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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: DILERMANO MELLO DO NASCIMENTO
 
DILERMANO MELLO DO NASCIMENTO

Nome: DILERMANO MELLO DO NASCIMENTO

Pai: Manoel Roberto do Nascimento

Mãe: Olga Mello do Nascimento

Idade quando desaparecido:

Dôssie
...
Procedimento administrativo CEMDP
188/96
Nome
DILERMANO MELLO DO NASCIMENTO
Data de Nascimento
09/02/1920
Municipio de Nascimento
Paraíba
Status
Morto
Biografia

 

Paraibano de nascimento, afrodescendente e 1º tenente da Reserva do Exército, integrou o 11º Regimento de Infantaria da Força Expedicionária Brasileira, embarcando para a Itália no dia 20/09/1944. Participou da célebre Batalha de Monte Castelo, retornando ao Brasil em 8/5/1945. Economista, integrou a equipe da Sudene e fez cursos na Cepal. Era chefe da Divisão de Administração do Ministério da Justiça, quando foi preso no Rio de Janeiro, no dia 12/08/1964, para responder a inquéritos presididos pelo comandante da Marinha de Guerra, José de Macedo Corrêa Pinto, e pelo coronel do Exército Waldemar Raul Turola. Morreu em 15 de agosto, no intervalo do interrogatório a que estava sendo submetido no 4° andar do edifício do Ministério da Justiça. Seu nome consta no Dossiê dos Mortos e Desaparecidos.

 

Os legistas Cyryaco Bernardino Pereira de Almeida Brandão e Mário Martins Rodrigues determinaram como causa mortis “esmagamento do crânio”. De acordo com a versão oficial, Dilermano saltou da janela do 4º andar do prédio do Ministério da Justiça, no Rio de Janeiro, deixando um bilhete que dizia: “Basta de tortura mental e desmoralização”.

 

O corpo de Dilermano foi retirado do IML por seu irmão, Paulo Mello do Nascimento, sendo sepultado por sua família no Cemitério São João Batista. A viúva, Natália de Oliveira Nascimento, colocou em dúvida a versão policial (Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 11/11/64). Segundo ela, até mesmo o bilhete seria falsificado. O laudo pericial concluiu, por exclusão de provas, que ele foi induzido a saltar da janela do 4° andar, após longo interrogatório, dirigido pelo capitão-de-mar-e-guerra, Correia Pinto. Laudo elaborado pelo perito Cosme Sá Antunes revelou que não houve nenhum elemento que pudesse fundamentar o suicídio. Nem mesmo foram encontradas marcas no parapeito da janela, de onde teria saltado a vítima.

 

Jorge Thadeu Melo do Nascimento, filho de Dilermano, prestou depoimento ao Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, em 3/01/1995, declarando que, no dia 14/8/1964, às 20 horas, quando tinha 15 anos de idade, dois militares à paisana foram a sua casa, convidando-o para visitar seu pai, que se encontrava preso desde o dia 12. Ao chegar lá, o capitão Correia Pinto o obrigou a sentar e não o deixou ver o pai, ameaçando-o: “Se seu pai não confessar, não sairá vivo daqui” e “Se ele não confessar, quem vai pagar por tudo é a família”. Essas ameaças – ao que lhe pareceu – foram dirigidas a seu pai, que deveria estar ouvindo e sabendo da presença do filho. No dia seguinte, soube que Dilermano estava morto.

 

Para o relator na CEMDP – que votou pelo deferimento – “Dilermano morreu por causa não natural em dependência policial ou assemelhada, acusado de atividades políticas”.

Local de morte/desaparecimento
Rio de Janeiro (RJ)
Organização política ou atividade
Não definida
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
...
Data do julgamento
09/04/1996
Resultado do julgamento
Deferido
Data da publicação no DOU
11/04/1996
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