Nome: ELVARISTO ALVES DA SILVA
Pai: Francisco Alves Dias
Mãe: Julieta Alves da Silva
Idade quando desaparecido:
“Elvaristo Alves da Silva – anônimo integrante da comunidade em que vivia, agricultor pobre e sem instrução – era conhecido no distrito de Alto Uruguai, onde residia, pela dedicação ao trabalho necessário ao sustento de numerosa família, pela honestidade e pelo incomum espírito de solidariedade muitas vezes demonstrado. Ativista político, filiado ao Partido Trabalhista, era fervoroso defensor da política desenvolvida por Leonel Brizola, quando governador do Rio Grande do Sul (1958-1962). Suas atividades partidárias e o entusiasmo às vezes demonstrado na defesa de suas idéias jamais chegaram a trazer conseqüências indesejadas à sua vida ou ao seu relacionamento na sociedade, muito menos, à ordem pública”. Foi com essas palavras que o ex-deputado gaúcho Fernando Guedes do Canto definiu Elvaristo em depoimento à Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, em 1995, antes da aprovação da Lei nº 9.140/95.
Esse caso, até então, era desconhecido pelas comissões de familiares e não constava em nenhuma lista ou dossiê de denúncias dos crimes da ditadura. Perseguido pela militância contrária ao regime militar, membro do PTB e conhecido como brizolista ferrenho, Elvaristo chegou a ser preso várias vezes após abril de 1964. Foi morto no 1º Quartel de Cavalaria Motorizada de Santa Rosa (RS), em 23/04/1965, após terficado detido em Três Passos (RS). A versão oficial de sua morte indicou suicídio.
Em março de 1965, o coronel Jefferson Cardin Alencar Osório, na esperança de desencadear um movimento armado contra o regime vigente, iniciou uma ação de guerrilha a partir de Três Passos. A insurgência não recebeu apoio popular digno de registro, nem mesmo no município em que teve origem, nem trouxe qualquer alteração à vida nacional. Contudo, trouxe várias alterações à vida dos habitantes da cidade. Desencadearam-se severas medidas de repressão, várias pessoas foram presas para averiguação de possível envolvimento com os insurgentes. Comerciantes, profissionais liberais, funcionários públicos e agricultores, entre os quais Elvaristo, foram presos em suas residências ou no exercício de suas atividades cotidianas. Sobre eles não pesava acusação alguma, a não ser a suspeita de cumplicidade com a “subversão”. Após a prisão, foram levados para um quartel do Exército no município de Santa Rosa.
Entre os presos, conforme conta Fernando do Canto, Elvaristo mostrava-se mais inconformado, tendo, inclusive, ensaiado uma tentativa de fuga. Por tudo isso, foi retirado da companhia dos demais, que na noite do mesmo dia souberam de seu suicídio por enforcamento. Sua esposa, Eva, foi informada de que Elvaristo teria se enforcado no banheiro da prisão, mas estranhou a presença, em seu corpo, de dois cortes, acima e abaixo do peito.
No momento de sua prisão, em março de 1965, enquanto o pai se vestia para acompanhar os militares, um tenente que o prendia, dizendo imaginar serem caluniosas as acusações apresentadas, pediu-lhe que negasse ser brizolista, que assim logo seria solto. Elvaristo, segundo seu filho Norberto, pediu desculpas, dizendo-lhe ser o tenente uma autoridade e ele, um preso. A seguir afirmou, “mas se o senhor não é homem, eu sou. Nasci neste partido e morro neste partido; se tocar de brigar junto com Brizola, derramamos sangue juntos”. Dez dias depois, a família foi comunicada de sua morte.
A CEMDP não teve como analisar o fato do suicídio, já que não há documentos ou testemunhos capazes de questionar a versão oficial, sendo, entretanto, unânime a votação para inclusão do nome de Elvaristo Alves da Silva entre os beneficiários da Lei nº 9.140/95.
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