esqueceu sua senha?

ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: HORACIO DOMINGO CAMPIGLIA
 
HORACIO DOMINGO CAMPIGLIA

Nome: HORACIO DOMINGO CAMPIGLIA

Pai: Domingo Argentino Campiglia

Mãe: Dora Pedamonti

Idade quando desaparecido: 31 anos

Dôssie
...
Procedimento administrativo CEMDP
281/96 e 038/02
Nome
HORACIO DOMINGO CAMPIGLIA
Data de Nascimento
06/06/1949
Municipio de Nascimento
Buenos Aires (Argentina)
Status
Desaparecido
Biografia

 

Horacio Domingo e Monica Susana também integravam o Movimento Peronista Montoneros, que mantinha resistência armada à ditadura militar argentina. No dia 12/03/1980, voltavam do exílio para a Argentina, tendo saído da cidade do México na véspera, num vôo da empresa aérea venezuelana Viasa, que fazia conexão em Caracas com um vôo da Varig rumo ao Rio de Janeiro. Usavam passaportes falsos e foram seqüestrados no aeroporto do Galeão.

 

Seus nomes não faziam parte da lista de desaparecidos políticos organizada pela Comissão de Familiares por falta de informações precisas no Brasil, apesar de denúncias quanto ao desaparecimento de Campiglia e Mônica terem sido feitas em 1980 ao Comitê Brasileiro pela Anistia de São Paulo e ao CBS – Comitê Brasileiro de Solidariedade aos Povos da América Latina, que atuou em São Paulo.

 

Como esses desaparecimentos ocorreram em data não abrangida inicialmente pela Lei nº 9.140/95, que fixava 15/08/1979 como marco final do período, os requerimentos foram indeferidos no primeiro julgamento pela CEMDP, sem que fossem escolhidos relatores para o caso. Mas a Comissão Especial fez gestões junto ao governo brasileiro até conseguir que o prazo da lei fosse ampliado em 2002, aprovando-se uma nova redação definida pela Lei 10.536, onde o marco final foi estendido até 05/10/1988, data em que passou a vigorar a nova Constituição do Brasil.

 

Horacio Campiglia nasceu em Buenos Aires em 06/06/1949. Era estudante de Medicina. Casado com Pilar Calveiro, com quem teve duas filhas. Seu desaparecimento recebeu na Conadep argentina o número 3636.

 

Monica era casada com Edgardo Ignácio Binstock com quem teve dois filhos. Edgardo aguardava a mulher no Rio de Janeiro. Desde 2005, Edgardo é o secretario de Direitos Humanos da Província de Buenos Aires. O desaparecimento de Monica Susana recebeu na Conadep o número 0619.

 

Os processos foram analisados em separado, tendo sido deferidos com base nas mesmas provas e argumentações. As denúncias do seqüestro, registradas nos requerimentos apresentados à CEMDP e amplamente divulgadas pela imprensa nacional e Argentina a partir de então, foram comprovadas em 2002, quando o Ministério de Justiça e Direitos Humanos argentino recebeu farta documentação do Departamento de Estado dos EUA relacionada com violações dos Direitos Humanos pelo Estado argentino durante o período de 1975 a 1984.

 

A referida documentação foi tornada pública sob os auspícios do Freedom of Information Act, tornando-se disponível no endereço eletrônico www.foia.state.gov e contém provas sobre o envolvimento de autoridades brasileiras no seqüestro. Entre os documentos tornados públicos, os relatores dos processos na CEMDP destacaram um memorando datado de 07/04/1980, dirigido ao embaixador dos Estados Unidos em Buenos Aires por James J. Blystone, Regional Security Official daquela Embaixada, a respeito de um diálogo mantido com um agente da Inteligência argentina,. Tal documento não cita órgãos ou pessoas, mas implica diretamente os serviços de inteligência brasileiros na operação que resultou no seqüestro dos dois cidadãos argentinos no Rio de Janeiro.

 

James Blystone manteve reunião com um membro do serviço de Inteligência da Argentina para discutir diversos temas. No início, perguntou ‘brincando’ o que tinha acontecido com os dois Montoneros que tinham desaparecido entre o México e o Rio de Janeiro. A fonte respondeu que diria confidencialmente, já que era informação ultra-secreta. Informou então que o Batalhão 601 tinha prendido um Montonero e durante o interrogatório souberam da reunião que ele teria no Rio de Janeiro com membros da organização vindos do México, citando Susana de Binstock e Horacio Campiglia, o quarto ou quinto na estrutura montonera, e que tinha sob sua responsabilidade a totalidade das operações das chamadas TEI - Tropas Especiais de Infantaria – unidade especial dos Montoneros organizada a partir da base no México.

 

Integrantes do Batalhão 601 fizeram contato com seu colega da Inteligência militar brasileira, solicitando permissão para realizar uma operação no Rio de Janeiro. O Brasil deu permissão e uma equipe especial de agentes argentinos, sob o comando operacional do tenente-coronel Román, viajou ao Rio em um C-130 da Força Aérea Argentina, tendo capturado com vida os dois militantes e levando-os sequestrados para a Argentina. Tentando não alertar os Montoneros da operação realizada no Brasil, os argentinos responsáveis pela prisão clandestina ainda cuidaram de hospedar um casal de argentinos num hotel, registrando-os com os documentos falsos de Monica e Horacio, o que terminou deixando rastros do desembarque no Brasil. O documento conclui afirmando que Monica e Horacio estavam presos no Campo de Mayo – centro clandestino de repressão Argentina.

 

Esse memorando representou a prova substancial utilizada pelo juiz argentino Cláudio Bonadío, para proferir sentença que versa sobre o desaparecimento de 20 Montoneros e ordena a prisão preventiva do ex-presidente Leopoldo Galtieri e de outros 26 integrantes dos órgãos de segurança do país vizinho. Os documentos apontam como responsável pelas operações secretas o Batalhão de Inteligência 601, que era comandado pessoalmente por Leopoldo Galtieri.

Local de morte/desaparecimento
Rio de Janeiro (RJ)
Organização política ou atividade
Montoneros
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
...
voltar
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República Setor Comercial Sul - B, Quadra 9, Lote C, Edificio Parque Cidade Corporate, Torre "A", 10º andar, Brasília, Distrito Federal, Brasil CEP: 70308-200c

Atualize o Flash Player