Nome: IVAN MOTA DIAS
Pai: Lucas de Souza Dias
Mãe: Nair Mota Dias
Idade quando desaparecido: 29 anos
Seu nome integra a lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95. Era militante da VPR e documentos dos órgãos de segurança o acusam de participação em várias ações armadas no Rio de Janeiro, pelas quais foi processado e julgado à revelia em diferentes auditorias militares, inclusive do sequestro do embaixador suíço no Brasil, concluído em janeiro de 1971, quatro meses antes de sua prisão e desaparecimento.
Natural de Passa Quatro (MG), de uma família presbiteriana, cursou História na Universidade Federal Fluminense e militava no Movimento Estudantil. Deu aulas no curso pré-vestibular da Universidade. Terminaria sua graduação universitária em dezembro de 1968, mas dois meses antes foi preso no 30º Congresso da UNE, em Ibiúna (SP) e, depois de solto, teve a prisão preventiva decretada, passando a viver na clandestinidade. Durante esse período, fazia traduções e morava num quarto alugado em uma pensão próxima à Central do Brasil, no Rio de Janeiro.
Sua prisão ocorreu no dia 15 de maio de 1971, no bairro carioca de Laranjeiras, por agentes do CISA. Alex Polari de Alverga, que estava preso na Base Aérea do Galeão, declarou ter ouvido o serviço de alto-falante da base anunciar a prisão de Ivan, conhecido como “Comandante Cabanos”.
Inês Itiene Romeu, em seu relatório sobre o período em que ficou seqüestrada no sítio clandestino conhecido como “Casa da Morte”, em Petrópolis (RJ), declara que o carcereiro a quem conhecia como “Dr. Guilherme” lhe afirmou que Ivan iria ser preso e, posteriormente, o mesmo agente lhe disse que Ivan tinha sido morto.
Informados, no mesmo dia, por telefonema anônimo, a respeito da prisão do filho, seus pais foram ao Rio de Janeiro para buscar localizá-lo em alguma dependência dos órgãos de segurança. Foram ao DOI-CODI, ao I Exército, à Aeronáutica, ao DOPS, ao Exército em São Paulo e Belo Horizonte. Um habeas-corpus requerido em 22 de junho foi negado. Recorreram à Igreja Presbiteriana, à Igreja Católica, ao Conselho Mundial de Igrejas. Tiveram ajuda do deputado Lysâneas Maciel e também do advogado Marcelo Cerqueira, que seria mais tarde deputado federal pelo Rio de Janeiro.
Sua mãe, Nair Mota Dias, assim descreveu, em 1978, suas buscas e angústias, em depoimento publicado no livro de Reinaldo Cabral e Ronaldo Lapa: “Aí é que eu digo, o problema é o medo. Todo mundo tem medo. O medo traz muita desordem. As pessoas não querem se comprometer, e por isto não dão informações. Ninguém quer se meter, se complicar. Como é que some uma pessoa assim e ninguém viu? Ninguém sabe de nada? (...)Foi depois da morte de Lucas (seu marido, pai de Ivan, em agosto de 1974), quando o general Geisel assumiu, que eu escrevi uma carta para o Lysâneas. Foi em fevereiro, creio, os jornais diziam que o Geisel ia fazer e acontecer, houve uma esperança muito grande naquele momento. O MDB de São Paulo estava recebendo cartas de familiares de pessoas presas ou sequestradas, e eu enviei para o Lysâneas, dizendo que não queria que soltassem meu filho, não; se ele tinha errado, eu queria que ele aparecesse e fosse julgado pelas leis do país. Mesmo pelas leis de exceção. Só queria isso: que ele aparecesse. Aí iria a julgamento. A gente poria um advogado e íamos ver. Mesmo morto, tinha que aparecer o corpo. Alguém tinha de assumir a responsabilidade. O que não podia era uma pessoa sumir de repente e ninguém saber de nada, ninguém se responsabilizar”.
Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos. 1ª Edição.Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007.
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