Nome: Walter de Souza Ribeiro
Pai: Benedito Ribeiro
Mãe: Maria Natalícia Alves Ribeiro
Idade quando desaparecido:
João Massena Melo, Luiz Ignácio Maranhão Filho e Walter de Souza Ribeiro foram integrantes do Comitê Central do PCB foram presos em São Paulo no mesmo dia, 03/04/1974, e seus nomes integram a lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95.
Walter de Souza Ribeiro era mineiro de Teófilo Otoni e começou seus estudos numa escola pública daquela cidade. Fez o ginasial em Con-ceição do Mato Dentro e ingressou no Curso Preparatório de Cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras, tornando-se 2º tenente em 1950. Sua família morava em Governador Valadares (MG) quando saiu de casa em busca de formação profissional. Casou-se com Adalcy Byrro Ribeiro, com quem teve três filhos: Marcos, Marina e Marcelo.
Foi reformado como oficial do Exército, em 1951, por ter assinado um manifesto contra o uso de armas atômicas e contra o envio de tro-pas brasileiras para a Guerra da Coréia. A exclusão utilizou como motivo “incompatibilidade” para o oficialato. Em 1959 mudou-se para Brasília, ainda em construção, trabalhando como funcionário da Novacap até abril de 1964, quando foi demitido por força do primeiro Ato Institucional. Documentos dos órgãos de segurança o citam como integrante do Comitê Central do PCB e registra uma viagem que teria feito a Cuba em 1963, além de ter sido responsável por cursos de formação política no partido.
Após o seu desaparecimento, a família conseguiu colocar anúncios nos jornais denunciando o fato e participou do encontro dos familiares com o general Golbery. Na resposta do governo, divulgada somente em fevereiro de 1975, a desastrada nota do ministro da Justiça Armando Falcão acusou Walter de ser subversivo, de ser indigno para o oficialato e que havia contra ele mandado de prisão expedido desde 1970, estando foragido.
Indignada com a nota do Ministro, Aldacy protestou contra as calúnias, apresentando documentos que desmentiam o ministro. Havia sido expedida pela 2ª Auditoria do Exército de São Paulo certidão negativa que atestava boa conduta de seu marido. Em seu protesto Aldacy escreveu: “A nota é caluniosa também quando diz que meu marido foi expulso do Exército como indigno. Não existe, até agora, que seja do meu conhecimento e dos meus filhos, nenhuma expulsão e sim reforma pela lei n. 1507-A, de 28 de janeiro de 1950, por incompatibilidade para o oficialato... A reforma de um oficial por incompatibilidade não significa indignidade, conforme declarou o ministro Falcão. Nossa dor já era demasiadamente grande pelo dramático desaparecimento do chefe da nossa família para suportar ainda o peso da difamação que o ministro nos impôs através de toda a imprensa nacional”.
Para a família de Walter, seu desaparecimento, além de revolta e angústia, significou grandes privações inclusive financeiras, uma vez que viúva e filhos não podiam sequer receber o soldo a que tinham direito, uma vez que não existia atestado de óbito.
O jornalista Elio Gaspari colhe vários depoimentos, em A Ditadura Derrotada, examinando a possibilidade de existir algum agente infiltrado no PCB naquele período como explicação para os cinco desaparecimentos ocorridos no início do governo Geisel. Ouviu do dirigente Givaldo Siqueira que ele estava desconfiado da possibilidade de Walter de Souza Ribeiro estar “campanado”. Segue a reconstrução de Gaspari:
“No dia 3 de abril, Ribeiro saiu de uma reunião numa casa em cuja vizinhança havia pessoas consertando a fiação de postes. Foi a um ‘ponto’ conversar com Luís Inácio Maranhão. Ex-deputado estadual no Rio Grande do Norte, defensor da anticandidatura de Ulysses Guimarães à Presidência da República e amigo do cardeal Eugênio Sales, Maranhão era uma espécie de chanceler do Partidão. Encarregava-se dos contatos com parlamentares e com a Igreja. Também iria a esse encontro João Massena Mello, ex-deputado estadual carioca e veterano agitador sindical do PCB. Pagara três anos de cadeia e estava em liberdade fazia pouco mais de um ano. Sumiram todos.(...)
Em 1992 um ex-sargento do Exército, Marival Chaves Dias do Canto, narrou ao repórter Expedito Filho, da revista Veja, uma parte de seus sete anos de serviço na máquina de repressão militar em São Paulo. Segundo ele, Luís Maranhão e João Massena acabaram num cárcere montado numa fazenda da estrada da Granja 20, em Itapevi. Liquidaram-nos com injeções de uma droga destinada a matar cavalos e jogaram seus corpos num rio. Walter de Souza Ribeiro, David Capistrano e José Roman foram levados para a casa que o CIE mantinha em Petrópolis. Esquartejaram-nos”.
Procedimento administrativo de busca, localização e identificação dos restos mortais
Processo: 00005.200705/2016-51
Os familiares poderão solicitar acesso aos detalhes do procedimento através do e-mail desaparecidospoliticos@sdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027 3484.
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