Nome: Luiz Fogaça Balboni
Pai: Luiz Balboni
Mãe: Francisca Áurea Fogaça Balboni
Idade quando desaparecido:
Estudante da Escola Politécnica da USP, onde cursou até o 3° ano, trabalhava como professor e desenhista da Empresa Geotécnica. Passou a infân-cia em São Miguel Arcanjo (SP), onde sua história se perpetua hoje no “Parque do Zizo” (seu apelido familiar), uma área de preservação ambiental que soma 300 hectares de Mata Atlântica original, implantado por seus irmãos com o dinheiro da indenização aprovada pela CEMDP.
Depois de estudar em Itapetininga (SP), Balboni mudou-se para a capital paulista e integrou a Ala Vermelha até março de 1969, quando passou a militar na ALN. Pela versão oficial, teria morrido fuzilado ao resistir à prisão, em São Paulo (SP), em emboscada montada pelos delegados Sérgio Paranhos Fleury, Rubem Tucunduva e Firminiano Pacheco, do DOPS, dia 24/09/1969, nas proximidades da avenida Paulista.
O laudo necroscópico é assinado pelos legistas Irany Novah Moraes e Antônio Valentini. A requisição de exame, datada de 25/09/1969, informa que morreu à 1h30min no Hospital das Clínicas; vem marcada com um T em vermelho, signo que em vários documentos localizados nos arquivos abertos para consulta é associado à palavra terrorista. Dá como histórico: “disparo de arma de fogo a esclarecer”. Seu corpo só deu entrada no necrotério às 17:00 horas do dia 25/09/1969 e foi retirado pela família no dia seguinte, para ser enterrado no cemitério de São Miguel Arcanjo.
Relatório encontrado nos arquivos do DOPS-SP, datado de 09/11/1969 e assinado pelo delegado Ivair Freitas Garcia, descreve o esquema policial montado para matar Carlos Marighella cinco dias antes, pede a promoção de policiais que participaram da operação e faz referência a outras prisões efetuadas, bem como à morte de Luiz Fogaça Balboni, informando que teria ocorrido no Hospital das Clínicas, após ser baleado entre 18 e 18:30 horas na Alameda Campinas.
Na verdade, Luiz Fogaça foi ferido por volta das 15 horas, conforme depoimento prestado por Manoel Cyrillo de Oliveira Neto. Ambos foram surpreendidos pelo cerco policial quando tentavam retirar um veículo que haviam estacionado na área. Manoel conseguiu fugir do cerco montado e relata que, durante a fuga, ouviu Fogaça chamar seu nome. Tinha a camiseta manchada de sangue na altura do peito. Continuava a correr, mas em passo lento. Tentou socorrê-lo, mas em seguida Luiz caiu na calçada.
Buscando melhor documentar os fatos, o relator do processo na CEMDP oficiou ao diretor do Hospital das Clínicas solicitando informações sobre “o horário em que Luiz Fogaça Balboni deu entrada no hospital, causa da morte, laudos etc”. Não tendo a resposta deixado claro o horário de entrada no hospital, foi refeita a solicitação e se obteve, finalmente, a confirmação de que “foi atendido no Pronto Socorro deste Hospital às 18h33min do dia 24.09.1969, quando foi internado, vindo a falecer às 1h30min do dia 25/09/69”.
Provado ficou, portanto, que, apesar de preso com ferimento grave, Luiz Fogaça Balboni permaneceu em poder dos agentes do DOPS por pelo menos três horas, antes de ser encaminhado para o devido socorro médico.
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