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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: DEVANIR JOSÉ DE CARVALHO
 
DEVANIR JOSÉ DE CARVALHO

Nome: DEVANIR JOSÉ DE CARVALHO

Pai: Ely José de Carvalho

Mãe: Esther Campos de Carvalho

Idade quando desaparecido:

Dôssie
127/96
Procedimento administrativo CEMDP
00005.200669/2016-25
Nome
DEVANIR JOSÉ DE CARVALHO
Data de Nascimento
15/07/1943
Municipio de Nascimento
Muriaé (MG)
Status
Morto
Biografia

 

Operário metalúrgico no ABC paulista, mineiro de Muriaé, Devanir José de Carvalho foi morto em abril de 1971, no dia 5, se merecer crédito a data firmada em seu laudo de necropsia, ou por volta do dia 7 conforme explicado adiante. Conhecido como “Henrique” na vida clandestina, era um dos militantes mais temidos e odiados pelos órgãos de segurança de São Paulo naquele momento, por imputarem a ele participação em algumas ações armadas que resultaram em mortes de policiais ou guardas.

 

Na década de 50, sua família migrou de Minas Gerais para São Paulo em busca de melhores condições de vida. Devanir encontrou trabalho no ABCD paulista quando a indústria automobilística se implantava naquela região. Ainda adolescente, tinha aprendido com o irmão mais velho o ofício de torneiro mecânico e, desde então, passou a trabalhar em empresas metalúrgicas de grande porte, como a Villares e a Toyota, em São Bernardo do Campo.

 

Em 1963, aos 20 anos, casou-se com Pedrina José de Carvalho, com quem teve dois filhos. No mesmo ano, começou a atuar no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, participando de greves. Data desse período sua vinculação ao PCdoB. Após a deposição de Goulart, fugiu da repressão política mudando-se com a família para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como motorista de táxi. Em alguns documentos dos órgãos de segurança do regime militar, consta que ele teria recebido treinamento de guerrilhas na China.

 

Em 1967, rompeu com o PCdoB, alinhado com o grupo dissidente que deu origem à Ala Vermelha. Finalmente, em 1969, liderou nova dissidência nesse grupo para constituir o MRT. Dentre seus irmãos, dois estavam presos desde 1969, processados por militância na Ala Vermelha. Foram banidos do país em janeiro de 1971, em troca do embaixador suíço. Retornaram clandestinamente ao Brasil para retomarem a atividade de resistência armada ao regime e integram a lista de desaparecidos políticos desde 1974: Joel José de Carvalho e Daniel José de Carvalho.

 

Pelo que foi possível reconstituir da morte de Devanir, ainda hoje recoberta de mistério, ele foi recebido por uma rajada de metralhadora quando chegou à uma residência da rua Cruzeiro, no bairro Tremembé, em São Paulo. Levado ao DOPS, onde teria permanecidos dois dias, foi torturado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury.

 

Em seu voto na CEMDP, aprovado por unanimidade, o relator se apoiou no depoimento prestado por Ivan Seixas: “quando fui preso, em 16/04/1971, ouvi vários torturadores do DOI-CODI do II Exército contarem detalhes sobre a morte de ‘Henrique’, codinome de Devanir. Esses torturadores diziam que fariam comigo ‘o que Fleury fez com teu chefe, o Henrique’. Quando fui transferido para o DOPS/SP, ouvi de vários carcereiros e policiais que ‘teu chefe agüentou três dias de tortura e não falou nada’. ...quando fui levado para interrogatório pelo torturador ‘Carlinhos Metralha’ (Carlos Alberto Augusto), ouvi dele que Devanir tinha sido preso ferido e torturado até a morte pelo delegado Fleury”.

 

Num processo judicial a que Devanir respondeu perante a Justiça Militar, advogados teriam visto uma foto do cadáver, não localizada posteriormente, com marca de perfuração de bala na altura do coração e inúmeros ferimentos, em várias partes do corpo, principalmente na cabeça. O laudo da necropsia, assinado pelos médicos legistas João Pagenotto e Abeylard de Queiroz Orsini, confirmou a versão de que o metalúrgico foi morto em tiroteio.

Local de morte/desaparecimento
São Paulo
Organização política ou atividade
MRT
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
...
Descrição (resumo do procedimento administrativo)
 

Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais


Processo: 00005.200669/2016-25
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.


Data do julgamento
29/02/1996
Resultado do julgamento
Deferido
Data da publicação no DOU
06/03/1996
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