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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: JOÃO CARLOS HAAS SOBRINHO
 
JOÃO CARLOS HAAS SOBRINHO

Nome: JOÃO CARLOS HAAS SOBRINHO

Pai: Ildelfonso Haas

Mãe: Ilma Linck Hass

Idade quando desaparecido: 31 anos

Dôssie
221/96
Procedimento administrativo CEMDP
00005.201796/2016-41
Nome
JOÃO CARLOS HAAS SOBRINHO
Data de Nascimento
24/06/1941
Municipio de Nascimento
São Leopoldo (RS)
Codinome(s)
Juca, José, Antônio, Bula
Status
Desaparecido
Biografia

 

O gaúcho João Carlos cursou o primário e o ginasial no Ginásio São Luiz, em São Leopoldo (RS). O curso científico foi iniciado no Colégio São Jacó, naquela cidade, e concluído no Colégio Anchieta, em Porto Alegre. Em 1959, ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, formando-se em dezembro de 1964. Foi presidente da União Estadual dos Estudantes (RS) e do Centro Acadêmico Sarmento Leite, de sua Faculdade. Trabalhou como médico do Hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre.


Em janeiro de 1966, teria ido para São Paulo com a finalidade de completar seus estudos na área médica. Até 1968 a família recebeu cartas suas. Desde então, não houve mais correspondências. João Carlos passou a viver na clandestinidade. No livro A Ditadura Escancarada, de Elio Gaspari, consta a informação de que Haas teria recebido treinamento militar na China. Ao regressar ao Brasil, morou desde 1967 em Porto Franco, município maranhense na rodovia Belém-Brasília, onde montou um pequeno hospital. Com o crescimento das operações de guerrilha urbana nas grandes cidades brasileiras, em 1969 os órgãos de segurança do regime militar, por equívoco ou contra-informação, publicaram sua foto como sendo participante de uma dessas ações, o que obrigou Haas a mudar-se de Porto Franco, apesar dos protestos
e lágrimas da população local, que o tinha em alto apreço.


Foi viver nas margens do Araguaia, a pouco mais de 200 quilômetros de Porto Franco, sendo conhecido como Juca. Trabalhou como lavrador na posse de Paulo Rodrigues, seu conterrâneo. Jamais abandonou o interesse pela Medicina. Escreveu vários trabalhos sobre malária e leish-maniose, com base em suas pesquisas e experiências. Na guerrilha, era o responsável pelo serviço de saúde. Participou de vários combates, sendo ferido em um deles. Foi morto em 29 ou 30/09/1972 conforme já descrito no caso anterior.

 

No ano de 1979 seus familiares tomaram conhecimento de sua morte pela imprensa alternativa, com a divulgação de uma lista de mortos e desaparecidos políticos. Moradores do Araguaia contam que seu corpo foi exposto em praça pública pelos militares para assustar os moradores da região, muitos dos quais tinham recebido sua ajuda médica. Em setembro de 1990 os familiares de João Carlos foram até Xambioá para tentar localizar seus restos mortais, mas não tiveram êxito. Segundo o Relatório do Ministério do Exército, apresentado em 1993 ao ministro da Justiça Maurício Corrêa, João Carlos Haas, como militante do PCdoB, participou ativamente da guerrilha do Araguaia, onde teria desaparecido em 1972. Mas após a divulgação por Lucas Figueiredo do projeto “Orvil”, em abril de 2007, fica claro que o Exército já possuía informações mais concretas sobre a morte de João Carlos1.

 

João Carlos ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul no início da década de 60, onde se destacou como líder estudantil, sendo eleito presidente do Centro Acadêmico Sarmento Leite, em 1964. Como médico foi residir, em 1967, em Porto Franco/MA, instalando ali um hospital. Com as ações armadas nas cidades, a repressão publicou um cartaz de procurados pela polícia com foto sua, levando-o a abandonar Porto Franco, indo viver, como lavrador, na posse de Paulo M. Rodrigues, seu conterrâneo. Jamais abandonou seus estudos de medicina, tendo escrito vários trabalhos sobre malária e leishmaniose, fruto de suas pesquisas na área. Pertencia ao Destacamento C da Guerrilha, tendo participado de vários combates, sendo ferido em um deles. Foi metralhado e morto em 30/9/72. Seu corpo crivado de balas foi exposto ao público, objetivando com isto amedrontar a população. Mas o resultado foi a transformação dessa encenação macabra em comovente homenagem fúnebre a João Carlos. Diante de uma prisioneira política em Brasília, o general Bandeira de Melo, referindo-se ao fato, disse: “Até depois de morta essa gente faz política contra o governo”2.

 

Local de morte/desaparecimento
.

 

Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
ACE 546/6/72
Referências

 

Biografia

1 BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p.

Descrição (resumo do procedimento administrativo)
 

Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais


Processo: 00005.201796/2016-41
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.


Data da publicação no DOU
04/12/1995
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