Nome: JOÃO LEONARDO DA SILVA ROCHA
Pai: Mário Rocha
Mãe: Maria Nathália da Silva Rocha
Idade quando desaparecido: 36 anos
Dirigente do Molipo, seu nome integra a lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95. Fez o curso primário em Amargosa, na Bahia, onde moravam seus pais. Estudou o primeiro ano do curso secundário no colégio dos Irmãos Maristas, em Salvador, ingressando em 29/02/1952 no Seminário Católico de Aracajú, onde permaneceu até 1957. Em 1959, aprovado no concurso, tornou-se funcionário do Banco do Brasil em Alagoinhas (BA), cidade em que seus pais passaram a residir. Nesse mesmo ano, começou a lecionar Português e Latim no Colégio Santíssimo Sacramento e na Escola Normal e Ginásio de Alagoinhas.
No inicio de 1962 mudou-se para São Paulo, ainda como funcionário do Banco do Brasil, onde também passou a lecionar aquelas duas matérias em colégios da região do ABC. Era considerado excelente poeta e contista. Ingressou logo depois na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da USP, passando então a engajar-se crescentemente na militância política. Foi diretor da Casa do Estudante, localizada na avenida São João, que abrigava alunos de sua faculdade. Vem de uma testemunha inesperada – o filósofo e articulista Olavo de Carvalho – o depoimento de que, nessa época da Casa do Estudante, João Leonardo realizou excelentes duetos musicais com Arno Preis, que foi morto em fevereiro de 1972 e também pertencia ao MOLIPO.
João Leonardo cursava o último ano de Direito e já integrava a ALN (Agrupamento Comunista de São Paulo), quando foi preso pelo DOPS, no final de janeiro de 1969, no fluxo de prisões de militantes da VPR que mantinham contato com a organização de Marighella. O mesmo Olavo de Carvalho já escreveu mencionando as brutais torturas a que foi submetido o seu amigo daquela época. Os órgãos de segurança acusavam João Leonardo de participar do Grupo Tático Armado dessa organização guerrilheira, tendo participado em 10/08/1968 do rumoroso assalto a um trem pagador na ferrovia Santos-Jundiaí, bem como de outras operações armadas. Foi, inclusive, indiciado no inquérito policial que apurou a execução do oficial do exército norte-americano Charles Chandler, em 12/10/1968, embora não seja apontado como participante direto do comando que realizou a ação.
Em setembro de 1969, com o sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, João Leonardo foi um dos 15 presos políticos libertados e enviados para o México, oficialmente banidos do país. Transferiu-se para Cuba e recebeu treinamento militar naquele país, onde se alinhou com o grupo dissidente da ALN que gerou o MOLIPO.
Retornou ao Brasil em 1971, se estabelecendo numa pequena localidade rural de Pernambuco, São Vicente, que era distrito de Itapetim, sertão do Pajeú, quase divisa com a Paraíba. Raspou totalmente a cabeça e era conhecido como Zé Careca. Tornou-se lavrador, tendo adquirido um pequeno sítio onde trabalhava. Gostava muito de caçar e era exímio atirador. Era muito querido na região e, como tinha habilidades artesanais, fazia brinquedos com que presenteava as crianças. Foi um dos poucos sobreviventes entre os militantes que tentaram construir bases rurais do MOLIPO, entre 1971 e 1972, tanto no oeste da Bahia quanto no norte de Goiás, território atual do Tocantins.
Quando pressentiu que podia ser identificado na região de São Vicente, mudou-se para o interior da Bahia, onde terminaria sendo localizado e morto em junho de 1975, ano em que o MOLIPO e a ALN já não existiam mais e João Leonardo buscava sobreviver e trabalhar. Num choque com agentes policiais que, ainda hoje, é recoberto por densa camada de mistério e informações desencontradas, foi executado por agentes da Polícia Militar da Bahia em Palmas de Monte Alto, entre Malhada e Guanambi, no sertão baiano, margem direita do rio São Francisco, divisa entre Bahia e Minas.
Seu caso foi o último episódio a confirmar a existência de uma verdadeira sentença de pena de morte extra-judicial, decretada pelos órgãos de segurança para todos os banidos que retornassem ao Brasil com a intenção de retomar a luta contra o regime.
Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos. 1ª Edição.Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007.
Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais
Processo: 00005.209310/2015-32
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.
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