Nome: ANDRÉ GRABOIS
Pai: Maurício Grabois
Mãe: Alzira Costa
Idade quando desaparecido: 27 anos
André Grabois, filho do histórico dirigente comunista Maurício Grabois, nasceu no Rio de Janeiro no mesmo ano em que seu pai assumiu a cadeira de deputado constituinte, após a derrocada do Estado Novo. Fez o curso primário na Escola Municipal Pedro Ernesto e o ginásio no Liceu Nilo Peçanha, em Niterói. Desde muito cedo, pelo convívio com militantes comunistas, André interessou-se pelas questões políticas e sociais. A partir de abril de 1964, devido às perseguições movidas contra seus pais Maurício Grabois e Alzira da Costa Reys, foi obrigado a abandonar seus estudos e, com apenas 17 anos, passou a viver na clandestinidade. Na juventude, tornou-se muito amigo de um jovem italiano cuja família residia no Rio de Janeiro, Libero Giancarlo Castiglia, que também se deslocou para o Araguaia e morreu no dia de Natal de 1973.
A vida de militante levou André a viajar ao exterior em 1967, para fazer cursos de capacitação política na China e na Albânia. Foi um dos primeiros a chegar à região do Araguaia, indo para a localidade de Faveira, no início de 1968. Antes chegou a residir em Rondonópolis, onde construiu um campo de futebol e organizou um time. No Araguaia, ficou conhecido como jovem brincalhão, muito apreciador das festas locais. Conheceu ali a militante do PC do B Criméia Almeida, com quem iniciou relacionamento amoroso que viria a gerar um filho, João Carlos, que nasceu na prisão e a quem não chegou a conhecer. André Grabois era o comandante do Destacamento A da guerrilha.
As condições de sua morte já moram relatadas acima, seguindo a narração do Relatório Arroyo, que aponta como data o dia 14 de outubro. O relatório da Aeronáutica afirma que André era, “militante do PCdoB e guerrilheiro no Araguaia”. E o relatório da Marinha registra: “NOV/74, relacionado entre os que estiveram ligados à tentativa de implantação de guerrilha rural, levada a efeito pelo comitê central do PCdoB, em Xambioá. Morto em 13/10/1973”.
No chamado “livro secreto do Exército”, consta na página 783 sobre as três mortes: ”Os subversivos haviam no primeiro combate de encontro com as forças legais sofrido quatro baixas e perdido três depósitos na área da Transamazônica. Haviam morrido no enfrentamento com as ‘forças da repressão’: Joivino Ferreira de Souza (Nunes) – na verdade, Divino –, André Grabois (José Carlos), João Gualberto Calatronio (Zebão) – pertencentes ao Dst A – e Antonio Alfredo Campos (elemento de apoio da área)”.
No livro Operação Araguaia, de Taís Morais e Eumano Silva, consta ainda a informação de que André, antes de morrer, teria participado do assalto a um posto da Polícia Militar de Brejo Grande, na Transamazônica, e que os dois companheiros que morreram com ele estavam vestidos com fardas da PM, subtraídas naquele ataque, que Elio Gaspari computa como o mais ousado ataque efetuado pelos guerrilheiros em todo o período.
No relatório apresentado por quatro procuradores do Ministério Público Federal em 2002, também está registrado: “José Carlos: ANDRÉ GRABOIS, morto em confronto na Fazenda do Geraldo Martins (Município de São Domingos do Araguaia), foi enterrado em uma cova rasa na região do Caçador, próximo à casa do pai de Antônio Félix da Silva”, repetindo-se a mesma informação, em seguida, para João Gualberto Calatroni e Antonio Alfredo Campos1.
Biografia
1 Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à Memória e à Verdade: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos - Brasília : Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. p. 218-9.
Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais
Processo: 00005.201792/2016-63
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