Nome: ISSAMI NAKAMURA OKANO
Pai: Hideu Okano
Mãe: Sadae Nakamura Okano
Idade quando desaparecido: 29 anos
Tanto quanto nos casos de Thomaz Meirelles, Heleni Guariba, João Massena e vários outros, o desaparecimento de Issami Nakamura Okano sugere que, nas regras definidas pelos porões repressivos do regime militar, além dos banidos que retornassem ao Brasil, também os presos políticos que retomassem a militância clandestina após serem libertados estavam condenados à pena máxima, extra-judicialmente decretada. Por sinal, essa sentença foi explicitamente formulada a dezenas de presos políticos no dia em que eram libertados, quando, depois de assinarem na Auditoria Militar os respectivos termos de soltura, muitas vezes eram levados para uma breve e ilegal passagem pelos órgãos de segurança, onde ouviam o comunicado solene.
Nascido em Cravinhos, cidade vizinha a Ribeirão Preto, no interior paulista, Issami morava em São Paulo e cursava Química na USP quando começou a participar do Movimento Estudantil. Trabalhou como assistente de laboratório no Departamento de Engenharia Química e no Instituto de Física da USP, ambos na Cidade Universitária. Após a decretação do AI-5, na polarização que se seguiu ao acirramento repressivo do regime militar, Issami foi preso pela primeira vez em setembro/outubro de 1969, sendo torturado e indiciado em inquéritos sobre a ALN, da qual era militante, e também da VAR Palmares, por manter relações pessoais e políticas com alguns de seus integrantes.
Foi condenado, em 24/03/1971, a dois anos de reclusão pela Auditoria de Guerra da 2ª CJM de São Paulo. Cumpriu a pena em São Paulo e foi solto do Presídio Tiradentes em outubro daquele ano. Foi novamente preso em 14/05/1974, por agentes do DOI-CODI/SP, em sua casa, e a partir de então desapareceu. É sabido que sua prisão foi consequência do trabalho de infiltração do médico João Henrique Carvalho, conhecido como “Jota”, conforme já explicado neste livro relatório. Na entrevista concedida ao jornalista Expedito Filho, na revista Veja de 18/11/1992, o ex-agente do DOI-CODI/SP Marival Dias Chaves do Canto tornou pública a informação inédita de que Issami foi preso em São Paulo e levado para o Rio de Janeiro, possivelmente para a casa de Petrópolis, que o jornalista Elio Gaspari relata ser conhecida no círculo dos órgãos de segurança como “Codão”.
Issami foi julgado também em outro processo, sendo absolvido em 11/02/1974. No dia 07/02/1975, o já referido comunicado oficial do ministro da Justiça, Armando Falcão informou à nação meramente que Issami tinha sido preso, processado e estava foragido. Essa afirmação foi contestada pelo advogado Idibal Piveta, que denunciou a prisão de Issami pelos órgãos de repressão quando saía de casa, no bairro de Pinheiros, na capital paulista. Segundo o advogado, “ele foi condenado, recorreu da sentença, cumpriu pena, foi solto, voltou a estudar e trabalhar para, então, ser sequestrado”.
O Relatório do Ministério da Marinha, apresentado em 1993 ao ministro da Justiça Maurício Corrêa, informa que Issami teria “desaparecido em 14/05/1974, quando se dirigia de casa para o trabalho”. Seu nome consta da lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95 e também foi conferido a ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos. 1ª Edição.Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007.
Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais
Processo: 00005.215994/2015-10
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.
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