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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: Frederico Eduardo Mayr
 
Frederico Eduardo Mayr

Nome: Frederico Eduardo Mayr

Pai: Carlos Enrique Mayr

Mãe: Gertrud Mayr

Idade quando desaparecido:

Dôssie
.
Procedimento administrativo CEMDP
019/96
Nome
Frederico Eduardo Mayr
Data de Nascimento
29/10/1948
Municipio de Nascimento
Timbó (SC)
Status
Morto
Biografia

 

Frederico nasceu em Timbó, no interior de Santa Catarina, área de colonização européia. Ainda criança, foi para o Rio de Janeiro, cursando o primário na escola municipal Dr. Cócio Barcellos, em Copacabana, e o curso ginasial e científico no Colégio Mallet Soares, no mesmo bairro. Foi um escoteiro exemplar, dos sete anos aos dezesseis, na Tropa Baden Powell. Gostava muito da vida em contato com a natureza, dos acampamentos. Praticou pesca submarina na adolescência. Ingressou na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro aos dezoito anos. Seu desempenho foi elogiado tanto pelos professores da faculdade, entre eles Ubi Bava, como por artistas plásticos com quem se relacionava, Ilio Burrini e Ivan Serpa, os mais próximos. Serpa foi o primeiro que lhe ensinou os segredos das tintas e dos pincéis e como dividir o espaço nas telas. Participou coletivamente de sua primeira exposição, apresentando dois trabalhos, aos quinze anos. Em 1969, cursava o segundo ano da faculdade e se dedicava às artes plásticas, quando passou a militar clandestinamente na ALN, participando de ações armadas e sendo condenado pela Justiça Militar. A partir disso, viajou para Cuba, onde recebeu treinamento de guerrilha e se incorporou ao MOLIPO, retornando ao Brasil em 1971.

 

Frederico nasceu em Timbó, no interior de Santa Catarina, área de colonização européia. Ainda criança, foi para o Rio de Janeiro, cursando o primário na escola municipal Dr. Cócio Barcellos, em Copacabana, e o curso ginasial e científico no Colégio Mallet Soares, no mesmo bairro.

Foi um escoteiro exemplar, dos sete anos aos dezesseis, na Tropa Baden Powell. Gostava muito da vida em contato com a natureza, dos acampamentos. Praticou pesca submarina na adolescência. Ingressou na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janei-ro aos dezoito anos. Seu desempenho foi elogiado tanto pelos professores da faculdade, entre eles Ubi Bava, como por artistas plásticos com quem se relacionava, Ilio Burrini e Ivan Serpa, os mais próximos. Serpa foi o primeiro que lhe ensinou os segredos das tintas e dos pincéis e como dividir o espaço nas telas. Participou coletivamente de sua primeira exposição, apresentando dois trabalhos, aos quinze anos.

Em 1969, cursava o segundo ano da faculdade e se dedicava às artes plásticas, quando passou a militar clandestinamente na ALN, partici-pando de ações armadas e sendo condenado pela Justiça Militar. A partir disso, viajou para Cuba, onde recebeu treinamento de guerrilha e se incorporou ao MOLIPO, retornando ao Brasil em 1971.

Frederico foi baleado e preso no dia 23 de fevereiro de 1972, em São Paulo. Levado ao DOI-CODI/SP, apesar de ferido foi visto por presos políticos na chamada cadeira de dragão. Os agentes daquele órgão não tinham dúvidas em relação a quem era o preso e o identificaram claramente na prisão. Os documentos policiais trazem seu nome verdadeiro e, na ficha individual do DOPS, feita pelo Serviço de Identificação do Exército, consta sua foto de frente e de perfil, com data de 24/2/1972, informando sobre a prisão no dia anterior, na avenida Paulista, em São Paulo.

Nessa mesma data, 24/2/1972, teria dado entrada no IML/SP, às 10 horas, após tiroteio com agentes na Rua Pero Correia, Jardim da Glória, conforme requisição de exame enviada pelo DOPS em nome de Eugênio Magalhães Sardinha, contendo no topo da página, em caixa alta, o nome verdadeiro e completo: Frederico Eduardo Mayr. O laudo necroscópico, assinado pelos legistas Isaac Abramovitc e Walter Sayeg no nome falso, repete a versão oficial e sucintamente descreve três tiros, sendo dois de cima para baixo. A foto de seu corpo, localizada no arquivo do DOPS/SP, mostra o rosto e dorso de Frederico, sendo perceptível que não podia ter sido tirada apenas alguns momentos depois da foto da identificação no DOPS, já que aparece muito mais magro e desfigurado.

Nenhuma informação oficial acerca de sua morte foi divulgada e, por isso, na elaboração das listas de mortos e desaparecidos, seus organi-zadores tiveram dúvidas a respeito de enquadrá-lo em qual das duas categorias. Foi através de integrantes do Comitê Brasileiro de Anistia que seus familiares tiveram acesso ao atestado de óbito com nome falso, localizado em processo a que respondia na Justiça Militar. A extinção de sua punibilidade por morte foi comprovada a partir desse documento, sob a identidade falsa de Eugenio Magalhães Sardinha.

Os restos mortais de Frederico foram parar na vala clandestina do Cemitério de Perus e, somente em 1992, após a abertura da vala, sua ossada foi identificada pelo Departamento de Medicina Legal da UNICAMP. Após missa em homenagem na Igreja da Sé, em São Paulo, celebrada por Dom Paulo Evaristo Arns, juntamente com os restos mortais de Helber José Gomes Goulart e Emanuel Bezerra dos Santos, foi trasladado para o jazigo da família, no Rio de Janeiro (RJ) em 13/7/1992.

O jornalista Elio Gaspari, em A Ditadura Escancaradarealça que, naquele período, os órgãos de segurança pareciam não pretender esconder  A Ditadura Escancarada realça que, naquele período, os órgãos de segurança pareciam não pretender esconder  A Ditadura Escancaradaa falsidade de suas notas oficiais, tantas eram as contradições estampadas nos próprios comunicados oficiais sobre a morte de subversivos: “Tamanha onipotência na manipulação da realidade produziria dois casos patéticos (...) Outro ‘cubano’, Frederico Eduardo Mayr, morre três vezes. A primeira, ‘a caminho do hospital’ depois de um tiroteio na avenida Paulista. A segunda, no dia seguinte, fugindo de um ‘ponto’ no Jardim da Glória. A terceira, no mesmo dia, alvejado pelos colegas quando estava dentro de um carro, preso. Na realidade, Mayr foi para o DOI, onde o fotografaram e ficharam, dando-lhe o número 1112. Tinha uma bala alojada debaixo da pele da barriga. O ferimento era tão superfi-cial que se podia apalpar o projétil. Conversava normalmente. Mataram-no com três tiros no peito, perfurando-lhe os dois pulmões”.

Com base em depoimentos de presos políticos que estiveram com Frederico Eduardo Mayr no DOI-CODI/SP, o livro Dos Filhos Deste Solo, de Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio, descreve o martírio desse militante naquela unidade militar, apontando como responsáveis os in-tegrantes da Equipe C – o policial federal Oberdan, o investigador do DOPS Aderval Monteiro, o escrivão de polícia Gaeta e o policial civil Caio, sendo todos comandados pelo vice-chefe Dalmo Lúcio Cirillo e por Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Em São Paulo, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina, foi inaugurado em 1992 um complexo viário na confluência entre a avenida João Dias e a Marginal Pinheiros, contíguo à praça Alceu Amoroso Lima, que é composto de três grandes viadutos, recebendo cada um o nome de um militante assassinado pelos órgãos de repressão política durante o regime militar: Honestino Guimarães, Sônia Moraes Angel Jones e Frederico Eduardo Mayr.

 

Local de morte/desaparecimento
São Paulo (SP)
Organização política ou atividade
MOLIPO
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
08/06/2009
Notação Arquivo Nacional
Publicação no DOU: 25/1/1996
Referências
Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos.Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos. 1ª Edição.Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007.
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