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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: HONESTINO MONTEIRO GUIMARÃES
 
HONESTINO MONTEIRO GUIMARÃES

Nome: HONESTINO MONTEIRO GUIMARÃES

Pai: Benedito Monteiro Guimarães

Mãe: Maria Rosa Leite Monteiro

Idade quando desaparecido: 26 anos

Dôssie
100/96
Procedimento administrativo CEMDP
00005.200684/2016-73
Nome
HONESTINO MONTEIRO GUIMARÃES
Data de Nascimento
28/03/1947
Municipio de Nascimento
Itaberaí (GO)
Status
Desaparecido
Biografia

 

Presidente da UNE depois da interrupção de seu 30º Congresso em Ibiúna e da prisão de Jean Marc von der Weid, Honestino era goiano de Itaberaí e foi casado com Isaura Botelho Guimarães, com quem teve a filha Juliana. Em 1960, sua família se mudou para Brasília quando era inaugurada a nova capital da República, e Honestino se matriculou na quarta série ginasial do Colégio Elefante Branco, apelidado durante o regime militar de Elefante Vermelho, devido ao engajamento político de seus estudantes. Iniciou o colegial nessa escola, concluindo-o no CIEM – Centro Integrado de Ensino Médio. Ainda secundarista, começou a atuar no Movimento Estudantil. Com apenas 17 anos, passou no vestibular de 1965 para cursar Geologia na Universidade de Brasília, obtendo o primeiro lugar entre os vestibulandos de todos os cursos. Seu irmão relata que ele somou 257 pontos num total de 260, sendo que o segundo colocado estava 43 pontos atrás dele.

 

Foi presidente do Diretório Acadêmico da Geologia e durante uma de suas prisões, sem se candidatar, foi eleito presidente da Federação dos Estudantes da Universidade de Brasília (FEUB). Sua primeira prisão ocorreu em 1966 e voltou a ser preso no primeiro semestre de 1968. Em 29/08, a violenta e desastrosa invasão policial do campus da Universidade de Brasília teve como um de seus objetivos localizar Honestino, que foi preso sob intensa pancadaria, enquanto os estudantes queimaram viaturas policiais, ocorrendo detenções em massa.

 

Foi sua prisão mais longa e, depois de solto, passou a viver na clandestinidade, sendo dessa forma impedido de concluir os últimos três meses que faltavam para se formar geólogo. Três dias antes da edição do AI-5, deixou Brasília e se escondeu em Goiânia. A mãe de Honestino relatou que, naquele período, sua casa chegou a ser invadida mais de dez vezes por agentes policiais. Numa dessas invasões de domicílio, Norton, o irmão mais novo de Honestino, de 18 anos, foi levado ao DOPS e, depois, ao Pelotão de Investigações Criminais do Exército, para revelar seu paradeiro. Na luta para soltar Norton, o pai de Honestino ficou praticamente três noites sem dormir e, como conseqüência, dormiu ao volante no trânsito, morrendo em 17/12/1968.

Entre 1969 e 1972, Honestino viveu em São Paulo desempenhando as atividades de dirigente da UNE e militante da AP. No final de 1972, transferiuse para o Rio de Janeiro, onde foi preso pelo CENIMAR em 10/10/1973. Sua mãe o procurou por todos as unidades de segurança e chegou a obter a promessa de que poderia visitá-lo, no PIC de Brasília no Natal daquele ano, o que se comprovou ser mais um engodo. Seu nome consta na lista de desaparecidos políticos do Anexo da Lei nº 9.140/95. Conforme já relatado na apresentação de casos anteriores, Honestino discordou da incorporação da AP ao PCdoB, discutida em 1971 e 1972 e, quando morto, fazia parte da APML, ao lado de Paulo Wright, Umberto Câmara Neto e outros militantes.

 

Antes de ser preso e morto, Honestino escreveu uma mensagem pública intitulada “Mandado de Segurança Popular”, iniciativa imaginada por ele mesmo denunciando que os órgãos de segurança do regime militar já tinham mandado recados de que seria morto se localizado. Divulgado de forma clandestina, principalmente no meio universitário, o documento afirmava:

 

“A minha situação atual é de uma vida na clandestinidade forçada há quase cinco anos. Neste tempo sofri vários processos, alguns já julgados. O resultado desses julgamentos marca com clareza o particular ódio e a tenaz perseguição de que sou objeto. Nada menos de 25 anos em cinco processos. Todos eles, menos um, referentes à minha participação nas lutas estudantis em 1968. Sem maiores provas, sem maiores critérios, estas condenações são algumas das centenas de exemplos a que se viu reduzida a justiça em nosso País. É certo que a justiça, sendo um instrumento de classe, nunca foi exemplo de isenção e imparcialidade. Mas é certo também que nunca chegou a tal grau de distorção. A começar da criação dos tribunais de exceção: os tribunais militares. Depois, a brutalidade das prisões e as maiores violências nas fases dos interrogatórios onde as confissões, forçadas, arrancadas, são obtidas à custa de cruéis torturas como regra geral e dezenas de mortes como resultado. (...) Daí o porquê de não me entregar. Não reconheço nem posso reconhecer como ‘justiça’ o grau de distorção a que se chegou nesse terreno. A justiça a que recorro é a consciência democrática de nosso povo e dos povos de todo mundo”.

 

Em Salvador, em 1979, os 10 mil estudantes universitários que se reuniram no congresso de reconstrução da UNE enfeitaram o ambiente com um gigantesco painel estampando o rosto de Honestino, e deixaram na mesa que presidiu o evento uma cadeira vazia em sua homenagem. O DCE da Universidade de Brasília foi batizado com o seu nome e em 26/08/1997, o reitor João Cláudio Todorov outorgou o título de Mérito Universitário a Honestino Guimarães.

 

O nome de Honestino já foi conferido, em homenagem, a vários equipamentos públicos em diferentes estados. Em São Paulo, a prefeita Luiza Erundina inaugurou o complexo viário João Dias, composto de três viadutos. Um deles recebeu o nome de Honestino Guimarães e os outros dois de Sônia Maria de Moraes Angel Jones e Frederico Eduardo Mayr. Mais recentemente, em 15 de dezembro de 2006, foi inaugurado, ao lado da Catedral de Brasília, o majestoso edifício do Museu Nacional Honestino Guimarães, construído pelo Governo do Distrito Federal e executado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que o inaugurou no dia em que completava 99 anos. Como parte dos preparativos para comemoração do 70º aniversário de fundação da UNE, seus dirigentes planejam lançar oficialmente o Centro de Estudos Honestino Guimarães da União Nacional dos Estudantes.

Local de morte/desaparecimento
Rio de Janeiro (RJ)
Organização política ou atividade
APML
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
...
Descrição (resumo do procedimento administrativo)
 

Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais


Processo: 00005.200684/2016-73
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.


Data da publicação no DOU
04/12/1995
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