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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: EZEQUIAS BEZERRA DA ROCHA
 
EZEQUIAS BEZERRA DA ROCHA

Nome: EZEQUIAS BEZERRA DA ROCHA

Pai: Simplício Bezerra da Rocha

Mãe: Antônia Bulhões Bezerra

Idade quando desaparecido:

Dôssie
...
Procedimento administrativo CEMDP
024/96
Nome
EZEQUIAS BEZERRA DA ROCHA
Data de Nascimento
24/12/1944
Municipio de Nascimento
João Pessoa (PB)
Status
Morto
Biografia

 

Seu nome integra a lista anexa à Lei nº 9.140/95, tendo desaparecido em Recife (/PE). Foi preso em 11/3/1972, por ter emprestado a Miriam Verbena o veículo em que ela e Luís Alberto morreram três dias antes, no misterioso acidente rodoviário já abordado neste livro-relatório.

 

Nascido em João Pessoa e casado com Guilhermina Bezerra da Rocha, Ezequias fez o curso secundário no antigo colégio Estadual de Pernambuco. Era geólogo, formado pela Universidade Federal de Pernambuco em 1968, e se preparava para fazer pós-graduação em Geofísica na Universidade Federal da Bahia. Antes de se graduar, tinha sido escriturário no City Bank. Já como geólogo, trabalhou na Itapassoca Agro-Industrial, na Itapicuru Agro-Industrial e na Profertil. Deu aulas de matemática no colégio de freiras de Socorro, em Pernambuco, e também lecionou Inglês. Ezequias era um opositor do regime militar, mas inúmeros depoimentos de amigos são taxativos em sustentar que, em hipótese alguma, tinha participação em atividades de resistência armada. Segundo sua viúva, ele tinha idéias pacifistas. Depoimento feito por Osvaldo Lima Filho o classifica como apolítico.

 

Em 08/03/1972, Miriam Lopes Verbena, amiga de infância, pediu-lhe emprestado o carro, um Volkswagen. Ela e o marido, Luís Alberto Andrade de Sá e Benevides, eram militantes do PCBR e morreram nas circunstâncias já referidas quando da apresentação de seus casos. Dois dias depois, Ezequias e a esposa foram presos em Recife, quando chegavam à própria residência. Encapuzados, foram levados para local ignorado. Guilhermina foi colocada em uma cela e Ezequias foi para a sala de interrogatórios. Mais tarde, carregado por policiais, Ezequias foi levado para perto da cela da esposa.

 

É de Guilhermina, o relato sobre o ocorrido: “Quando ele passou por mim, carregado por policiais, parecia um farrapo humano, havia sangue por todas as partes do seu corpo. Não conseguia nem ficar em pé. Eu pensei: será que está morto? Com muito esforço perguntei a ele como estava se sentindo. Perguntei muitas vezes para que pudesse obter uma resposta dada com voz forçada: ‘Estou bem, meu amor, tenha calma’. Deve ter desmaiado depois disso porque não ouvi mais nenhum som vindo de lá. Foi esta a última vez que vi e ouvi o meu marido”. Guilhermina foi liberada no dia seguinte. Dois dias depois, a imprensa informava que no município de Escada (PE), na barragem do Bambu (Engenho Massauassu), havia sido encontrado um corpo totalmente mutilado, com inúmeros sinais de tortura. De acordo com as características físicas parecia ser Ezequias, mas a família não pode ver o cadáver, por impedimento da polícia, que dizia tratar-se de pessoa já identificada.

 

Em março de 1991, o governador de Pernambuco, Carlos Wilson, instituiu a Comissão de Pesquisa e Levantamento dos Mortos e Desaparecidos Políticos, que analisou os prontuários do DOPS do Recife, inclusive o de Ezequias. Essa Comissão localizou ofício que encaminhava um corpo ao IML de Recife, procedente de Escada–PE, sendo que no verso constavam as impressões digitais do morto. A Comissão de Pesquisa solicitou ao Secretário de Segurança Pública que fossem confrontadas, por meio de perícia, as impressões digitais constantes no ofício com as de Ezequias. Sendo idênticas as impressões digitais do corpo encontrado e as da carteira de identificação de Ezequias, ficou comprovada sua morte sob torturas e a ocultação de seu cadáver.

 

No Relatório do Ministério da Aeronáutica de 1993, consta que sua prisão aconteceu no dia 11/03/1972, pelo DOI/IV Exército. Na noite daquele dia teria sido conduzido para a região da Cidade Universitária (BR/232) e, nessa ocasião, resgatado por seus companheiros e conduzido num Volkswagen 1300 branco, placa não identificada, apesar de todas as tentativas dos agentes de segurança no sentido de detê-lo. Teria ocorrido um tiroteio, mas não havia dados que comprovassem se estava morto ou desaparecido. O Relatório do Ministério do Exército, do mesmo ano, repete a informação. Mas nem mesmo esta falsa versão oficial foi divulgada na época pelos órgãos de segurança e Ezequias sempre constou da lista de desaparecidos políticos.

 

Local de morte/desaparecimento
...
Organização política ou atividade
Acusado de ajudar o PCBR
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Descrição (resumo do procedimento administrativo)
Lei nº 9.140/95
Data da publicação no DOU
04/12/1995
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