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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: JUAN ANTÔNIO CARRASCO FORRASTAL
 
JUAN ANTÔNIO CARRASCO FORRASTAL

Nome: JUAN ANTÔNIO CARRASCO FORRASTAL

Pai: Antônio Carrasco de Bustillo

Mãe: Olga Forrastal de Carrasco

Idade quando desaparecido: 27 anos

Dôssie
...
Procedimento administrativo CEMDP
167/2004
Nome
JUAN ANTÔNIO CARRASCO FORRASTAL
Data de Nascimento
30/01/1945
Municipio de Nascimento
La Paz (Bolívia)
Status
Morto
Biografia

 

Boliviano de La Paz, o estudante Juan Antônio Carrasco Forrastal chegou ao Brasil, junto com o irmão Jorge Rafael, sonhando em se tornar físico. Deixou o Brasil alguns anos depois, com sequelas físicas e mentais irreversíveis, após ser seviciado e ter os órgãos sexuais queimados nas dependências do 2º Exército e no quartel de Quintaúna, em 1968. Tentou tirar a própria vida cortando os pulsos e, passados alguns meses, em 1972, suicidou-se no Hospital da Cruz Vermelha, na Espanha, arrancando os aparelhos que o mantinham vivo. Juan era hemofílico, usuário de uma prótese na perna e sem envolvimento político.

 

A saga dos irmãos Forrastal começou quando Jorge foi preso durante a invasão do 2º Exército ao campus da USP em dezembro de 1968. Jorge, que como o irmão obtivera os primeiros lugares no concurso da embaixada do Brasil na Bolívia para estudos universitários, cursava Engenharia e, na ocasião, dormia no CRUSP, junto com outros professores e funcionários residentes no local. Ao saber do fato, Juan saiu à sua procura e também acabou preso no 2º Exército. A bengala e a perna mecânica foram retiradas e, por ser hemofílico, os golpes recebidos lhe produziram derrames pelo corpo inteiro.

 

Quando descobriram o paradeiro dos filhos, os pais – Olga Forrastal de Carrasco e Antônio Carrasco de Bustilho – que estavam residindo no Brasil, pediram ajuda ao consulado boliviano. Alegando que Juan corria risco de vida devido à sua saúde frágil, o cônsul da Bolívia em São Paulo, Alberto Del Caprio, conseguiu que Juan fosse removido para o Hospital das Clínicas por um tempo, mas ele logo retornou para a guarda do Exército, no Hospital Militar do Cambuci.

 

Mesmo internado, Juan era submetido a torturas psicológicas. Tiros eram disparados na madrugada e ameaças de assassinato dos pais faziam parte da rotina. Transferidos para o quartel de Quitaúna, em Osasco, os irmãos teriam sido estuprados e queimados com cigarro, sob as ordens do Coronel Albin. Libertados alguns dias antes do ano letivo de 1969, Juan e Jorge retornaram para casa. Jorge conseguiu voltar a estudar e formou-se em Engenharia Eletrônica, passando a trabalhar em Curitiba. Um ano depois, morreu em um acidente de carro.

 

Já abalado física e psicologicamente, Juan entrou em uma sucessão de crises e internações. “Não era mais o mesmo. O moço alegre, otimista e confiante, cedera lugar a outro com graves alterações psíquicas, amedrontado com tudo, não podia ver um militar. Mesmo faltando apenas um ano para terminar o curso de Física Nuclear, não queria mais voltar às aulas nem lecionar conforme fazia antes”, relatou Mary Deheza Balderrama, amiga da família, no depoimento prestado à CEMDP. Depois de passar pelo Hospital das Clínicas de São Paulo, a família o levou para a Espanha, na tentativa de recuperá-lo. No dia 28 de outubro de 1972, após 12 dias de internação no Hospital da Cruz Vermelha, em Madrid, entrou em delírio e suicidou-se durante um breve momento em que a mãe havia saído do quarto.

 

Inicialmente, o pedido de reconhecimento do caso de Juan como vítima da ditadura militar ingressou na Comissão, mas nem sequer chegou a ser protocolado, tendo a família sido informada de que a morte por suicídio no exterior, mesmo que resultado de sequelas de tortura, não se enquadrava na Lei nº 9.140/95. Com a ampliação do benefício por meio da Lei nº 10.085, em 2004, os pais solicitaram nova avaliação, sendo então o processo protocolado e deferido por unanimidade em sessão do dia 16/2/2006.

 

Local de morte/desaparecimento
Madri (Espanha)
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Referências

Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos. 1ª Edição.Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007.

Data da publicação no DOU
06/03/2006
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