Nome: JOSÉ DALMO GUIMARÃES LINS
Pai: Sadote Pierre Lins
Mãe: Iracema Guimarães Lins
Idade quando desaparecido: 34 anos
José Dalmo ligou-se ao PCB ainda na adolescência e, mais tarde, integrou a Executiva Estadual desse partido em Alagoas. Foi cronista no jornal A Voz do Povo. Visitou Cuba e a União Soviética entre 1962 e 1963, para participar de atividades de formação política. Sua primeira prisão ocorreu em 1964, logo após a deposição de João Goulart. Estudou no Colégio Marista Alagoano e, mais tarde, foi expulso do curso de Direito da Universidade Federal de Alagoas sob acusação de subversão. No início de 1967 foi morar no Rio de Janeiro, junto com sua companheira Maria Luiza Araújo, recém-formada em Medicina. Também trabalhou como representante de laboratórios farmacêuticos. No dia 22/03/1970, o casal teve o apartamento invadido e ambos foram levados para o DOI-CODI/RJ, onde permaneceram incomunicáveis por mais de 30 dias. José Dalmo ficou preso por seis meses e Maria Luiza só foi solta um ano depois.
Documento encaminhado à CEMDP pela Secretaria de Segurança Pública/RJ informou que José Dalmo Guimarães Lins foi identificado e fotografado no dia 18/05/1970, sendo recolhido ao xadrez especial, à disposição do DOPS, para responder a inquérito. No dia 19 prestou declaração e no dia 20 foi removido para o CODI. Segundo certidão da ABIN, em 1963 ele foi processado, acusado de infringir a LSN. O Conselho Permanente de Justiça da 7ª Região Militar, em Recife, julgou a denúncia improcedente e o absolveu das acusações, por precariedade de provas. Em 1969, estava entre ex-presos em liberdade controlados pela Polícia do I Exército.
José Dalmo não conseguiu superar os traumas causados pela prisão. No dia 11/02/1971, Maria Luiza, confinada no Presídio Talavera Bruce, foi informada de que ele havia se jogado da janela da residência do casal, no bairro do Leblon. Dalmo tinha então 37 anos. Maria Luiza foi escoltada ao enterro do marido por soldados do Exército e por policiais. O nome dele não constava do Dossiê dos Mortos e Desaparecidos. O processo foi protocolado após a edição da Lei nº 10.875/04, que passou a abranger os casos de suicídio decorrente de prisão por atividades políticas de oposição ao regime militar. A ele se refere Álvaro Caldas, companheiro de prisão, no livro Tirando o Capuz:
“Apesar de já apresentar sinais de catatonia, de ter os movimentos enrijecidos, ele se esforçava em participar da vida coletiva, integrando-se nas representações teatrais, participando das sessões musicais em que velhas canções como ‘Laranja Madura’ e ‘Jardineira’ eram lembradas. Ou cantando sozinho enquanto andava pela cela, com sua voz forte e sentida: Moon river... O Dalmo não mais se recuperou. As marcas e feridas acumuladas naquela oficina de torturas o atingiram profundamente. Depois de libertado continuou visitando regularmente sua companheira, presa em Bangu, mas era um homem inseguro e nervoso, com crises frequentes. Numa delas, em fevereiro de 1971, suicidou-se, pulando do sexto andar do apartamento onde morava, no Leblon”.
Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos. 1ª Edição.Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007.
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