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ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: Vitor Carlos Ramos
 
Vitor Carlos Ramos

Nome: Vitor Carlos Ramos

Pai: Felicindo Ramos

Mãe: Santina Silva Ramos

Idade quando desaparecido:

Dôssie
...
Procedimento administrativo CEMDP
331/96
Nome
Vitor Carlos Ramos
Data de Nascimento
18/01/1944
Municipio de Nascimento
Santos (SP)
Status
Morto
Biografia

 

O escultor Vitor Carlos Ramos iniciou sua participação política em movimentos de esquerda em 1964. Tendo sua prisão decretada no Brasil, entrou ilegalmente no Uruguai em 1969. Morou no Chile até a queda de Salvador Allende, em setembro de 1973, e foi para a Argentina com refugiados brasileiros. Acometido de distúrbios psicológicos, fez tratamento psiquiátrico durante alguns meses. Na Argentina, lecionou artes plásticas, conheceu e passou a viver com Suzana Machado, da Juventude Peronista, que morreu grávida em um duvidoso acidente de carro, pouco tempo antes do casamento já marcado. Aluízio Palmar afirma que, dois meses depois, Vitor se ligou ao grupo de Onofre.

 

 O relator de seu processo na CEMDP, Nilmário Miranda, reconheceu que se tratava de um novo caso de desaparecimento político, pois não constava do Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil. Segundo documentos encontrados nos arquivos do DOPS/RJ, Vitor Políticos no Brasil. Segundo documentos encontrados nos arquivos do DOPS/RJ, Vitor era militante da VPR. Foi indiciado e, de acordo com esses documentos, “encontra-se foragido, foi qualificado indiretamente. É elemento conhecido deste departamento, pois já foi indiciado por inquérito policial por prática de subversão” conhecido deste departamento, pois já foi indiciado por inquérito policial por prática de subversão”. Vários documentos com datas entre . Vários documentos com datas entre 1969 e 1972 mostram que Vitor era procurado pelos órgãos de segurança. Ele também aparece como um dos brasileiros que pediram asilo na Argentina após a deposição de Salvador Allende.

 

Foram anexados ao processo recortes de jornais que mencionam Vitor Carlos Ramos (em alguns casos, Vitor Carlos Silva, ou apenas Vitor) como uma pessoa que participava do grupo liderado por Onofre Pinto. Nilmário Miranda votou pelo deferimento do processo, posição que foi acatada por unanimidade na Comissão Especial. Encerrando esse tópico referente a seis mortes – que podem ter sido sete se incluído o nome de Gilberto Faria Lima –, merece registro uma importante passagem do livro de Elio Gaspari, A Ditadura Derrotada, quando o jornalista analisa as contradições presentes na atitude do chefe do regime Militar a partir de março de 1974, presidente Ernesto Geisel, perante o aparelho de repressão política:

 

Em 1974, chegou ao apogeu a política de extermínio de presos políticos. As versões oficiais já não produziram mortos em tiroteios, fugas ou suicídios farsescos nas cidades. Geisel sabia dessa política. Em janeiro tivera duas conversas com veteranos da luta contra o terrorismo. Uma, com o general Dale Coutinho, quando o convidou para o Ministério do Exército. Dias depois, numa prosa fiada com o chefe de sua segurança, tenente-coronel Germano Arnoldi Pdrozo, Geisel soube que um grupo de pessoas que viera do Chile e passara pela Argentina, havia sido capturado no Paraná. Pedrozo fora ajudante-de-ordens do marechal Castello Branco, passara pelo CIE e merecia do general não só a confiança, mas também estima.

 

‘Pegaram alguns?’, perguntou Geisel.

 

‘Pegamos. Pegamos. Foram pegos quatro argentinos e três chilenos’, respondeu Pedrozo.

 

‘E não liquidaram, não?

 

‘Ah, já, há muito tempo. É o problema, não é? Tem elemento que não adianta deixar vivo, aprontando. Infelizmente, é o tipo de guerra suja em que, se não se lutar com as mesmas armas deles, se perde. Eles não têm o mínimo de escrúpulo’.

 

‘É, o que tem que fazer é que tem que nessa hora agir com muita inteligência, para não ficar vestígio nessa coisa’, falou Geisel.

 

É improvável que Geisel só tenha tratado da matança nas duas conversas registradas, com Pedrozo e Dale Coutinho. Não se conhecem as conversas entre ele e seu irmão Orlando. Sabe-se que no início do governo convocou uma reunião em que o general Milton Tavares de Souza, chefe do CIE, contou, no mínimo, o que a tropa vinha fazendo no Araguaia. Ao defender a permanência de ‘Miltinho’ na chefia do CIE, é certo que Geisel conhecia, apoiava e desejava a continuação da política de extermínio”.

Local de morte/desaparecimento
Medianeira - PR
Organização política ou atividade
VPR
Data do Recolhimento da documentação física para o Arquivo Nacional
06/08/2009
Notação Arquivo Nacional
Publicação no DOU: 03/06/96
Referências
Brasil. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos. 1ª Edição. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007.
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