Nome: Sérgio Landulfo Furtado
Pai: George de Souza Furtado
Mãe: Diva Landulfo Furtado
Idade quando desaparecido:
Militantes do MR-8, foram presos, de acordo com as informações que puderam ser colhidas, em 11/07/1972, no bairro da Urca, Rio de Janeiro. Há duas versões sobre os fatos: ou foram presos no próprio apartamento em que residiam, ou conseguiram escapar dali e se refugiaram num ônibus que foi interceptado adiante, numa barreira dos agentes dos órgãos segurança que fechava a única saída daquele bairro densamente habitado por oficiais. Foram levados ao DOI-CODI/RJ, sendo torturados e mortos. Os dois nomes integram a lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95.
Sergio nasceu em Serrinha (BA) e foi estudante de Economia da Universidade Federal da Bahia, passando a atuar na clandestinidade desde 1969. Integrou a Dissidência Comunista da Bahia, que se reuniu à Dissidência da Guanabara na constituição do MR-8. Respondeu a diferentes processos na Justiça Militar, sendo julgado à revelia, por participação em várias ações armadas, inclusive o assalto ao carro forte mencionado no parágrafo anterior.
No próprio dia de sua prisão, Sérgio havia telefonado à mãe, para dar-lhe um beijo pelo Dia das Mães já transcorrido. No dia 24/07, seus pais receberam telefonema em Salvador, informando que o filho tinha sido preso no Rio de Janeiro. De imediato viajaram para lá, constituindo como advogado Augusto Sussekind, que impetrou habeas-corpus habeas-corpus junto ao STM. Nunca conseguiram obter respostas sobre o paradeiro de junto ao STM. Nunca conseguiram obter respostas sobre o paradeiro de Sérgio. Estiveram com o general Fiúza de Castro, que negou a prisão, e ainda escreveram ao presidente Emílio Garrastazu Médici mais tarde escreveram ao ministro da Justiça de Ernesto Geisel, Armando Falcão. Nos processos a que respondia como militante do MR-8, Sérgio continuou sendo julgado e foi condenado à revelia em alguns e absolvido em outros.
Denúncias sobre a prisão dos dois militantes foram feitas nas auditorias militares por Paulo Roberto Jabour, Nelson Rodrigues Filho, Manoel Henrique Ferreira e Zaqueu José Bento. Em 1978, o ministro do STM general Rodrigo Octávio Jordão requereu ao tribunal que fosse investigado o desaparecimento de Paulo e Sérgio, mas nada foi apurado.
O livro Desaparecidos Políticos, de Reinaldo Cabral e Ronaldo Lapa, transcreve depoimento do preso político Paulo Roberto Jabour, escrito em 20/2/1979, quando se encontrava recolhido ao Presídio Milton Dias Ferreira, no Rio de Janeiro. Jabur reporta que “Durante o período inicial da minha prisão, tive algumas indicações sobre a prisão e morte de Paulo e Sérgio. Citarei aqui três delas:
1 – Já transferido para o 1º Batalhão de Guardas, em São Cristóvão, fui chamado, certo dia, no começo de agosto de 1972, à presença de um elemento pertencente aos órgãos de segurança que, de posse de uma fotografia de Paulo, pediu que eu o identificasse como sendo o militante que usava o codinome Luís, pois isto, segundo ele, melhoraria a situação de Paulo, seria melhor para ele. Presenciou esta entrevista o major Diogo, S-2 do citado quartel.
2 – Ainda no começo de agosto e no mesmo quartel, fui chamado a prestar depoimento no IPM instaurado para apurar as atividades do MR-8. A certa altura deste depoimento, o encarregado do inquérito, major Oscar da Silva (com o qual eu havia tido o meu primeiro encontro ainda no DOI-CODI, no 1º Batalhão de Polícia do Exército, na rua Barão de Mesquita, durante a fase de torturas) insistiu para que eu nomeasse os militantes do MR-8 que eu conhecia. Tendo eu, em resposta a isso, apenas nomeado os companheiros dados publicamente como mortos ou sabidamente desaparecidos (...), o citado major, à guisa de intimidação, perguntou se eu não gostaria de incluir o nome de Sérgio Landulfo nesta lista.
3 – Respondendo a vários processos, tive que comparecer inúmeras vezes ao DOPS para prestar depoimento. Assim, pude constatar, durante o segundo semestre de 1972, que era voz corrente neste órgão repressivo que Sérgio Landulfo, o Tom, tinha sido morto. Idêntica constatação pode fazer Nelson Rodrigues – também conduzido freqüentemente ao DOPS. A Nelson, o escrivão chamado Bioni confirmou a veracidade da notícia da morte de Sérgio”.
A morte de Sérgio Landulfo Furtado também foi assumida na já mencionada entrevista que um general estreitamente vinculado aos órgãos de segurança do regime militar concedeu à Folha de S. Paulo em 28/01/1979.
Atualize o Flash Player