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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: CÉLIO AUGUSTO GUEDES
 
CÉLIO AUGUSTO GUEDES

Nome: CÉLIO AUGUSTO GUEDES

Pai: Julio Augusto Guedes

Mãe: Adosina Santos Guedes

Idade quando desaparecido:

Dôssie
...
Procedimento administrativo CEMDP
320/96
Nome
CÉLIO AUGUSTO GUEDES
Data de Nascimento
20/06/1920
Municipio de Nascimento
Mucugê (BA)
Status
Morto
Biografia

 

Baiano de Mucugê, Célio Augusto foi criado e educado em Salvador, onde se formou em Odontologia. Militou do PCB. e era irmão do jornalista e dirigente daquele partido Armênio Guedes. Ainda estudante, trabalhou como lapidário de pedras semi-preciosas, ofício que aprendeu em casa, e com isso pagou seus estudos e ajudou o sustento da família, depois da morte de seu pai. Adolescente, quando fazia curso complementar para prestar exame vestibular, seguindo a tradição da família, ingressou na célula da Juventude Comunista do Ginásio da Bahia – isso na segunda metade dos anos 30, quando se instalou no País o Estado Novo. Numa panfletagem feita pela célula da Juventude Comunista no Ginásio da Bahia, denunciando violências da ditadura getulista, militantes foram presos e levados para o Dops, onde ficaram detidos e submetidos a interrogatórios por mais de trinta dias. Entre eles, identificado como um dos líderes da “subversão”, estava Célio. Desde então, jamais se afastou da atividade do partido, fosse ela de simples militante ou como membro da direção estadual; tanto nos curtos períodos de legalidade como nos longos e difíceis anos de clandestinidade. Em abril de 1964, a casa de Célio em Salvador foi invadida e saqueada por militares – o que o obrigou à vida clandestina e a mudar-se para o Sul.

 

Nessa época foi indicado para trabalhar no aparelho de segurança da direção nacional do partido. Nesse novo posto, durante vários anos coube a ele a responsabilidade da movimentação de Prestes dentro do País - isso até a saída para o exílio do secretário geral do partido. Em julho de 1972, recebeu a missão de ir num carro do partido a Montevidéu, para encontrar o médico Fued Saad, que voltava de uma viagem ao exterior e devia ingressar clandestinamente no Brasil, tarefa em que Célio estava treinado e havia realizado com êxito em vezes anteriores. Ao cruzar um posto na fronteira, entre Jaraguarão e Rio Branco os dois foram identificados, detidos e transportados em avião diretamente para a sede do Cenimar no Rio de Janeiro onde Célio Guedes, segundo seu irmão Armênio, morreu sob tortura, aos 53 anos, em 15/8/1972. A comunicação do falecimento só foi feita à família quinze dias depois.

 

Seu corpo entrou no IML/RJ pela guia n° 6 do DOPS/RJ e a certidão de óbito registra: “morto às 18h, no Pátio Externo dos fundos do Edifício do Comando do 1° DN”. Assinada pelo legista Gracho Guimarães Silveira, essa certidão confirma a versão oficial de que Célio caiu de uma janela, sofrendo ruptura da aorta, pulmão, fígado, baço e rins. As fotos incluídas no laudo da perícia de local, encontradas no Instituto Carlo Eboli/RJ, mostram várias escoriações pelo corpo, enquanto documentos informam que “a vítima teria se projetado do sétimo andar da janela de um banheiro ali existente”. O corpo foi enterrado pela família no Cemitério São João Batista no dia 30/8/1972. A CEMDP não localizou o laudo necroscópico, nem tampouco o inquérito que obrigatoriamente deveria ter sido instaurado para apuração do suposto suicídio de um preso em dependência militar.

 

A conclusão do relator na CEMDP foi de que a morte de Célio Augusto Guedes, mesmo sendo por suicídio, estava plenamente amparada nos critérios da Lei nº 9.140/95. Constatou em ata a ressalva dos conselheiros Nilmário Miranda e Suzana Keniger Lisbôa, de que não aceitavam a versão oficial de suicídio, em função das lesões visíveis em seu rosto, pela inexistência do laudo necroscópico e pela ausência do inquérito que deveria ter sido instaurado para apuração dos fatos.

Local de morte/desaparecimento
Rio de Janeiro (RJ)
Organização política ou atividade
PCB
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2209
Notação Arquivo Nacional
...
Data do julgamento
01/08/1996
Resultado do julgamento
Deferido
Data da publicação no DOU
05/08/1996
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