esqueceu sua senha?

ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: JOSÉ RAIMUNDO DA COSTA
 
JOSÉ RAIMUNDO DA COSTA

Nome: JOSÉ RAIMUNDO DA COSTA

Pai: Manoel Raimundo da Costa

Mãe: Maria Aleixo dos Santos

Idade quando desaparecido: 32 anos

Dôssie
...
Procedimento administrativo CEMDP
094/96
Nome
JOSÉ RAIMUNDO DA COSTA
Data de Nascimento
28/12/1939
Municipio de Nascimento
Recife (PE)
Status
Desaparecido
Biografia
 
O ex-sargento da Marinha José Raimundo da Costa era casado com Gisélia Morais da Costa e tinha dois filhos. Importante dirigente da VPR em 1970 e 1971, conhecido como “Moisés”, participou, segundo informações dos órgãos de segurança, de várias ações armadas, inclusive do seqüestro do cônsul japonês em São Paulo. Foi morto no Rio de Janeiro, em 05/08/1971, após ter sido preso pelo DOI-CODI/RJ.

Apesar de os organismos de segurança terem conhecimento pleno sobre sua verdadeira identidade, José Raimundo foi enterrado sob identidade falsa no Cemitério de Ricardo Albuquerque. No livro de saída de indigentes do IML, ao lado de seu nome, está manuscrita a palavra “subversivo”. Em 01/10/1979, seus restos mortais foram transferidos para um ossuário geral e, entre 1980 e 1981, foram levados para uma vala clandestina.

A versão oficial dos órgãos de segurança sobre a morte de José Raimundo é de que ele reagiu à prisão e foi morto por elementos da Inteligência do Exército, no dia 05/08/1971, em uma travessa próxima à rua Otacílio Nunes, no bairro carioca de Pilares. Em documento localizado no DOPS/RJ, de 05/08/71, o comissário Jayme Nascimento registra que “às 7h - pelo telefone, o coronel Sotero, Oficial de Permanência do C.I.E, comunicou que, em uma travessa próxima à rua Octacilio Nunes, em Pilares, havia sido morto um elemento subversivo de nome José Raimundo da Costa, quando reagiu à prisão numa diligência efetuada por elementos pertencentes ao Serviço de Segurança do Ministério do Exército”.

Entretanto, na mesma data, seu corpo deu entrada no IML/RJ, com o nome de Odwaldo Clóvis da Silva. Ou seja, apesar de já identificado como José Raimundo, sua necropsia foi lavrada com falsa identidade pelos legistas Hygino de Carvalho Hércules e Ivan Nogueira Bastos,que confirmaram a versão oficial de morte em tiroteio. Em laudo do Instituto Carlos Éboli , os peritos registram: “os pulsos da vítima apresentavam hematomas em toda a sua extensão”. Na foto de seu corpo, a olho nu, se pode perceber a marca evidente das algemas que prendiam os pulsos de José Raimundo.

José Raimundo foi uma das vítimas do agente infiltrado José Anselmo dos Santos, o cabo Anselmo. Esse fato foi comprovado por documento localizado no arquivo do DOPS/SP, onde Anselmo menciona seus encontros com José Raimundo e registra as possibilidades de contatos com ele. Inês Etienne Romeu, no relatório que escreveu sobre o período em que esteve seqüestrada no sítio clandestino de Petrópolis (RJ), afirma que, em 04/08/1971, ouviu o carcereiro “Laurindo” informar aos agentes policiais “Bruno” e “César” que José Raimundo havia sido preso numa barreira.

Posteriormente, outro carcereiro, “Dr. Pepe”, lhe disse que José Raimundo foi morto 24 horas após sua prisão, numa encenação montada em uma rua do Rio de Janeiro. O relatório para votação final na CEMDP observou que,  "considerando-se como provas o depoimento de Inês Etienne Romeu, as evidentes marcas de algemas nos pulsos, as contradições entre os documentos do Instituto Carlos Éboli /RJ e do DOPS, o laudo com nome falso e o enterro como indigente e, acima de tudo, o controle a que estava submetido José Raimundo nos contatos com o agente infiltrado José Anselmo e a necessidade extrema de eliminá-lo para poder dirigir a VPR, fica evidenciado que a versão oficial de tiroteio divulgada pelos órgãos de repressão serviu para encobrir o assassinato sob torturas de José Raimundo da Costa”.

Lançado em 2006 e várias vezes premiado, o filme O ano em que meus pais saíram de férias, de Cao Hamburguer, evoca lembranças do diretor em sua infância, quando seus pais, Amélia e Ernest Hamburguer, professores de Física na USP, foram presos em São Paulo como integrantes de um grupo de arquitetos, artistas e intelectuais (entre eles Lina Bo Bardi, Augusto Boal, Flávio Império, Sérgio Ferro e outros) que seriam presos ou perseguidos por ajudarem militantes da VPR e da ALN. A principal acusação contra os pais do cineasta foi, exatamente, ter abrigado em sua residência José Raimundo da Costa e sua esposa, em 1970.
Local de morte/desaparecimento
Rio de Janeiro (RJ)
Organização política ou atividade
VPR
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Data da publicação no DOU
12/02/1996
voltar
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República Setor Comercial Sul - B, Quadra 9, Lote C, Edificio Parque Cidade Corporate, Torre "A", 10º andar, Brasília, Distrito Federal, Brasil CEP: 70308-200c

Atualize o Flash Player