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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: CARLOS EDUARDO PIRES FLEURY
 
CARLOS EDUARDO PIRES FLEURY

Nome: CARLOS EDUARDO PIRES FLEURY

Pai: Hermano Pires Fleury Junior

Mãe: Maria Helena Dias Fleury

Idade quando desaparecido:

Dôssie
...
Procedimento administrativo CEMDP
168/96
Nome
CARLOS EDUARDO PIRES FLEURY
Data de Nascimento
05/01/1945
Municipio de Nascimento
São Paulo (SP)
Status
Morto
Biografia

Um dos principais dirigentes do MOLIPO, morto misteriosamente no Rio de Janeiro em 10/12/1971, Carlos Eduardo foi o segundo ex-preso político banido do país a ser executado depois de regressar ao Brasil para novo engajamento na resistência clandestina ao regime militar. Nascido na capital paulista, tinha sido estudante de Filosofia na USP e, simultaneamente, de Direito na PUC/SP. Fora enviado à Argélia em junho de 1970, sendo um dos 40 presos políticos libertados em troca do embaixador alemão no Brasil, seqüestrado numa operação conjunta entre a VPR e a ALN.


Sua prisão anterior, como subcomandante do Grupo Tático Armado da ALN, tinha ocorrido em São Paulo, em 30/09/1969. Naquela ocasião, foi torturado dias seguidos na OBAN. Transferido para o Presídio Tiradentes, escreveu uma carta ao seu antigo professor na Faculdade de Direito e ministro interino da Justiça, Manoel Gonçalves Ferreira Filho, denunciando as torturas sofridas por ele e por seus companheiros de prisão. Denunciou na mesma carta que Virgílio Gomes da Silva, dado como desaparecido, tinha sido, na verdade, assassinado a pancadas e choques no pau-de-arara, na antevéspera do seu próprio suplício.


“Não vou enumerar exatamente o que sofri momento a momento, vou dar alguns exemplos dos métodos de interrogatórios que sofri: o pau-de-arara, telefone, choques na cabeça, nos órgãos sexuais e no resto do corpo todo como o mostram as cicatrizes que tenho até hoje. Os choques que levei no 2º dia de tortura foram de 220 volts e durante mais de cinco horas seguidas pendurado no pau-de-arara, o que me causou uma parada cardíaca. Quando isto ocorreu estavam chegando, naquele momento, na OBAN, os delegados do DOPS, Tucunduva, Fleury e Raul Ferreira. Foram estas pessoas que me fizeram voltar à vida, através de massagem no coração, fricção com álcool pelo corpo, etc, pois o pessoal da OBAN deu-me como clinicamente morto. Esta sessão de cinco horas de 220 volts foi precedida por uma tarde inteira de agressões e choques na cadeira do dragão, além de ter ficado na noite anterior das 22h30 até 6h30 da manhã deste dia no pau-de-arara, levando choques”.


Preferindo morrer a prosseguir naquelas sevícias, Carlos Eduardo inventou um encontro falso na avenida Brigadeiro Luís Antônio, escapou dos agentes, entrou em uma loja, apossou-se de uma tesoura e a enfiou no peito, embora a lâmina não tenha atingido órgão vital. Levado para o Hospital das Clínicas, recuperou-se e, conforme relata na carta ao ministro, voltou ao pau-de-arara e à cadeira do dragão quando levado de volta à prisão. A respeito de sua morte, o laudo de necropsia registra que Carlos Eduardo teria sido encontrado morto no interior de um veículo com um tiro. Seu corpo foi registrado no IML/RJ com o nome de Nelson Meirelles Riedel, pela Guia nº 235, da 23ª Delegacia de Polícia. Nota oficial divulgada pelos órgãos de segurança afirma que sua morte ocorreu ao final de tiroteio na praça Avaí, nas proximidades do Méier, cidade do Rio de Janeiro, após tentar abandonar o carro que fora abordado pelos agentes, por volta de 3h30 da madrugada.


A versão apresentada, além de inverossímil, é contraditória nos próprios documentos oficiais examinados. O relator da CEMDP analisou o laudo de necropsia e as fotografias da perícia de local. Carlos Eduardo tinha marcas perceptíveis de algemas nos pulsos, o que por si só
já confirma sua prisão com vida e derruba a credibilidade da versão oficial. Os ferimentos em seu corpo comprovam: a trajetória dos 12 tiros que recebeu é de frente para trás, o que dificilmente corresponderia aos ferimentos de alguém que estivesse em um banco traseiro do automóvel metralhado dos quatro lados. A imprensa, que divulgou amplamente sua morte, chamou atenção para o fato de o corpo ter sido encontrado exatamente no mesmo local onde, tempos atrás, agentes policiais tinham sido rendidos, foram algemados e tiveram a viatura incendiada. Um dos jornais do Rio noticiou o fato como sendo a morte do sucessor de Marighella.

Por unanimidade, a CEMDP acompanhou o voto do relator Nilmário Miranda pelo deferimento do processo.

Local de morte/desaparecimento
...
Organização política ou atividade
MOLIPO
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
...
Data do julgamento
18/03/1996
Resultado do julgamento
Deferido
Data da publicação no DOU
21/03/1996
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