Nome: Lucimar Brandão Gumarães
Pai: Leovegildo Guimarães
Mãe: Maria Dinah Brandão Guimarães
Idade quando desaparecido:
Lucimar Brandão Guimarães foi militante do PCB, de onde saiu para a dissidência chamada Núcleo Marxista Leninista (NML) e, posteriormente, ligou-se à VAR-Palmares. Passou sua infância em Lambari, no sul de Minas Gerais, onde nasceu. No Rio de Janeiro, foi líder estudantil secundarista, estudou no Colégio Pedro II e participou da Juventude Estudantil Católica. Em fins de 1969, foi morar em Belo Horizonte (MG). Foi preso na capital mineira no dia 26/01/1970, no apartamento onde residia, na avenida Augusto de Lima. Foram presos também Augusto Cezar Sales Galvão, Fortunato da Silva Bernardes e José Roberto Borges Champs.
Lucimar foi visto pelos companheiros quatro dias depois da prisão, quando chegava escoltado à penitenciária Magalhães Pinto, em Ribeirão das Neves (MG). Morreu, aos 21 anos, no dia 31/07/1970, no Hospital Militar de Belo Horizonte, onde teria definhado desde março. Pela versão oficial, a morte foi atribuída a ferimentos sofridos por ocasião de um grave acidente ocorrido com o veículo policial que o transportava e que teria capotado. Essa mesma notícia foi repassada aos companheiros de prisão pelo capitão da PM Pedro Ivo Gonçalves Ferreira, em março de 1970.
Em depoimento, José Roberto Borges Champs afirma que esteve com Lucimar no Presídio Magalhães Pinto, sendo que em 28 de janeiro ele foi levado pelos agentes. Decorrido algum tempo, o capitão Pedro Ivo Gonçalves Ferreira compareceu ao presídio exclusivamente para percorrer as celas e comunicar que Lucimar havia sofrido ferimentos graves em consequência de acidente ocorrido com a viatura policial que o transportava. José Roberto afirmou ainda que, em março do mesmo ano, quando estava no quartel do 8º Batalhão de Guardas da PM, um sentinela lhe contou ter visto Lucimar agonizando, no Hospital Militar, e que ficara impressionado ao saber sua idade, 21 anos, pois imaginara que tivesse mais de 60. Dessa forma, descrevia o quanto era precário o estado físico em que Lucimar se encontrava, coberto de hematomas e imobilizado por estar com a coluna quebrada. A mãe de Lucimar, ao visitar o filho no hospital após o acidente, no qual também se feriram policiais, soube que ele sofrera sevícias. Relatou que tentara transferi-lo para outro hospital, o que considera poderia ter salvado sua vida.
O relator votou pelo deferimento do processo, havendo pedido de vistas após voto em contrário. O pedido de vistas de Paulo Gustavo Gonet Branco pretendeu possibilitar que dois integrantes da CEMDP, ausentes na reunião, também votassem, conforme a praxe observada de evitar que assuntos polêmicos fossem decididos sem o voto de todos os membros do colegiado. Ao acompanhar o voto anterior, Gonet se deteve em examinar se a morte fora ou não por causa natural, conforme os preceitos da Lei nº 9.140/95, concluindo que o acidente causador da morte, conforme a versão das próprias autoridades, se deu durante remoção em veículo policial de um presídio a outro, o que caracteriza claramente o conceito de dependência policial ou assemelhada.
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