Nome: JOÃO MASSENA MELO
Pai: Sebastião Massena Melo
Mãe: Olímpia Melo Maciel
Idade quando desaparecido: 55 anos
João Massena Melo, Luiz Ignácio Maranhão Filho e Walter de Souza Ribeiro foram integrantes do Comitê Central do PCB foram presos em São Paulo no mesmo dia, 03/04/1974, e seus nomes integram a lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95.
João Massena Melo era pernambucano de Palmares, filho de pai carpinteiro e de mãe costureira. Começou a se interessar por política ainda na adolescência. Era casado com Ecila Francisca Massena Melo, com quem tinha três filhos. Começou sua militância política entre 1932 e 1933, no Rio de Janeiro, quando trabalhava na Fábrica de Tecidos Nova América. Durante o Estado Novo esteve preso em Fernando de Noronha, convivendo ali com Agildo Barata e Carlos Marighella. Sua liderança no meio operário possibilitou se eleger vereador pelo Partido Comunista, em 1947, no Rio de Janeiro, na época capital da República. Seu mandato foi extinto em 1948 com o fechamento do partido, voltando então a morar em Pernambuco até 1950.
De volta ao Rio de Janeiro, trabalhou como soldador e se integrou ao Sindicato dos Metalúrgicos, o que o levou a ser eleito nas eleições de 1962 deputado estadual na Guanabara, pela legenda do Partido Social Trabalhista (PST). Teve novamente seu mandato interrompido pelo primeiro Ato Institucional, de 09/04/1964, tornando-se um caso singular de representante popular duas vezes cassado. Seis anos depois, voltou a ser preso em 1970, em sua residência, graças à decretação de sua preventiva pela 2ª Auditoria da Marinha, sob acusação de estar reorganizando o clandestino PCB. Foi torturado e ficou preso por dois anos e sete meses entre a Ilha das Flores e a Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Documentos dos órgãos de segurança registram que ele teria feito cursos na União Soviética e que teria recebido várias condenações na Justiça Militar.
Solto em fevereiro de 1973, vinha cuidando de se recuperar do período de prisão e das torturas. Sua mulher, Ecila, avalia que sua libertação foi uma verdadeira armadilha, já que os órgãos de segurança não podiam fazê-lo desaparecer durante cumprimento da ordem judicial de prisão preventiva. Permaneceu com a família até viajar para São Paulo, no dia 19 de março, cidade em que foi preso no dia 03/04/1974, estando desaparecido desde então.
Em 20 de abril, Ecila recebeu em casa a visita do amigo com quem Massena se hospedava em São Paulo, que lhe trouxe, além da maleta com roupas e objetos de uso pessoal, a triste notícia da prisão ocorrida no início do mês. Apesar da intensa busca e dos habeas-corpus impetrados, nenhuma informação foi obtida. Em 25/04/1974, o líder do MDB na Câmara dos Deputados, Laerte Vieira, denunciou da tribuna o seu desaparecimento, sendo acompanhado pelo deputado oposicionista pernambucano Marcos Freire. Na entrevista do ex-sargento Marival Chaves ao jornalista Expedito Filho, da Veja, esse agente do DOI-CODI/SP afirmou que Massena era um dos oito integrantes do PCB que tiveram seus corpos atirados nas águas do Rio Novo, em Avaré (SP).
O jornalista Elio Gaspari colhe vários depoimentos, em A Ditadura Derrotada, examinando a possibilidade de existir algum agente infiltrado no PCB naquele período como explicação para os cinco desaparecimentos ocorridos no início do governo Geisel. Ouviu do dirigente Givaldo Siqueira que ele estava desconfiado da possibilidade de Walter de Souza Ribeiro estar “campanado”. Segue a reconstrução de Gaspari:
“No dia 3 de abril, Ribeiro saiu de uma reunião numa casa em cuja vizinhança havia pessoas consertando a fiação de postes. Foi a um ‘ponto’ conversar com Luís Inácio Maranhão. Ex-deputado estadual no Rio Grande do Norte, defensor da anticandidatura de Ulysses Guimarães à Presidência da República e amigo do cardeal Eugênio Sales, Maranhão era uma espécie de chanceler do Partidão. Encarregava-se dos contatos com parlamentares e com a Igreja. Também iria a esse encontro João Massena Mello, ex-deputado estadual carioca e veterano agitador sindical do PCB. Pagara três anos de cadeia e estava em liberdade fazia pouco mais de um ano. Sumiram todos.(...)
Em 1992 um ex-sargento do Exército, Marival Chaves Dias do Canto, narrou ao repórter Expedito Filho, da revista Veja, uma parte de seus sete anos de serviço na máquina de repressão militar em São Paulo. Segundo ele, Luís Maranhão e João Massena acabaram num cárcere montado numa fazenda da estrada da Granja 20, em Itapevi. Liquidaram-nos com injeções de uma droga destinada a matar cavalos e jogaram seus corpos num rio. Walter de Souza Ribeiro, David Capistrano e José Roman foram levados para a casa que o CIE mantinha em Petrópolis. Esquartejaram-nos”.
Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais
Processo: 00005.200699/2016-31
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.
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