Nome: Luiz Paulo da Cruz Nunes
Pai: Álvaro Goulart Nunes
Mãe: Lucia da Cruz Nunes
Idade quando desaparecido:
O estudante Luiz Paulo da Cruz Nunes cursava o segundo ano da Faculdade de Medicina da UERJ (à época Universidade do Estado da Guanabara), sendo também estagiário em patologia, quando foi morto, aos 21 anos, no Rio de Janeiro, depois ter sido atingido por um tiro em manifestação estudantil em frente à sua faculdade, no dia 22/10/1968. Internado no próprio Hospital Pedro Ernesto, local da manifestação, com ferimento no crânio, foi operado mas faleceu na mesma data. A necrópsia foi realizada pelos legistas João Guilherme Figueiredo e Nelson Caparelli.
De acordo com o médico Lafayette Pereira, colega de turma de Luiz Paulo, os dois estiveram com cerca de outros 600 alunos protestando contra o regime militar no dia 22/10/1968, à tarde, em frente ao Hospital Pedro Ernesto, no bairro de Vila Isabel, quando um camburão da polícia estacionou em frente aos manifestantes e cinco pessoas armadas com pistolas calibre 45 saltaram e descarregaram suas armas contra eles. Acuados pela estreita porta de entrada para o hospital, não tiveram para onde correr. Cerca de 10 colegas foram baleados, mas o único com gravidade foi Luiz Paulo, atingido na cabeça. “Faleceu na mesa de cirurgia do hospital que ele, ainda jovem, já gostava de frequentar como estudante brilhante que foi. Assisti à luta dos neurocirurgiões para salvar-lhe a vida. Teve duas paradas cardíacas que foram recuperadas e uma terceira, definitiva, às 21 horas”, contou Lafayette. Cópia da certidão de óbito juntada aos autos estabelece como causa mortis: “Ferida penetrante do crânio com destruição parcial do tecido nervoso e hemorragia das meninges”.
O jornal Correio da Manhã de 23/10/1968 estampou: Correio da Manhã de 23/10/1968 estampou: Correio da Manhã Polícia mata estudante a tiros e ataca Hospital das Clínicas. A matéria descreve: “Pela manhã foram realizadas duas passeatas e várias assembléias internas. Depois das 12h os estudantes da UEG foram para a porta do Hospital das Clinicas e estavam inaugurando a estátua Liberdade-68 quando foram atacados por agentes do DOPS, a tiros. Três policiais foram feridos em lutas corporais. Depois do primeiro choque os estudantes foram para dentro do hospital, que funciona junto da Faculdade de Ciências Médicas, em Vila Isabel, e os policiais os cercaram totalmente. Mas numa das salas do hospital a luta continuava: um aluno do segundo ano de Medicina, Luiz Paulo Cruz Nunes, de 23 anos, baleado no crânio, não resistiu a duas horas de operação, respiração artificial e choques elétricos no coração. Às nove da noite, estava morto”.
Para o relator do processo na CEMDP, “as publicações anexadas provaram ter havido o cerco total do Hospital Pedro Ernesto, na parte da tarde do dia 22 de outubro de 1968. Luís Paulo, consoante certidão de óbito, faleceu às 21h40. Tendo ele sobrevivido aos tiros e sofrido longa intervenção cirúrgica, é razoável crer ter sido o mesmo atingido ao entardecer do dia em tela, quando, comprovadamente, a dependência universitária, em que os estudantes se haviam refugiado, já estava cercada pela polícia. Não fere à lógica, portanto, considerar que tenha falecido em dependência policial assemelhada devido ao estado de sítio e cerco total no qual se encontravam”. A CEMDP votou o deferimento do pedido por unanimidade.
Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos. 1ª Edição.Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007.
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