Nome: Therezinha Viana de Assis
Pai: Antônio Veriano de Assis
Mãe: Edith Viana de Assis
Idade quando desaparecido:
Therezinha estudou em Aracaju, sua cidade natal, e concluiu o curso de Economia na Universidade Federal de Sergipe. Mudou-se para Belo Horizonte, onde trabalhou na Caixa Econômica Federal. Foi presa e torturada em 1972 e, ao ser libertada um ano depois, exilou-se no Chile, onde fez curso de especialização na Universidade de Santiago. Naquele país, tornou-se militante do Movimento de Esquerda Revolúcionária (MIR). Ao sair do país teria utilizado o nome Therezinha Viana de Jesus, que consta em algumas das listas de mortos e desaparecidos políticos.
As referências acerca de seu engajamento político no Brasil são imprecisas, mas foi anexado ao processo na CEMDP um depoimento em que Gilberto Fernandes Gomes de Faria afirma taxativamente que Therezinha pertencia à AP em 1969, enquanto ele atuava na Corrente, organização que mais tarde se incorporaria à ALN. Assim como aconteceu com inúmeros outros militantes das organizações clandestinas, é possível que ela tenha tido mais de um engajamento partidário, conforme atesta um documento anexado por seu irmão ao processo.
Em setembro de 1973, após o golpe militar comandado por Augusto Pinochet, viajou para a Holanda. Morou inicialmente em Rotterdam e depois em Amsterdam, cidade em que prosseguiu seus estudos, doutorando-se em Economia. Até 15/09/1977, Therezinha trabalhou na prefeitura local, mas seu contrato não foi renovado. O desemprego agravou os problemas psicológicos que vinha apresentando.
Em carta enviada em 07/02/1978 por um exilado brasileiro na Holanda ao bispo de Lins (SP), Dom Pedro Paulo Koop, a morte é informada com as seguintes palavras:
“Prezado Dom Pedro Paulo, Com muito pesar comunico a todos que lerem e ao senhor que Teresinha de Jesus, nascida aos 22/02/1941 e exilada na Holanda desde princípios de janeiro de 1974, dia 3 de fevereiro p.p. às 12:00 horas, se jogou da janela de seu quarto, do 3º andar de um edifício em Amsterdam. Em conseqüência deste acidente, ela sofreu fraturas das costelas e uma grande hemorragia no baço. Foi atendida na Academische Ziekenhuis da Vrije Universiteir naquela cidade, e sendo operada veio a falecer às 21:05 do mesmo dia de distúrbios do coração.(...) Sofreu no exílio longamente todos os problemas psicológicos referentes ao isolamento que marca esta vida”.
Sua irmã Selma Viana de Assis Pamplona escreveu sobre ela: (...) Em meados de 1977 Therezinha começou a me escrever, dizendo estar se sentindo seguida, pois onde estava via as mesmas duas ou quatro pessoas; em julho de 1977 saiu de férias da Prefeitura e fez curso de línguas; viajou pela Rússia e países da Europa Oriental e onde chegava encontrava as mesmas pessoas. Quando voltou da viagem encontrou o seu apartamento todo remexido, desarrumado. Observou que o seu telefone estava “grampeado” e pedia que eu não lhe telefonasse. Às vezes, quando voltava do serviço, encontrava seu apartamento remexido demonstrando ter entrado gente; começou a receber telefonemas anônimos com ameaças. Foi ficando nervosa e preocupada (...) Por fim, apareceu morta, caída da janela. Ocorre que ela era muito católica, tinha medo da morte. E antes de se sentir seguida estava gostando muito de Amsterdam. De repente, ela ficou sabendo que se tratava da polícia secreta do Chile. Quanto aos outros, não chegou a saber. Morreu em fevereiro de 1978, com 36 anos de idade”.
Documentos juntados ao processo da CEMDP, como a certidão contendo informações da ABIN e cópias de páginas do Dossiê dos Mortos e Desaparecidos e Desaparecidos comprovam sua militância política, motivo pelo qual teria se exilado, inicialmente no Chile e posteriormente na Holanda. comprovam sua militância política, motivo pelo qual teria se exilado, inicialmente no Chile e posteriormente na Holanda. Dessa forma, acatando a argumentação que apontou a existência de vínculo de causalidade entre as torturas sofridas quando presa no Brasil e o quadro psíquico que a teria levado ao suicídio no exílio, a Comissão Especial acatou o requerimento por unanimidade, seguindo o voto da relatora Márcia Adorno.
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