Nome: NELSON JOSÉ DE ALMEIDA
Pai: Manoel Cezalpim de Almeida
Mãe: Ana Tereza de Almeida
Idade quando desaparecido:
O estudante mineiro Nelson José de Almeida era filho de camponeses humildes da região do Vale do Rio Doce. Aos 10 anos, mudou-se com sua família de Mendes Pimentel para Governador Valadares. Desde muito cedo já trabalhava, vendendo produtos agrícolas. Depois de terminar o antigo primário, mudou-se novamente, com a família, desta vez para Brasília, onde o irmão mais velho já estava morando. Nelson teve que encarar serviços pesados, como ajudante de pedreiro, apesar de sua pouca idade. Estudou, à noite, em Sobradinho, e assim concluiu o curso ginasial.
Foi nessa época que passou a militar na Corrente, grupo dissidente do PCB em Minas Gerais, incorporado mais tarde à ALN. Documentos dos órgãos de segurança do regime militar o acusam de ter participado em algumas ações armadas em Belo Horizonte, sendo que no assalto a uma boate, em 01/12/1968, teria disparado contra um cozinheiro, que foi ferido mas sobreviveu.
Nelson foi morto aos 21 anos, em 11/04/1969, na cidade de Teófilo Otoni. Na prisão, foi reconhecido pelo soldado, Artur Orozimbo, seu colega de infância, que avisou a família de sua morte. Há diferentes versões para as circunstâncias concretas da morte nos documentos oficiais, não tendo sido possível constatar a verdade, apesar do grande empenho do relator. Alguns documentos informam que teria morrido durante assalto a uma agência da Caixa Econômica Federal em Teófilo Otoni, assalto esse que nunca ocorreu. Outros documentos registram que fora capturado em diligência policial e que, ao tentar fugir foi baleado, tendo morrido em um hospital da cidade. Outra versão é dada no atestado de óbito, onde consta que Nelson falecera na via pública, à rua Wenefredo Portella - endereço da cadeia e do Quartel da PM e Tiro de Guerra.
O assento de óbito foi feito em 12/04/1969, tendo sido declarante o cidadão João Gabriel da Costa, mais conhecido por “Siono”, agente funerário da cidade durante meio século. O atestado foi firmado por Christobaldo Motta de Almeida, que declarou “rigidez, hipóstase dorsal, hipotermia, midríase”. Como causa da morte, a indicação de “ferida perfuro contusa do tórax com lesão de órgão e víscera interna, dando em conseqüência grave hemorragia interna – conforme certidão da necropsia”.
Para a CEMDP, a prova definitiva foi localizada nos arquivos do STM, quando encontrado um documento da PM de Minas Gerais com o seguinte teor:
“Belo Horizonte - 20 de maio de 1969
Do Major PM Rubens Jose Ferreira, Chefe Int. da G/2
Ao Senhor Tem. Cel. EB Manoel Alfredo Camarão de Albuquerque
DD Encarregado de IPM
OFICIO Nº 730-69
ASSUNTO: MATERIAL APREENDIDO DE NELSON JOSÉ DE ALMEIDA
REFERÊNCIA: ‘OPERAÇÃO CORRENTE’
I - No dia 10 de Abril de 1969 esta Secção enviou a Teófilo Otoni, MG, o 1º Tenente PM MURILO AUGUSTO DE ASSIS TOLEDO, a fim de fazer o levantamento do ‘Aparelho da Corrente’, localizado naquela cidade e, se encontrado, prender os componentes da referida ‘Organização’ que poderiam ser ali encontrados.
II - O Oficial, com a ajuda do Contingente Policial daquela cidade, localizou o endereço - Travessa do Rubim, 23 -, constatando a existência, de fato, do ‘Aparelho’.
III - Durante a diligência foi capturado, ao chegar no ‘Aparelho’, Nelson José de Almeida, que, posteriormente, ao forçar fuga, foi baleado e veio a falecer em Hospital de Teófilo Otoni”.
O relator do processo concluiu, com as provas apontadas, que sem dúvida Nelson fora preso e morto sob a custódia da PM.
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