95, em virtude de não ter havido qualquer comprovação de participação ou acusação de participação em atividades políticas. Foi feito um pedido de vistas ao processo, para ser anexados documentos confirmando a participação política de Ornalino. O relatório foi apresentado em 24/04/1997, e houve novo pedido de vistas. Mesmo com o voto contrário do novo relatório, em 15/05/1997 a CEMDP deferiu o processo em votação apertada, de 4 a 3.
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